Séneca. Medeia - Universidade de Coimbra
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Ana Alexandra Alves <strong>de</strong> Sousa<br />
Ao fazer-se a vingança acontecer no dia do casamento<br />
interrompe-se no momento certo a felicida<strong>de</strong> dos novos<br />
esposos.<br />
É provável que o poeta latino conhecesse<br />
outras peças baseadas no mito quer anteriores quer<br />
contemporâneas. Ainda entre os Gregos, sabemos<br />
que um tal Néofron compôs uma <strong>Me<strong>de</strong>ia</strong> que po<strong>de</strong>rá<br />
ter influenciado significativamente Eurípi<strong>de</strong>s, sendo<br />
apontado como uma eventual fonte para a i<strong>de</strong>ia do<br />
matricídio que antes do tragediógrafo grego não aparece<br />
no mito. O grego Carcino compôs uma <strong>Me<strong>de</strong>ia</strong> sem<br />
filicídio. Já em língua latina, Énio fez uma versão da<br />
<strong>Me<strong>de</strong>ia</strong>, <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s. O próprio Ovídio, por quem<br />
<strong>Séneca</strong> nutria gran<strong>de</strong> admiração, compôs uma tragédia<br />
assim intitulada e os estudiosos têm colocado a hipótese<br />
<strong>de</strong> esta ter sido <strong>de</strong>cisiva na forma como <strong>Séneca</strong> tratou o<br />
tema. Mas as conclusões a que se po<strong>de</strong>m chegar, tendo<br />
em conta que <strong>de</strong>sta peça apenas nos restam dois versos,<br />
carecem <strong>de</strong> fundamentação sólida.<br />
Do mito volta a ocupar-se Ovídio na carta 12, das<br />
Herói<strong>de</strong>s, escrita por <strong>Me<strong>de</strong>ia</strong> a Jasão, enquanto ouve o<br />
cortejo nupcial; é um momento muito próximo daquele<br />
em que está a viver a personagem no início da tragédia <strong>de</strong><br />
<strong>Séneca</strong>. Ovídio, no livro VII das Metamorfoses (v. 394-<br />
397), conta a história com mais pormenor, mas reserva<br />
apenas quatro versos aos acontecimentos <strong>de</strong> Corinto em<br />
que a tragédia se centra, dizendo:<br />
Mas mal a nova esposa ar<strong>de</strong>u com venenos da Cólquida,<br />
e ambos os mares viram o palácio em chamas,<br />
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