Diário reflexivo na formação inicial - CCHLA - Universidade Federal ...

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O diário seria um gênero que se apresenta como um instrumento, no
sentido vygotskiano do termo. Em outras palavras, seria um gênero que
ocorre em função de um fim específico. Isso remete ao seu papel como
ferramenta para alcançar determinados objetivos. O diário seria, assim,
um gênero orientado para a atividade interna, para a organização do
comportamento humano e criação de novas relações com o ambiente. E
essa atividade interna neste estudo seria a reflexão crítica (LIBERALI,
1999, p. 32).
Assim, adotamos a nomenclatura diário reflexivo, tendo em vista que ao fazer uso
desse gênero em contextos de formação inicial ou continuada, temos o objetivo de
desenvolver a reflexão crítica, além de propiciar um espaço importante e pessoal no qual
“[...] o professor/aprendiz/autor pode colocar suas dúvidas, anseios, percepções, questões,
críticas, conflitos - enfim, documentar suas tensões, reflexões e (re) elaborar crenças e
práticas” (REICHMANN, 2007, p. 229).
Nessa direção é importante lembrar determinadas características que o diário
apresenta. Dentre elas, destacamos seu aspecto longitudinal, o que buscamos explorar nesta
pesquisa, tendo em vista que os diários foram produzidos em determinado momento com o
objetivo de registrar as vivências da professora em formação inicial e agora estão sendo
utilizados como objeto de investigação. Esse afastamento do momento de produção para a
análise permite melhor compreensão e crítica dos fatos registrados.
De acordo com Zabalza (2004, p. 142), o diário apresenta duas perspectivas: a
sincrônica e a diacrônica. A sincrônica é “o que aconteceu nesse momento que cada parte
do diário registra”; já a diacrônica é “a forma como vão evoluindo os fatos narrados e
nossa própria experiência”. Nossa análise se constrói de acordo com essa segunda
perspectiva.
Outro aspecto a ser destacado é como pode ser estruturado o diário. Observamos
que ele não possui uma forma preestabelecida; na verdade apresenta uma estrutura
narrativa flexível. Portanto, cabe ao autor, nesse caso o professor, escolher a maneira que o
agrada e os objetivos que se pretende alcançar, pois ao variar a forma mudam-se também
os resultados.
Com relação à finalidade do diário, chamamos atenção para a importância dele
como instrumento de pesquisa em sala de aula, por acreditarmos que dessa forma o
professor pode “[...] diminuir a distância secular entre aqueles que fazem pesquisa – os
experts – e eles mesmos – os que, incansavelmente, tentam aplicar na prática aquilo que os
outros elaboram na teoria” (MEDRADO, 2008, p. 99). Assim como, ao buscar soluções
para os problemas que surgem em sua prática pedagógica, ele deixa de ser apenas