19.04.2013 Views

Séneca. Medeia - Universidade de Coimbra

Séneca. Medeia - Universidade de Coimbra

Séneca. Medeia - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

935<br />

940<br />

946<br />

950<br />

<strong>Séneca</strong><br />

e essa terrível impieda<strong>de</strong>. Que crime expiarão os infelizes?<br />

Delito é ter como pai Jasão e maior <strong>de</strong>lito ainda<br />

ter <strong>Me<strong>de</strong>ia</strong> como mãe. Deixá-los morrer, se não são meus;<br />

<strong>de</strong>ixá-los perecer, se são meus. Neles não há nem crime<br />

[nem culpa,<br />

são inocentes, reconheço-o: também meu irmão o era.<br />

Por que hesitas, minha alma? Por que tenho o rosto<br />

[banhado <strong>de</strong> lágrimas,<br />

por que me puxa a ira para aqui e o amor para ali,<br />

<strong>de</strong>ixando-me dividida? Uma maré <strong>de</strong> dois sentidos<br />

[arrasta-me, hesitante 180 ;<br />

assim como os céleres ventos travam guerras violentas,<br />

e ondas em conflito levam o mar em direcções contrárias,<br />

e as águas fervilham, in<strong>de</strong>cisas, assim o meu<br />

coração vacila. A ira rechaça a pieda<strong>de</strong>,<br />

e a pieda<strong>de</strong>, a ira: ce<strong>de</strong> ao afecto, angústia.<br />

dirigindo-se aos filhos que se aproximam<br />

Vin<strong>de</strong>, querida <strong>de</strong>scendência, única consolação <strong>de</strong> uma casa<br />

arruinada, vin<strong>de</strong> cá e enlaçai os vossos braços<br />

em meu redor. Tenha-vos o vosso pai em segurança,<br />

conquanto também a vossa mãe vos tenha. Mas o exílio<br />

[e a fuga estão iminentes.<br />

Em breve, muito em breve me serão levados, arrancados<br />

[do meu seio,<br />

a chorar e a soluçar: pereçam eles para o carinho do pai,<br />

já pereceram para o da mãe. A angústia cresce <strong>de</strong> novo,<br />

180 O símile marítimo retrata a sua in<strong>de</strong>cisão (cf. a comparação<br />

do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>Me<strong>de</strong>ia</strong> com o mar, v. 121, 166, 755-756).<br />

96

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!