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Noris Biga Kim Yun - Universidade Presbiteriana Mackenzie : Index

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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011<br />

humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas que mantêm<br />

relações entre si e com os seres humanos. É o que ocorre com os produtos da<br />

mão humana, no mundo das mercadorias. Chamo a isso de fetichismo, que está<br />

sempre grudado aos produtos do trabalho, quando são gerados como mercadorias.<br />

(p. 94)<br />

Marx deste modo criticou o “fetichismo da mercadoria”: “o hábito de, por ação ou omissão,<br />

ignorar ou esconder a interação humana por trás do movimento das mercadorias. Como se<br />

estas, por conta própria, travassem relações entre si a despeito da mediação humana”<br />

(BAUMAN; 2008; p. 22)<br />

Hegel considerava que a História em marcha utilizava-se de uma astúcia, quer seja a de<br />

subordinar o mal a serviço do bem. Tudo conspirava, segundo ele, para o avanço irresistível<br />

da História, mesmo os piores males, “quer se tratasse de violência, da rivalidade entre<br />

nações ou do apetite de poder, tudo conspirava secretamente para a vitória final do logos,<br />

isto é, da razão em marcha” (GUILLEBAUD; 2003; p. 65). Esta marcha era tão poderosa<br />

que até mesmo a ignorância dos homens podia ser, como que por mágica, transformada em<br />

bem. “Se os homens não compreendiam a História que estavam vivendo, nem por isso<br />

deixavam de estar sendo levados, e magnificamente, por seu curso” (GUILLEBAUD; 2003; p.<br />

65) cujo destino último era o pleno desenvolvimento e o expurgo da miséria que sempre<br />

teima em acometer a humanidade. Hegel cria na astúcia da razão histórica, a História é<br />

dotada de razão, como se fosse um ser racional e que conduz o homem poderosa e<br />

irresistivelmente.<br />

Entretanto, a História é um produto humano e nada mais que humano. Ela é construída por<br />

relações sociais deveras complexas e inextricavelmente interconectadas e dinâmicas as<br />

quais não podem ser circunscritas em um objeto, sem correr o risco de fossilizá-la. “Toda<br />

sociedade humana é um empreendimento de construção do mundo” (BERGER; 2004; p. 15).<br />

“A sociedade é um fenômeno dialético por ser um produto humano, e nada mais que um<br />

produto humano, que no entanto retroage continuamente sobre o seu produtor” (idem; p. 15),<br />

produzindo-o. A História no sentido hegeliano de marcha sociocultural é fetichizada por<br />

omitir suas origens profundamente humanas. A concepção hegeliana de História é alienante<br />

porque não é dialética. “O mundo do homem é imperfeitamente programado pela sua<br />

própria constituição. É um mundo aberto. [...] este mundo não é simplesmente dado,<br />

prefabricado para ele. O homem precisa fazer um mundo para si” (idem; p. 18). Hegel<br />

apresenta a História como marcha rumo ao desenvolvimento sociocultural da humanidade, e<br />

deste modo, do próprio homem, concebendo-a como todo-poderosa sobre o destino do<br />

homem e sobre a construção do mundo humano, como se fosse um ente racional<br />

independente do homem. Não reconhece que a História em si é um produto humano e nada<br />

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