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Noris Biga Kim Yun - Universidade Presbiteriana Mackenzie : Index

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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011<br />

O progresso, o bem social, sob a égide do livre mercado produz um efeito colateral de<br />

excluir parte da população em sua marcha. Essa característica é estrutural. Bauman (2005)<br />

atesta:<br />

A produção de “refugo humano”, ou mais propriamente, de seres humanos<br />

refugados (os “excessivos” e “redundantes”, ou seja, os que não puderam ou não<br />

quiseram ser reconhecidos ou obter permissão para ficar), é uma produto<br />

inevitável da modernização, e um acompanhante inseparável da modernidade. É<br />

um inescapável efeito colateral da construção da ordem (cada ordem define<br />

algumas parcelas da população como “deslocadas”, “inaptas” ou “indesejadas”) e<br />

do progresso econômico (que não pode ocorrer sem degradar e desvalorizar os<br />

modos anteriormente efetivos de “ganhar a vida” e que, portanto, não consegue<br />

senão privar seus praticantes dos meios de subsistência. (p. 12)<br />

Gunnar Myrdal, em 1963, criou o conceito de subclasse, o qual designava as “vítimas da<br />

exclusão da atividade produtiva” (BAUMAN, 2008, p. 169). Estas se encontram<br />

desempregadas não por falta de aptidão ou falha moral, “mas pura e simplesmente pela<br />

falta de emprego para todos os que dele necessitavam, desejavam-no e eram capazes de<br />

assumi-lo” (BAUMAN, 2008, p. 169). A subclasse é “um produto coletivo da lógica<br />

econômica” (idem, p. 169).<br />

Como se pode constatar a partir da afirmação de Bauman supracitada, a desigualdade faz<br />

parte inerente da própria lógica do capitalismo. Mais ainda, ela é “uma preferência ou uma<br />

decisão inicial de natureza política. [...] O retorno da desigualdade é uma escolha, isto é um<br />

projeto” (GUILLEBAUD; 2003; p. 155).<br />

Esse projeto é impessoal. Todavia, é o projeto do próprio processo civilizatório. Ele está no<br />

centro do tipo de sociedade que se construiu e de seus valores. Este fato é um grande<br />

contra-censo. “Querendo pôr o egoísmo de cada um a serviço de todos, ela acaba por<br />

legitimá-la. Ou melhor, faz desse egoísmo uma ‘virtude’ econômica e, finalmente uma<br />

‘virtude’ pura e simplesmente” (GUILLEBAUD; 2003; p. 66). Com efeito, promover o bem<br />

estar geral utilizando-se o egoísmo de cada um como o motor principal e único é um<br />

paradoxo. “A democracia de mercado coloca exatamente em seu centro aquilo mesmo que<br />

ameaça sua sobrevivência” (GUILLEBAUD; 2003; p. 66). Construiu-se e desenvolveu-se a<br />

presente sociedade justificando-a com objetivos de promoção do bem estar para a<br />

generalidade do corpo social por meio do eficiente combustível do egoísmo. Isto é o mesmo<br />

que erigir “um ‘mal’ em princípio organizador e faz ipso facto o elogio daquilo mesmo que ela<br />

terá que, simultaneamente, combater” (GUILLEBAUD; 2003; p. 66). Esse projeto moralista,<br />

deste modo, assume caráter quimérico.<br />

O mercado, regido pelo egoísmo, como excelente – segundo o contexto supracitado – motor<br />

organizador social promove um fato inédito: “Já conhecemos alguma vez na História uma<br />

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