Séneca. Medeia - Universidade de Coimbra
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19<br />
Introdução<br />
Não se sabe ao certo como esta dramatização<br />
chegava a público. A falta <strong>de</strong> testemunhos sobre a<br />
representação teatral convencional conduziu à tese<br />
<strong>de</strong> que o teatro <strong>de</strong> <strong>Séneca</strong> se <strong>de</strong>stinava apenas à<br />
recitação. Há inúmeras notícias <strong>de</strong> que Nero gostava<br />
<strong>de</strong> representar papéis trágicos, mas não se explica<br />
como <strong>de</strong>correria esta “representação”. Seriam festivais<br />
dramáticos habituais, como as Dionisíacas em Atenas,<br />
ou espectáculos especiais produzidos pelo imperador?<br />
Representar-se-iam peças inteiras ou apenas excertos?<br />
Seja como for, as recitações influenciavam o processo<br />
<strong>de</strong> produção literária, pois originavam <strong>de</strong>bates literários,<br />
em que o grupo <strong>de</strong> amigos reunidos sugeria alterações<br />
e correcções ao texto lido. É indiscutível a influência da<br />
retórica sistemática em toda a literatura latina e também<br />
nas tragédias senequianas, nomeadamente na extensão<br />
e ornamentação das falas, na argumentação usada pelas<br />
personagens e até na relevância da linguagem gestual,<br />
que levou José António Segurado e Campos a qualificar<br />
as peças como “expressionistas”. 8<br />
Inserção das tragédias no período argênteo<br />
Depois do <strong>de</strong>nominado período áureo da<br />
literatura latina que se reporta ao séc. I a.C. e inclui<br />
autores como Cícero, Catulo, Horácio, Vergílio, Tibulo,<br />
Propércio, assiste-se, a partir <strong>de</strong> meados do século I, a<br />
um renascimento literário, com Lucano, Valério Flaco,<br />
Estácio e Sílio Itálico a sobressaírem na poesia épica;<br />
Pérsio, Marcial e Juvenal, na poesia satírica; Calpúrnio<br />
8 Segurado e Campos 1987 134.