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Representações de Teatro Clássico no Portugal Contemporâneo

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Coor<strong>de</strong>nação<br />

Maria <strong>de</strong> Fátima Sousa e Silva<br />

<strong>Representações</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong><br />

<strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong><br />

Volume II<br />

Edições Colibri<br />

•<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


REPRESENTAÇÕES<br />

DE TEATRO CLÁSSICO<br />

NOPORTU6ALCONTEMPORÂNEO<br />

VOL.lI<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


REPRESENTAÇÕES<br />

DE TEATRO CLÁSSICO<br />

NOPORTU6ALCONTEMPORÂNEO<br />

"Oh. II<br />

Coor<strong>de</strong>nação<br />

Maria <strong>de</strong> Fátima Sousa e Silva<br />

*<br />

Edições Colibri<br />

*<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


Biblioteca Nacional - Catalogação na Publicação<br />

<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> teatro clássico <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> /<br />

coord. Maria <strong>de</strong> Fátima Sousa e Silva. - 2 v. - (Estudos da<br />

F.L.U.C. ; 35)<br />

2.° v.: p. - ISBN 972-772-227-X<br />

I - Silva, Maria <strong>de</strong> Fátima Sousa e, 1950-<br />

CDU 792(=1.38)(469)"1943/1998"<br />

821.14'02-2<br />

, coord.<br />

Título: <strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong><br />

<strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> - Voz. II<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Maria <strong>de</strong> Fátima Sousa e Silva<br />

Tratamento do texto: Cláudia Raquel Cravo da Silva<br />

Susana Hora Marques<br />

Edição: Edições Colibri<br />

Capa: Ricardo Moita<br />

Depósito legal n.o 124648/98<br />

Tiragem: 1.000 exemplares<br />

Lisboa, Março <strong>de</strong> 2001<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


COORDENAÇÃO<br />

Maria <strong>de</strong> Fátima Sousa e Silva<br />

COLABORADORES<br />

Ana Paula Quintela<br />

Carlos Manuel Ferreira Morais<br />

Carmen Isabel Leal Soares<br />

Cláudia Raquel Cravo da Silva<br />

Delfim Ferreira Leão<br />

Jorge Pereira Nunes do Deserto<br />

José Luís Brandão<br />

José Ribeiro Ferreira<br />

Luísa <strong>de</strong> Nazaré Ferreira<br />

Maria do Céu Zambujo Fialho<br />

Maria Helena da Rocha Pereira<br />

Marta Isabel <strong>de</strong> Oliveira Várzeas<br />

Nu<strong>no</strong> Simões Rodrigues<br />

Paulo Sérgio Ferreira<br />

Susana Hora Marques<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


ÍNDICE<br />

PRÓLOGO ..................................................................................................... 9<br />

ÉSQUILO ....................................................................................................... 11<br />

SÓFOCLES .................................................................................................... 37<br />

EURÍPIDES ................................................................................................... 87<br />

ARISTÓFANES ............................................................................................. 143<br />

CRATINO ...................................................................................................... 159<br />

MENANDRO ................................................................................................. 163<br />

LUCIANO ...................................................................................................... 169<br />

HERONDAS .................................................................................................. 173<br />

TEÓCRITO .................................................................................................... 177<br />

ADAPTAÇÕES DE TEMAS GREGOS ........................................................ 181<br />

PLAUTO ........................................................................................................ 293<br />

SÉNECA ........................................................................................................ 333<br />

TERÊNCIO ...................................................................................................... 339<br />

ADAPTAÇÕES DE TEMAS LATINOS ....................................................... 343<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


PRÓLOGO<br />

A<strong>no</strong>s passados sobre a publicação do primeiro volume <strong>de</strong> <strong>Representações</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong>, é chegado o<br />

momento <strong>de</strong> acrescentar, à informação a esse tempo já recolhida, um<br />

<strong>no</strong>vo e alargado conjunto, que resultou <strong>de</strong> um trabalho interessado <strong>de</strong> um<br />

grupo <strong>de</strong> investigadores, com algumas alterações e <strong>no</strong>vas presenças em<br />

relação ao que assumiu a primeira fase <strong>de</strong> pesquisa. A i<strong>de</strong>ia que <strong>no</strong>rteou<br />

este segundo projecto era a <strong>de</strong> actualizar, antes <strong>de</strong> mais, com o que <strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>vo tivesse entretanto sido representado após o encerramento do material<br />

do volume anterior, os registos já feitos, que <strong>de</strong>veriam, por outro<br />

lado, ultrapassar os limites da última meta<strong>de</strong> do século XX e esten<strong>de</strong>r-se<br />

à sua totalida<strong>de</strong>. Foi ainda repartida a tarefa árdua, até então não claramente<br />

sistematizada, <strong>de</strong> uma consulta <strong>de</strong> jornais e revistas que cobrisse<br />

todo este período temporal. Em resultado, não apenas se tor<strong>no</strong>u evi<strong>de</strong>nte<br />

o acréscimo <strong>de</strong> informação <strong>no</strong> que são os topos cro<strong>no</strong>lógicos do período<br />

<strong>de</strong> que se ocupou o primeiro volume, como sobre os 50 a<strong>no</strong>s já tratados<br />

se pô<strong>de</strong> compilar uma insuspeitada varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produções.<br />

Mais uma vez, para além do esforço <strong>de</strong> pesquisa do grupo que se tem<br />

empenhado neste projecto, foi relevante a colaboração <strong>de</strong> companhias,<br />

grupos <strong>de</strong> teatro, actores, professores ou simples indivíduos que trouxeram<br />

ao <strong>no</strong>sso conhecimento experiências <strong>de</strong> teatro que, sem a sua colaboração<br />

voluntária, ficariam arredadas do <strong>no</strong>sso campo <strong>de</strong> investigação. A<br />

todos os que, com generosida<strong>de</strong>, <strong>no</strong>s <strong>de</strong>ram materiais, informações ou<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> testemunho sobre representações <strong>no</strong> âmbito a que <strong>no</strong>s<br />

<strong>de</strong>dicamos, <strong>de</strong>ixamos aqui expresso o <strong>no</strong>sso mais veemente agra<strong>de</strong>cimento.<br />

Uma palavra <strong>de</strong> gratidão se impõe também aos elementos do grupo<br />

<strong>de</strong> trabalho - Dr:' Cláudia Raquel Cravo da Silva e Susana Hora Marques<br />

- que, para além do esforço <strong>de</strong>dicado à colecção <strong>de</strong> materiais e redacção<br />

<strong>de</strong> <strong>no</strong>tícias, <strong>de</strong>ram à elaboração informática do texto o melhor da sua<br />

experiência e muitas, e por vezes pe<strong>no</strong>sas horas, <strong>de</strong> trabalho.<br />

Sabemos que esta pesquisa não estará nunca completa, estamos certos<br />

<strong>de</strong> que muito po<strong>de</strong>rá ter ficado ausente do percurso que fizemos em<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


110<br />

Eurípi<strong>de</strong>s<br />

Fedra<br />

Produção: Espanha<br />

Data da Produção: 1956<br />

Direcção Cinematográfica: Manuel Mur Oti<br />

La Apresentação: (em <strong>Portugal</strong>) Lisboa, Cinema O<strong>de</strong>on<br />

Data: 20.11.1957.<br />

Elenco: Actores - Emma Penella, Enrique Diosdado, Vicente Parra.<br />

Phedra<br />

Iniciativa: Cinematographo<br />

1. a Apresentação: Porto, Salão Pathé<br />

M.F.S.S.<br />

Data: 8.4.1910<br />

Outras: Porto (Salão Pathé), 9-10.4.1910; Porto (Salão High-Life), 9-10.4.1910,<br />

5.5.1910.<br />

Nos primeiros tempos do cinema, um dos filões mais explorados foi<br />

aquele que dizia respeito aos mitos antigos, exactamente porque assentavam<br />

em enredos com os quais os espectadores, <strong>de</strong> algum modo, já estavam<br />

familiarizados.<br />

Claro que, para além disso, numa forma <strong>de</strong> arte que <strong>de</strong>scobria as<br />

<strong>no</strong>vas virtualida<strong>de</strong>s dos actores, em termos expressivos, através <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

pla<strong>no</strong>s que anulavam a distância em relação ao espectador e que permitiam<br />

uma proximida<strong>de</strong> até aí impossível, faz todo o sentido que fossem<br />

procuradas as gran<strong>de</strong>s histórias <strong>de</strong> amor sofrido legadas pela tradição.<br />

Fedra e o seu amor con<strong>de</strong>nado estariam certamente entre as primeiras<br />

opções. Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser significativo, aliás, que, na <strong>no</strong>tícia do Jornal <strong>de</strong><br />

Notícias que anuncia a estreia, se saliente especificamente o <strong>no</strong>me dos<br />

actores que "<strong>de</strong>sempenham as scenas" ("a famosa Italia Vitaliani e Carla<br />

Duse"), aparentemente italia<strong>no</strong>s. Um dos caminhos da afirmação do<br />

cinema fez-se através da recuperação <strong>de</strong>stes enredos já universais, capazes<br />

<strong>de</strong> contribuir para a afirmação <strong>de</strong> uma linguagem <strong>no</strong>va e, muitas<br />

vezes, olhada com bastante <strong>de</strong>sconfiança.<br />

Jorge do Deserto<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 111<br />

IFIGÉNIA EM ÁULIDE<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Efigénia em Aulis<br />

Produção: E. N. / R. D. P. - teatro radiofónico<br />

Adaptação: Leopoldo Araújo<br />

Data: 1956.<br />

Elenco: Actores - A. da Costa, L. Cerqueira, Alexandre Vieira, José Correia,<br />

B. Bivar, Isabel <strong>de</strong> Carvalho, R. <strong>de</strong> Carvalho.<br />

M. F.S.S.<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, lfigénia em Áuli<strong>de</strong><br />

Produção: RTP<br />

Versão para TV: Álvaro Martins Lopes<br />

Data: 1968.<br />

Elenco: Actores - Ruy <strong>de</strong> Carvalho (Agamém<strong>no</strong>n), Carmen Dolores<br />

(Clitemnestra), Manuela <strong>de</strong> Freitas (Ifigénia), Mário Pereira, Virgílio<br />

Macieira; Direcção <strong>de</strong> Ensaios - Virgílio Macieira; Cenário - António<br />

Botelho; Realização <strong>de</strong> Televisão - Pedro Martins.<br />

Jorge do Deserto<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, lfigénia em Áuli<strong>de</strong><br />

Produção: Piraikon Theatron<br />

L" Apresentação: Lisboa<br />

Data: Agosto <strong>de</strong> 1968<br />

Outras: Estoril (ao ar livre); Porto.<br />

No Verão <strong>de</strong> 1968, a companhia grega Piraikon Theatron fez uma<br />

bem sucedida digressão em <strong>Portugal</strong>, on<strong>de</strong> apresentou as peças Hipólito e<br />

lfigénia em Áuli<strong>de</strong>. Sem pôr em causa a qualida<strong>de</strong> dos espectáculos, elogiada<br />

por vários especialistas, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser curioso sublinhar também<br />

algumas resistências manifestadas, <strong>de</strong> que po<strong>de</strong> servir como exemplo um<br />

texto publicado na revista Vida Mundial (30.8.1968), <strong>no</strong> qual o autor (que<br />

usa as iniciais c.P.) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a representação <strong>de</strong> clássicos numa língua<br />

estranha e ininteligível (tratava-se do grego mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>) se presta aos mais<br />

variados equívocos, já que o público não enten<strong>de</strong> minimamente o que se<br />

está a passar e, <strong>de</strong>sse modo, acaba por per<strong>de</strong>r-se o essencial- que são os<br />

textos.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


112 Eurípi<strong>de</strong>s<br />

Para lá da polémica, evi<strong>de</strong>ntemente datada e fruto <strong>de</strong> uma época em<br />

que o país estava se<strong>de</strong>nto <strong>de</strong> palavras interventivas, fica o registo do<br />

excelente trabalho da companhia grega.<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Efigénia em Áuli<strong>de</strong><br />

Jorge do Deserto<br />

Produção: E. N. / R. D. P. - teatro radiofónico (Programa Noite <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong>)<br />

Adaptação: Leopoldo Araújo<br />

Tradução: Manuel <strong>de</strong> Figueiredo<br />

Direcção <strong>de</strong> Actores: Raúl <strong>de</strong> Carvalho<br />

Data: 2.1.1969.<br />

Elenco: Actores Álvaro Benamor, Manuel Correia, Mário Pereira,<br />

Carmen Dolores, Cremilda Gil, Lur<strong>de</strong>s Lima, José Maria, Assis Pacheco,'<br />

Fernanda Gusmão, Raúl <strong>de</strong> Carvalho.<br />

M.F.S.S.<br />

Anabela Men<strong>de</strong>s, Uma conversa sobre lfigénia<br />

Produção: Grupo <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>de</strong> Letras (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa)<br />

1. 8 Apresentação: Lisboa, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras<br />

Data: 1981-1982.<br />

Ver VoI. I, p.102.<br />

Yannis Ritsos, O Regresso <strong>de</strong> lfigénia<br />

Produção: Lúcia Sigalho, Carlos Pimenta<br />

Encenação: Carlos Pimenta<br />

Tradução: Carlos Porto<br />

1. 8 Apresentação: Lisboa, Estabelecimento Prisional das Mónicas<br />

Data: 25.8.1992.<br />

Ver VoI. I, pp.102-103.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />

M.F.S.S.<br />

Jorge do Deserto


<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> 110 <strong>Portugal</strong> C01lte11lporâ1leo 113<br />

Manuel Lourenzo, Agamém<strong>no</strong>n em Áulida<br />

Produção: Grupo <strong>de</strong> Marionetas, Actores e Objectos (Viana do Castelo)<br />

Encenação: Lucilo Val<strong>de</strong>z<br />

Iniciativa: Festeixo<br />

La Apresentação: Viana do Castelo, Paços do Concelho<br />

Data: 12.1 .2000<br />

Outras: Viana do Castelo (Antigos Paços do Concelho).<br />

Trata-se <strong>de</strong> um espectáculo <strong>de</strong> marionetas, com a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estas contracenarem com um actor, a <strong>de</strong>sempenhar o papel <strong>de</strong> Agamém<strong>no</strong>n,<br />

a figura mais torturada dos acontecimentos <strong>no</strong> porto <strong>de</strong> Áulida, que<br />

levaram ao sacrifício <strong>de</strong> Ifigénia. Este espectáculo leva a efeito algo<br />

muito habitual nestas zonas do <strong>no</strong>rte do país, uma colaboração estreita<br />

com a vizinha região da Galiza, num fenóme<strong>no</strong> em que a evi<strong>de</strong>nte proximida<strong>de</strong><br />

cultural se sobrepõe à inflexibilida<strong>de</strong> das fronteiras.<br />

Elenco: Interpretação e Manipulação - Alexandre Passos; Marionetas -<br />

Jorge Cerqueira; Música Original- Sérgio Echeverri.<br />

Jorge do Deserto<br />

IFIGÉNIA ENTRE OS TAUROS<br />

c. Gluck, lfigénia em Táurida<br />

Produção: Orquestra Sinfónica Nacional<br />

Maestro Director: Georg Solti<br />

La Apresentação: Lisboa, <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos<br />

Data: 1955.<br />

Esta obra <strong>de</strong> C. Gluck foi apresentada, pela primeira vez, em Paris,<br />

<strong>no</strong> Palais Royal, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1779. Reinava Luís XVI e tinha sido exactamente<br />

a rainha, Maria Antonieta, quem chamara a Paris o compositor.<br />

Cento e setenta e seis a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pois chega a <strong>Portugal</strong>, ao <strong>Teatro</strong> Nacional<br />

<strong>de</strong> S. Carlos, pelas mãos <strong>de</strong> uma companhia alemã.<br />

O enredo da ópera segue <strong>de</strong> perto a matriz mítica, tal como foi<br />

cristalizada, por exemplo, na obra <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s. Ifigénia, miraculosamente<br />

salva do sacrifício, é enviada para a Táurida, on<strong>de</strong> se torna sacerdotisa,<br />

ao serviço <strong>de</strong> Toas, e é obrigada a praticar sacrifícios huma<strong>no</strong>s. A<br />

chegada <strong>de</strong> dois estrangeiros, Orestes e Píla<strong>de</strong>s, vai significar a sua salvação<br />

e o regresso à pátria, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> peripécias várias que quase a levam a<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


114 Eurípi<strong>de</strong>s<br />

ser obrigada a sacrificar o irmão, pouco antes <strong>de</strong> um emocionante reconhecimento.<br />

A emoção e a varieda<strong>de</strong> do material mítico são, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo,<br />

ponto <strong>de</strong> partida bastante para um espectáculo cheio <strong>de</strong> interesse.<br />

Elenco: Intérpretes - Martha Herrmann (Diana), Herta Wilfert (Ifigénia),<br />

Hannelore Steffek (Grega), Heinz Imdahl (Orestes), Kurt Wehofschitz<br />

(Píla<strong>de</strong>s), Karl Donch (Toas), Hanna Scholl (1. 8 Sacerdotisa), Germana<br />

<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros (2. 3 Sacerdotisa), Herbert Clauss (Guarda do Templo).<br />

C. Gluck, lfigénia em Táurida<br />

Produção: Companhia <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos<br />

Maestro Director: António <strong>de</strong> Almeida<br />

Libreto: François Guillard<br />

Récita: Temporada <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos <strong>de</strong> 1961.<br />

Ver VoI. I, p.251.<br />

C. Gluck, lfigénia em Táurida<br />

Produção: XIV Festival Gulbenkian <strong>de</strong> Música<br />

Director <strong>de</strong> Orquestra: Gianfranco Rivoli<br />

Encenação: David William<br />

Jorge do Deserto<br />

Aires Ro<strong>de</strong>ia Pereira<br />

L" Apresentação: Lisboa, Gran<strong>de</strong> Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian<br />

Data: 17 e 20.5.1970.<br />

A terceira apresentação em <strong>Portugal</strong> da ópera Ifigénia em Táu rida ,<br />

<strong>de</strong> C. Gluck, representou o ponto culminante <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> comemorações<br />

em honra do compositor, levadas a efeito <strong>no</strong> âmbito do XIV<br />

Festival Gulbenkian <strong>de</strong> Música.<br />

Com encenação <strong>de</strong> David William, e com o papel <strong>de</strong> protagonista<br />

entregue a Regine Crespin, que O Século (17.5.1970) <strong>de</strong>fine como "um<br />

dos maiores <strong>no</strong>mes da cena lírica do <strong>no</strong>sso tempo", esta récita trouxe aos<br />

palcos portugueses a mesma companhia que, em 1965, apresentara, na<br />

Ópera <strong>de</strong> Paris, com assinalável êxito, esta mesma obra <strong>de</strong> Gluck.<br />

Elenco: Intérpretes - Regine Crespin (Ifigénia), Robert Massard, Guy<br />

Chauvet, Louis Quilico, entre outros.<br />

Jorge do Deserto<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


ÍON<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Íon<br />

<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 115<br />

Produção: <strong>Teatro</strong> dos Estudantes da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra (TEUC)<br />

Encenação: Paulo Castro<br />

Tradução: (baseada em) Fre<strong>de</strong>rico Lourenço<br />

L" Apresentação: Coimbra, <strong>Teatro</strong> Gil Vicente<br />

Data: 28.3.1995<br />

Outras: Coimbra (Claustros da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Psicologia), 28.4.1995; Porto (A.<br />

N. Carlos Alberto), 30 e 31.5.1995; Coimbra (<strong>Teatro</strong> Gil Vicente), 15.7.1995;<br />

Portimão (II Encontro Nacional <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> Universitário, Auditório Municipal),<br />

5.10.1995; Alicante e Múrcia (I Bienal Internacional <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> Universitário), 9<br />

e 11.11.1995.<br />

Ver VaI. I, pp.104-105.<br />

MEDEIA<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia<br />

Produção: <strong>Teatro</strong> dos Estudantes da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra (TEUC)<br />

Encenação: Paulo Quintela<br />

Tradução: Maria Helena da Rocha Pereira<br />

La Apresentação: Coimbra, <strong>Teatro</strong> Avenida<br />

Data: 8.6.1955.<br />

Ver VaI. I, pp.105-108.<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia<br />

Produção: Piraikon Theatron<br />

Encenação: Dimitrius Rondiris<br />

Tradução: D. Sarros<br />

L" Apresentação: Lisboa, Cinema Tivoli<br />

Data: 7.5.1963.<br />

Ver VaI. I, pp.109-11O.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />

Jorge do Deserto<br />

Luísa <strong>de</strong> Nazaré Ferreira<br />

Luísa <strong>de</strong> Nazaré Ferreira


116 Eurípi<strong>de</strong>s<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia<br />

Produção: Companhia <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> da Juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goma Oriahovítza (Bulgária)<br />

Encenação: Atanasse Bahtcheva<strong>no</strong>v<br />

L" Apresentação: Porto, Auditório Nacional Carlos Alberto<br />

Data: 26.5.1986.<br />

Ver VaI. I, pp. 110-11 1.<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia<br />

Produção: <strong>Teatro</strong> <strong>de</strong> Papel (Costa da Caparica)<br />

Direcção e Encenação: Yolanda Alves<br />

Luísa <strong>de</strong> Nazaré Ferreira<br />

Tradução: sub-versão <strong>de</strong> Karas, Yolanda Alves e Mónica Truninger, a partir das<br />

traduções <strong>de</strong> Maria Helena da Rocha Pereira e <strong>de</strong> tradutor incógnito<br />

L" Apresentação: Almada, Sala Polivalente da Escola D. António da Costa<br />

Data: 13.7.1993.<br />

Ver VaI. I, pp.112-113.<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia<br />

Produção: Escola Superior <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> e Cinema (Lisboa)<br />

Direcção: Fernanda Lapa<br />

Luísa <strong>de</strong> Nazaré Ferreira<br />

L" Apresentação: Lisboa, Sala <strong>de</strong> Ensaios do <strong>Teatro</strong> Nacional D. Maria II<br />

Data: Fevereiro <strong>de</strong> 1997.<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia<br />

Produção: Aca<strong>de</strong>mia Contemporânea do Espectáculo, Porto (12 Alu<strong>no</strong>s do<br />

Curso <strong>de</strong> Interpretação, 3.° S)<br />

Encenação: Fernanda Lapa<br />

Dramaturgia: Fernanda Lapa<br />

Ce<strong>no</strong>grafia e Figuri<strong>no</strong>s: Direcção <strong>de</strong> Moura Pinheiro<br />

Iluminação: Vítor Correia, com 7 Alu<strong>no</strong>s do Curso <strong>de</strong> Iluminação (r T)<br />

Data: Maio <strong>de</strong> 1998.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />

M.F.S.S.<br />

M.F.S.S.


<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 117<br />

Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia<br />

Produção: National Theatre of Greece<br />

Direcção e Encenação: Niketi Kondouri<br />

Tradução para grego mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>: Yorgos Cheimonas<br />

1. 3 Apresentação: (em <strong>Portugal</strong>) Lisboa, <strong>Teatro</strong><br />

Camões, EXPO 98<br />

Data: 7.7.1998.<br />

No dia em honra da Grécia, o National<br />

Theatre of Greece apresentou na EXPO 98 a<br />

Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, com encenação <strong>de</strong> Niketi<br />

Kondouri. Ao Público <strong>de</strong> 17.7.1998 a encenadora<br />

revelou que aceitara com algum receio o convite<br />

que lhe havia dirigido Nikos Kourdoulos, director<br />

artístico do <strong>Teatro</strong> Nacional da Grécia, uma vez<br />

que a Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s é uma tragédia universal<br />

e uma das mais representadas. Por outro lado,<br />

esta encenação também significava para Kondouri<br />

a sua estreia neste género dramático.<br />

Com um elenco <strong>de</strong> vinte jovens actores gregos, escolhidos pela<br />

própria encenadora, preten<strong>de</strong>u-se recriar "uma 'Me<strong>de</strong>ia' mo<strong>de</strong>rnista, mas<br />

muito concentrada <strong>no</strong> texto <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, que é <strong>de</strong> tirar a respiração."<br />

(Público, 17.7.1998). Assim, a encenação apostou na fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao original<br />

euripidia<strong>no</strong> e na exploração da simplicida<strong>de</strong> do cenário e dos figuri<strong>no</strong>s,<br />

como esclareceu Kondouri ao mesmo jornal: "As vestes, tal como o<br />

cenário, são brancas, vermelhas e pretas, as cores também usadas para<br />

pintar os rostos e braços dos actores".<br />

A estreia <strong>de</strong>sta Me<strong>de</strong>ia ocorreu <strong>no</strong> verão <strong>de</strong> 1997, quando abriu o<br />

Festival <strong>de</strong> Epidauro, na Grécia, e foi representada na Turquia, França,<br />

Austrália e Israel antes <strong>de</strong> chegar à EXPO 98. Ao longo <strong>de</strong>ste percurso, a<br />

encenação foi sofrendo algumas alterações: "Fui sentindo que não precisava<br />

<strong>de</strong> recorrer a tanta coisa, porque o texto é verda<strong>de</strong>iramente <strong>de</strong> cortar<br />

a respiração. Por isso concentrei-me cada vez mais nele. E a peça foi<br />

ficando mais abstracta" (Público, 17.7.1998). Para <strong>de</strong>pois da EXPO 98,<br />

estavam previstas apresentações em Boston, Nova Yorque e Montreal.<br />

Elenco: Actores - Melina Vamvaka (Ama), Meletis Georgiadis (Pedagogo),<br />

Karyophyllia Karambeti (Me<strong>de</strong>ia), Kostas Triandaphyllopoulos<br />

(Creonte), Lazaros Georgakopoulos (Jasão), Aristotelis Aposkitis (Egeu),<br />

Maria Katsiadaki (Mensageiro); Improvisações Vocais - Savina Yannatou;<br />

Coro - Viki Kambouri, Fresi Machera, Zacharoula Eko<strong>no</strong>mou,<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


Mythos<br />

Represelltações <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> 110 <strong>Portugal</strong> COlltemporâlleo 219<br />

Produção: Odin Teatret<br />

Encenação: Eugénio Barba<br />

Iniciativa: XI Escola Internacional <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> e Antropologia<br />

La Apresentação: Montemor-o-Novo, Pavilhão da Escola Secundária<br />

Data: 13-14.9.1998.<br />

Este espectáculo foi apresentado <strong>no</strong> âmbito do programa que constituiu<br />

a XI Escola Internacional <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> e Antropologia, que <strong>de</strong>correu<br />

em Montemor-o-Novo <strong>de</strong> 13 a 20 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1998. Foi seu organizador<br />

Eugénio Barba, que reuniu em Montemor-o-Novo cerca <strong>de</strong> uma<br />

centena <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s em contacto com professores das mais diversas proveniências<br />

(da Europa e Ásia). Esta iniciativa - articulada com a International<br />

School of Theatre Anthropology, sediada em Holstebro, na Dinamarca<br />

- teve como participante <strong>de</strong> relevo o Odin Teatret, fundado e<br />

activo nessa mesma cida<strong>de</strong>. No Pavilhão da Escola Secundária, este<br />

grupo estreou em <strong>Portugal</strong> o espectáculo Mythos; nele participam figuras<br />

como Édipo, Orfeu, Ulisses, Me<strong>de</strong>ia, Dédalo e Cassandra.<br />

Ao fundador <strong>de</strong>ste grupo teatral, Eugénio Barba, referiu-se Manuel<br />

João Gomes (Público, 16.9.1998) como 'uma imaginação libérrima<br />

conjugada com uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materializar o indizível'. Assim,<br />

Mythos revelou-se um espectáculo surpreen<strong>de</strong>nte, on<strong>de</strong> os gran<strong>de</strong>s mitos<br />

gregos, com a autorida<strong>de</strong> que os <strong>de</strong>uses lhes conferiram, cantam uma<br />

'Internacional' <strong>de</strong> louvor ao gran<strong>de</strong> mito mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>, do séc. XX: a<br />

Revolução, personificada num jovem que toca harmónio e canta melodias<br />

heróicas da América Latina.<br />

Envolta em músicas agressivas e em coloridos fortes, a intriga não<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um canto fúnebre a todas as referências <strong>de</strong> uma civilização,<br />

que parece incapaz <strong>de</strong> ultrapassar os marcos das gerações; assim, entre<br />

pais e filhos nada parece existir, como o provam as divergências paradigmáticas<br />

entre Édipo, ou Dédalo, Me<strong>de</strong>ia e os respectivos filhos.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />

M. F.S.S.


220 Adaptações <strong>de</strong> Temas Gregos<br />

Narcissus<br />

Produção: National Film Board, Canadá<br />

Realização: Norman McLaren<br />

1. 8 Apresentação: Lisboa, Centro <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>ma da Fundação Calouste Gulbenkian<br />

Data: 11.11.1984<br />

Outras: Cinenima, Novembro <strong>de</strong> 1984.<br />

o antigo mito grego <strong>de</strong> Narciso é pretexto mais do que suficiente<br />

para que este realizador <strong>de</strong> filmes <strong>de</strong> animação canadia<strong>no</strong> aposte nele<br />

como o tema da sua última produção. Funcionário da National Film<br />

Board do Canadá, Norman McLaren realizou o seu primeiro filme para<br />

aquela instituição em 1941 e encerra a sua carreira em 1984 com este<br />

projecto.<br />

Narcissus teve na sua génese uma equipa técnica e artística <strong>de</strong> luxo a<br />

suportar todo o trabalho. Todavia, não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> se tomar uma obra<br />

polémica para os críticos <strong>de</strong> cinema <strong>de</strong> animação, visto que enquanto<br />

alguns a aceitaram como um estilo perfeitamente enquadrável <strong>no</strong> tipo <strong>de</strong><br />

trabalho do seu realizador, outros recusaram conce<strong>de</strong>r-lhe o estatuto <strong>de</strong><br />

filme <strong>de</strong> animação.<br />

Esta reconstituição do mito <strong>de</strong> Narciso caracteriza-se por uma composição<br />

feita à base <strong>de</strong> imagens tratadas numa impressora óptica, que se<br />

<strong>de</strong>senvolvem perante o espectador ao retardador e ao acelerador, misturando-as<br />

e acrescentando-lhes os mais diversos efeitos especiais.<br />

Vincenzo Bellini, Norma<br />

Produção: Companhia <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos<br />

Maestro Director: Antoni<strong>no</strong> Votto<br />

Libreto: Felice Romani<br />

Récita: Temporada <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos <strong>de</strong> 1948<br />

Data: 25.4.1948.<br />

Nu<strong>no</strong> S. Rodrigues<br />

A Norma <strong>de</strong> Bellini é duplamente uma ópera <strong>de</strong> tema clássico. Em<br />

primeiro lugar, a acção passa-se por volta <strong>de</strong> 50 a. C. e centra-se na figura<br />

<strong>de</strong> uma sacerdotisa gaulesa e nas relações amorosas <strong>de</strong>sta com um oficial<br />

roma<strong>no</strong>. Em segundo lugar, a construção da história <strong>de</strong> Norma parece<br />

<strong>de</strong>ver bastante às Me<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> Séneca. Tendo traído a fi<strong>de</strong>-<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 221<br />

lida<strong>de</strong> ao seu povo, dominado pelas tropas <strong>de</strong> Roma, e os votos que fizera<br />

como sacerdotisa <strong>de</strong> Irminsul, Norma não só se apaixo<strong>no</strong>u por um inimigo<br />

como teve dois filhos <strong>de</strong>le, que escon<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos. Porém, o amor <strong>de</strong><br />

Polião arrefeceu e o pro-cônsul olha agora para uma <strong>no</strong>viça, Adalgisa.<br />

Para evitar que os filhos acabem nas mãos <strong>de</strong> uma madrasta em Roma, ou<br />

como vingança, Norma <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> matar os dois filhos, tal como Me<strong>de</strong>ia faz<br />

para se vingar <strong>de</strong> Jasão. O final é, contudo, diferente. Enquanto a Me<strong>de</strong>ia<br />

euridipiana leva a termo o seu projecto <strong>de</strong> vingança, não poupando nem a'<br />

sua rival nem os próprios filhos, a Norma do libreto <strong>de</strong> Romani <strong>de</strong>siste<br />

das primeiras intenções e acaba por poupar a vida quer dos filhos quer <strong>de</strong><br />

Adalgisa. Em contrapartida, oferece-se a si própria em holocausto na pira<br />

sagrada, imagem da expurgação e purificação dos pecados, a que se junta<br />

Polião.<br />

A história <strong>de</strong> Norma baseia-se num drama escrito por Alexandre<br />

Soumet, em 1831. O tema era bastante popular <strong>no</strong> século XIX, uma lenda<br />

<strong>de</strong> raiz clássica tratada ao gosto do romantismo: a sacerdotisa, obrigada a<br />

votos religiosos, que ama o general inimigo e que por causa <strong>de</strong>sse amor<br />

incorre num sacrilégio, traindo o povo e a divinda<strong>de</strong>. A pena por tal crime<br />

é necessariamente a morte. Como já referimos, a Me<strong>de</strong>ia esteve na base<br />

da concepção do enredo; mas também Os Mártires <strong>de</strong> Chateaubriand, que<br />

tinha como cenário <strong>de</strong> fundo a Gália romana, não foi estranho à narrativa.<br />

A alteração do final tem a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar o sensacionalismo<br />

melodramático provocado pelo assassinato egoísta das crianças i<strong>no</strong>centes<br />

numa tragédia <strong>de</strong> altruísmo e amor legítimo, mas igualmente patética, que<br />

não hesita em fazer-se <strong>de</strong>saparecer para <strong>de</strong>ixar espaço <strong>de</strong> escolha à pessoa<br />

amada. Como referiu Schopenhauer, em Die Welt ais Wille und Vorstellung,<br />

a propósito <strong>de</strong>sta peça, "raramente a consumação trágica da<br />

catástrofe, que traz consigo a resignação e a exaltação espiritual, foi<br />

exposta <strong>de</strong> um modo tão puro e expressa <strong>de</strong> um modo igualmente tão<br />

claro" .<br />

Tal como algumas das mais belas tragédias <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, a Nonna é<br />

fundamentalmente sobre uma mulher e sobre sentimentos femini<strong>no</strong>s. A<br />

mulher forte que controla os guerreiros da tribo, a mulher piedosa que<br />

exalta <strong>no</strong> célebre Casta Diua, a mulher clemente que é capaz <strong>de</strong> perdoar e<br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o amor da sua rival, a mulher <strong>de</strong>terminada que não pára<br />

enquanto não vingar a sua humilhação, nem que seja a custo da sua<br />

própria vida; enfim, uma mulher <strong>de</strong> paixões radicais, como é apropriado a<br />

uma heroína trágica.<br />

A nível musical, esta peça tem sido caracterizada como uma das<br />

primeiras tentativas <strong>de</strong> adaptação do rococó lati<strong>no</strong> ao romantismo. A<br />

Norma <strong>de</strong> Bellini estreou em <strong>Portugal</strong> em 1835, ainda em ambiente <strong>de</strong><br />

guerra civil e <strong>de</strong> eclosão do liberalismo. A produção <strong>de</strong> 1948 trouxe a<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


222 Adaptações <strong>de</strong> Temas Gregos<br />

Lisboa um elenco maioritariamente estrangeiro, <strong>de</strong> que se <strong>de</strong>staca a intérprete<br />

<strong>de</strong> Adalgisa, a cantora Ebe Stignani, que voltará mais tar<strong>de</strong> à capital<br />

portuguesa para cantar o papel <strong>de</strong> Orfeu da ópera <strong>de</strong> Gluck.<br />

Elenco: Intérpretes - Maria Caniglia (Norma), Ebe Stignani (Adalgisa),<br />

Fiorenzo Tasso (Polião), Giulio Neri (Oroveso), Elena Raggi (Clotil<strong>de</strong>),<br />

Maria<strong>no</strong> Caruso (Flávio); Coro do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos; Orquestra<br />

Sinfónica Nacional; Encenação - Mário Frigério; Maestros do Coro­<br />

Mario Pellegrini, Teófilo Russell; Ce<strong>no</strong>grafia - Alfredo Furiga; Direcção<br />

<strong>de</strong> Palco - Filippo Dadó; Ponto - CarIo Pasquali.<br />

Vincenzo Bellini, Norma<br />

Produção: Companhia <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos<br />

Maestro Director: Oliviero <strong>de</strong> Fabritiis<br />

Libreto: Felice Romani<br />

Récita: Temporada <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos <strong>de</strong> 1967<br />

Data: 10 e 12.3.1967.<br />

Nu<strong>no</strong> S. Rodrigues<br />

Esta ópera voltou a ser apresentada em Lisboa em 1967, na qual<br />

cantaram <strong>no</strong>mes como Radrnila Bakocevic e Fiorenza Cossotto. A direcção<br />

<strong>de</strong> Oliviero <strong>de</strong> Fabritiis e <strong>de</strong> Abílio <strong>de</strong> Mattos e Silva obe<strong>de</strong>ceu aos<br />

câ<strong>no</strong>nes que têm orientado a encenação da Norma <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a representação<br />

<strong>de</strong> 1839, em Lisboa, valorizando-se os aspectos civilizacionais da Gália<br />

romana, ao mesmo tempo que se prescindiu das concepções ce<strong>no</strong>gráficas,<br />

clássico-góticas, que presidiram à montagem da ópera até então.<br />

Elenco: Intérpretes - Radrnila Bakocevic (Norma), Fiorenza Cossotto<br />

(Adalgisa), Eugenio Fernandi (Polião), Ivo Vinco (Oroveso), Sara Rosa<br />

(Clotil<strong>de</strong>), Armando Guerreiro (Flávio); Coro do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S.<br />

Carlos; Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional; Encenação - Riccardo<br />

Moresco; Maestros do Coro - Mario Pellegrini, CarIo Pasquali;<br />

Coreografia - Anna I va<strong>no</strong>va; Maestros Substitutos - Miguel Angel<br />

Veltri, Giulio Villani; Ce<strong>no</strong>grafia - Alfredo Furiga; Direcção <strong>de</strong> Palco -<br />

Abílio <strong>de</strong> Mattos e Silva; A<strong>de</strong>reços - Raúl <strong>de</strong> Campos; Electricista Chefe<br />

- Liêge <strong>de</strong> Almeida; Maquinista Chefe - José Paulo Mota; Maquinista<br />

Adjunto - I<strong>no</strong>cêncio Marques; Contra-regra - Columba<strong>no</strong> Sabi<strong>no</strong>.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />

Nu<strong>no</strong> S. Rodrigues


<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 223<br />

Vincenzo Bellini, Norma<br />

Produção: Companhia <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos<br />

Maestro Director: Nicola Rescig<strong>no</strong><br />

Libreto: Felice Romani<br />

Récita: Temporada <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos <strong>de</strong> 1972<br />

Data: 17 e 19.3.1972.<br />

Esta <strong>no</strong>va encenação da mais conhecida ópera do mestre do bel<br />

canto romântico italia<strong>no</strong> ficou marcada pela presença da cantora catalã<br />

Monserrat Caballé, que já cantara em Lisboa, entre outros, o papel <strong>de</strong><br />

Ifigénia, e pela do maestro america<strong>no</strong> Nicola Rescig<strong>no</strong>, o então director<br />

aitístico e primeiro maestro-director da Dallas Civic Opera Company. Tal<br />

como na produção <strong>de</strong> 1967, as únicas personagens a terem sido confiadas<br />

a cantores portugueses foram as <strong>de</strong> Clotil<strong>de</strong>, interpretada pelo sopra<strong>no</strong><br />

Beatriz Horta, e <strong>de</strong> Flávio, interpretada pelo te<strong>no</strong>r Fernando Serafim.<br />

Destaca-se ainda a encenação <strong>de</strong> Dario Dalla Corte, cuja experiência <strong>no</strong>s<br />

domínios cinematográfico e teatral o levou posteriormente a <strong>de</strong>dicar-se<br />

principalmente à realização <strong>de</strong> ópera, tendo encenado em muitos teatros<br />

italia<strong>no</strong>s, e que valorizou bastante a Norma <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Elenco: Intérpretes - Monserrat Caballé (Norma), Viorica Cortez (Adalgisa),<br />

Robleto Merolla (Polião), Agosti<strong>no</strong> Ferrin (Oroveso), Beatriz Horta<br />

(Clotil<strong>de</strong>), Fernando Serafim (Flávio); Coro do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S.<br />

Carlos; Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional; Encenador - Dario<br />

Dalla Corte; Maestros do Coro - Mario Pellegrini, CarIo Pasquali; Ce<strong>no</strong>grafia<br />

- Alfredo Furiga; Direcção <strong>de</strong> Palco - Abílio <strong>de</strong> Mattos e Silva;<br />

Electricista Chefe - Liêge <strong>de</strong> Almeida; Maquinista Chefe - I<strong>no</strong>cêncio<br />

Marques; Contra-regra - Columba<strong>no</strong> Sabi<strong>no</strong>; Costureira-Chefe - Isabel<br />

Chaves.<br />

Nu<strong>no</strong> S. Rodrigues<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


224 Adaptações <strong>de</strong> Temas Gregos<br />

Vincenzo Bellini, Norma<br />

Produção: Companhia <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos<br />

Maestro Director: Friedrich Hai<strong>de</strong>r<br />

Libreto: Felice Romani<br />

Récita: Temporada <strong>de</strong> Ópera do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos <strong>de</strong> 1998<br />

Data: 19,23,26 e 30.5.1998.<br />

A escolha <strong>de</strong>sta peça <strong>de</strong> Bellini para a temporada <strong>de</strong> ópera <strong>de</strong> 1998<br />

<strong>de</strong> S. Carlos insere-se <strong>no</strong> programa em que o teatro <strong>de</strong> Lisboa apostou,<br />

tendo também como motivo a celebração do bicentenário do nascimento<br />

do compositor <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2001. Depois <strong>de</strong> Os Capuletos e os Montéquios,<br />

apresentados em 1994, e Os Purita<strong>no</strong>s, encenada em 1996, é a vez da<br />

Norma. De regresso à capital portuguesa, após 26 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ausência, a<br />

produção da Norma <strong>de</strong> 1998 volta a apostar em cantores estrangeiros,<br />

<strong>no</strong>meadamente <strong>no</strong> sopra<strong>no</strong> <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>, Sharon Sweet, cantora <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>s versáteis, intérprete <strong>de</strong> papéis verdia<strong>no</strong>s e wagneria<strong>no</strong>s, e que<br />

aqui <strong>de</strong>u voz à protagonista, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a ter cantado em Barcelona, Bruxelas,<br />

Bolonha e Bilbau. Tal como nas encenações anteriores, apenas<br />

Clotil<strong>de</strong> e Flávio foram cantados por portugueses, <strong>no</strong> caso o sopra<strong>no</strong><br />

Isabel Biu e o te<strong>no</strong>r Pedro Chaves. Destaca-se ainda a escolha da cantora<br />

Petia Petrova para o papel <strong>de</strong> Adalgisa, pela sua juventu<strong>de</strong>, dado que tradicionalmente<br />

se têm escolhido cantoras mais velhas, que contradizem o<br />

espírito da personagem inicialmente pensada pelo compositor e pelo autor<br />

do libreto.<br />

A encenação esteve a cargo <strong>de</strong> Stefa<strong>no</strong> Vizioli, com créditos<br />

<strong>de</strong>monstrados na área da produção operática, e que já se tinha apresentado<br />

em S. Carlos com Ma<strong>no</strong>n Lescaut, La Boheme e Il Trittico, entre<br />

1988 e 1997. Na área <strong>de</strong> temática clássica, Vizioli ganha a sua experiência<br />

das encenações <strong>de</strong> Um Sonho <strong>de</strong> uma Noite <strong>de</strong> Verão (1991), A<br />

coroação <strong>de</strong> Popeia (1993) e A Bela Helena (1996). O mesmo se diga da<br />

experiência da cenógrafa, Susanna Rossi Jost, uma italiana que já tinha<br />

ce<strong>no</strong>grafado anteriormente a Norma, mas também textos como A Guerra<br />

<strong>de</strong> Tróia não acontecerá <strong>de</strong> Giraudoux e Actéon <strong>de</strong> Charpentier; e a da<br />

figurinista, a austríaca Anna Maria Heinreich, que <strong>de</strong>senhara já o guarda­<br />

-roupa do Tito Andronico e do Coriola<strong>no</strong> <strong>de</strong> Shakespeare, do Prometeu<br />

<strong>de</strong> Luigi No<strong>no</strong>, bem como o da própria Norma. De <strong>de</strong>stacar ainda a presença<br />

<strong>de</strong> João Paulo Santos, o director <strong>de</strong> Édipo, a Tragédia do Saber, <strong>de</strong><br />

António Pinho Vargas, como Maestro titular do coro.<br />

Elenco: Intérpretes - Sharon Sweet (Norma), Petia Petrova (Adalgisa),<br />

Michael Sylvester (Polião), Andrea Silvestrelli (Oroveso), Isabel Biu<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 225<br />

(Clotil<strong>de</strong>), Pedro Chaves (Flávio); Figuração - Sandra Maurício, Marta<br />

Monteiro, Isabel Vilhegas, Daniela Costa, Marta Fresco, Manuela Cunha,<br />

Inês Almeida, Stela Seguro, Sofia Nascimento, Meagan Bailey, Húnguia<br />

Sofia Campos, Pedro Curado, Miguel Carapinha, Rafael Guerreiro,<br />

Miguel Frimer, Gabriel Castro, Fernando Nogueira, Alexandre Ribeiro,<br />

Peter Santos, Carlos Cruz, Adria<strong>no</strong> Cunha, Gonçalo Chambel, Margarida<br />

Ivo Cruz, André Carvalho; Coro do <strong>Teatro</strong> Nacional <strong>de</strong> S. Carlos; Maestro<br />

Titular do Coro - João Paulo Santos; Encenação - Stefa<strong>no</strong> Vizioli;<br />

Remontagem da Encenação - Luca Ferraris; Ce<strong>no</strong>grafia - Susanna Rossi<br />

Jost; Figuri<strong>no</strong>s - Anna Maria Heinreich; Desenho <strong>de</strong> Luzes - Claudio<br />

Schmidt.<br />

Nu<strong>no</strong> S. Rodrigues<br />

Homero, Odisseia<br />

Encenação: Pedro Wilson<br />

1. a Apresentação: Palco Oriental, Calçada Duque <strong>de</strong> Lafões<br />

Data: 24-25.11.1989.<br />

De acordo com o site www.ualg.ptlsincera/piwi.html. Pedro Wilson<br />

nasceu em Coimbra em 1957 e em 1980 fundou, com outros actores, a<br />

«Máscara <strong>Teatro</strong> <strong>de</strong> Grupo». Entre os muitos trabalhos realizados como<br />

encenador, <strong>de</strong>stacamos os que se inspiram em temas clássicos, <strong>de</strong>signadamente<br />

Ulisses e Odisseia. Com esta peça, baseada na obra homónima<br />

<strong>de</strong> Homero, o actor e encenador ganhou o prémio da melhor encenação<br />

da CML.<br />

Elenco: Actores - António Rito, Carmo Carvalho, Donzília Rodrigues,<br />

Joana Dias, Miguel Paz, Paulo Marinho, Pedro Teixeira.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />

Luísa <strong>de</strong> Nazaré Ferreira


436 Adaptações <strong>de</strong> Temas Lati<strong>no</strong>s<br />

encenador preferiu seguir uma linha <strong>de</strong>spojada, optando por «uma<br />

redução <strong>de</strong> elementos que se irá reflectir do ponto <strong>de</strong> vista visual e que<br />

ganhará expressão <strong>no</strong> predomínio dos símbolos» (Cristina Margato,<br />

Diário <strong>de</strong> Notícias 19.7.1998, pAI). Pedro Cunha (Público <strong>de</strong> 4.7.1998)<br />

consi<strong>de</strong>ra que, na cena da caçada, cavalos e cães, passando atrás <strong>de</strong> um<br />

pa<strong>no</strong>, criam «um efeito <strong>de</strong>slumbrante <strong>de</strong> sombras ilustradas por mancebos<br />

com arcos e flechas às costas, caçadores com os cães pela trela, ao som da<br />

música <strong>de</strong> Berlioz, num palco on<strong>de</strong> cabe também a tempesta<strong>de</strong> que agita<br />

os corpos, a chuva, os raios». Por seu lado, escreve Alexandre Delgado,<br />

também <strong>no</strong> Público (23.7.1998) que «a justaposição do intimismo e do<br />

colossal é a essência <strong>de</strong>sta ópera, e a encenação <strong>de</strong> Paulo Ferreira <strong>de</strong><br />

Castro captou-a quer na grandiosida<strong>de</strong> sóbria das cenas <strong>de</strong> multidão - <strong>de</strong><br />

que o 1.0 Acto .... é o exemplo mais arrebatador - quer na nu<strong>de</strong>z da<br />

tragédia do penúltimo acto».<br />

A crítica do Expresso (25.7.1998, p.24), da autoria <strong>de</strong> Jorge Calado,<br />

impressiona pelo seu carácter negativo e <strong>de</strong>rrotista: não há nada <strong>de</strong><br />

positivo, nem encenação, nem direcção musical, nem coreografia, nem<br />

cenários, nem luzes; praticamente, apenas se salva Markella Hatzia<strong>no</strong> e<br />

mesmo essa «está mais à vonta<strong>de</strong> na Dido sofredora do primeiro e último<br />

actos do que nas paixões do segundo».<br />

Elenco: Intérpretes - Markella Hatzia<strong>no</strong> (Dido), Liliana Bizineche (Ana),<br />

Jon Ketilsson (Eneias), Jean-Philippe Courtis (Narbal), Gérard Gari<strong>no</strong><br />

(lopas), Philippe Khan (Panteu), Sílvia Correia Mateus (Ascânio), Mário<br />

João Alves (Hilas), Nu<strong>no</strong> Cardoso (Mercúrio), Alberto Silveira (Espectro<br />

<strong>de</strong> Príamo), Luís Rodrigues (Sentinela, Espectro <strong>de</strong> Corebo), João<br />

Miranda (Sentinela, Espectro <strong>de</strong> Heitor), Manuela Teves (Espectro <strong>de</strong><br />

Cassandra); Coreografia - Rui Lopes Graça; Cenários - Manuel Graça<br />

Dias, Egas José Vieira; Figuri<strong>no</strong>s - Filipe Faísca; Desenho <strong>de</strong> Luzes -<br />

Pedro Martins.<br />

José Ribeiro Ferreira<br />

A Túnica (The Robe)<br />

Produção: 20th Century-Fox (EUA)<br />

Realização: Henry Koster<br />

I." Apresentação: Lisboa, Cinemas, RTP<br />

Data: 1953.<br />

Dirigida em 1953 por Henry Koster, A túnica anunciava-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

logo como um filme <strong>de</strong> combate contra a hegemonia da televisão, que<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 437<br />

começava a revelar-se. Por isso, esta película foi a escolhida para estrear<br />

um <strong>no</strong>vo método <strong>de</strong> filmar e projectar, o Cinemascope.<br />

Baseada <strong>no</strong> best seller <strong>de</strong> Lloyd C. Douglas, publicado em 1943, a<br />

película conta a história <strong>de</strong> um oficial chamado Marcelo (R. Burton) que<br />

passa pela experiência da crucificação <strong>de</strong> Jesus em Jerusalém. É esta personagem<br />

que assume a figura bíblica do soldado roma<strong>no</strong> que ganha a<br />

túnica <strong>de</strong> Cristo aos dados. A esse contexto, junta-se a figura do seu<br />

escravo <strong>de</strong> origem grega, Demétrio (V. Mature), que entretanto se converte<br />

ao cristianismo e foge com a relíquia. A intriga é enriquecida com a<br />

introdução <strong>de</strong> personagens históricas, como Tibério, Calígula e Pedro,<br />

todas preocupadas com a veste do Messias. Marcelo e a sua heroína,<br />

Diana (J. Simmóns), acabarão por aceitar o cristianismo e o sacrifício nas<br />

arenas <strong>de</strong> Roma.<br />

A túnica é um filme muito mais contido do que outros que tratam o<br />

mesmo tema. Não existe, por exemplo, qualquer cena <strong>de</strong> martírio, apenas<br />

se sugere o mesmo. Centra-se, por isso, na acção psicológica das personagens<br />

e na composição das figuras, como as dos imperadores, que<br />

seguem <strong>de</strong> perto a imagem que Suetónio ou Tácito <strong>no</strong>s <strong>de</strong>ram <strong>de</strong>les. A<br />

exaltação do cristianismo faz-se através da enunciação <strong>de</strong> valores que se<br />

evi<strong>de</strong>nciam nas <strong>de</strong>cisões e comportamentos dos intervenientes na acção.<br />

A nível das interpretações <strong>de</strong>stacam-se as <strong>de</strong> Burton, como um<br />

homem constantemente atormentado por um fantasma do passado, que<br />

lhe é difícil <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir e <strong>de</strong> reconhecer, e <strong>de</strong> Jay Robinson, cuja composição<br />

da esquizofrenia <strong>de</strong> Calígula acabou por se impor como mo<strong>de</strong>lo<br />

cinematográfico.<br />

Elenco: Actores - Richard Burton (Marcelo), Jean Simmons (Diana),<br />

Victor Mature (Demétrio), Michael Rennie, Jay Robinson (Calígula),<br />

Dean Jagger, Torin Thatcher, Richard Boone, Beta St. John, Jeff Morrow,<br />

Emest Thesiger, Dawn Addams, Leon Askin, Frank Pulaski, David<br />

Leonard; Argumento e Guião - Philip Dunne, Gina Kaus; Fotografia -<br />

Leon Sharnroy; Música - Alfred Newman; Ce<strong>no</strong>grafia - Lyle Wheeler,<br />

George W. Davis; Guarda-roupa - Emile Santiago, Charles LeMaire;<br />

Montagem - Barbara McLean.<br />

Nu<strong>no</strong> S. Rodrigues<br />

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438 Adaptações <strong>de</strong> Temas Lati<strong>no</strong>s<br />

Os Últimos Dias <strong>de</strong> Pompeia (Gli Ultimi Giorni di Pompei)<br />

Produção: Itália<br />

Data da Produção: 1925<br />

Direcção Cinematográfica: Amleto Palermi, Carmine Gallone<br />

La Apresentação: (em <strong>Portugal</strong>) Lisboa, Cinema Politeama<br />

Data: 5J2.1927.<br />

Elenco:, Actores - Maria Corda, Bemhard Goetzke, Rina <strong>de</strong> Liguoro,<br />

Emtlio Ghione, Victor Varconi.<br />

M.F.S.S.<br />

Os Últimos Dias <strong>de</strong> Pompeia (The lAst Days of Pompeii)<br />

Produção: USA<br />

Data da Produção: 1935<br />

Direcção Cinematográfica: Emest B. Schoedsack<br />

La Apresentação: (em <strong>Portugal</strong>) Lisboa, Cinema O<strong>de</strong>on, Palácio<br />

Data: 1.4.1936.<br />

Elenco: Actores - Preston Foster, Alan Hale, Basil Rathbone, Louis<br />

Calhem.<br />

M.F.S. S.<br />

Os Últimos Dias <strong>de</strong> Pompeia<br />

Produção: Itália / França<br />

Data da Produção: 1947<br />

Direcção Cinematográfica: Marcel L'Herbier<br />

La Apresentação: (em <strong>Portugal</strong>) Lisboa, Cinema O<strong>de</strong>on, Palácio<br />

Data: 19.4.1950.<br />

Elenco: Actores - Micheline Presle, George Marchal, Adriana Benetti,<br />

Marcel Herrand, Jaque Catelain, Camillo Pilotto.<br />

M. F. S. S.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor


<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> <strong>Clássico</strong> <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 439<br />

John Blow, Vénus e Adónis<br />

Direcção: Jill Feldman, Richard Gwift<br />

Libreto: inspirado em Ovídio<br />

l. a Apresentação: Porto, Rivoli <strong>Teatro</strong><br />

Municipal<br />

Data: 18.2.1999<br />

Outras: Coimbra (<strong>Teatro</strong> Académico <strong>de</strong> Gil<br />

Vicente), 19.2.1999; Tomar (Convento <strong>de</strong><br />

Cristo - Sala das Cortes), 5.8.1999; Lisboa<br />

(Peque<strong>no</strong> Auditório do Centro Cultural <strong>de</strong><br />

Belém),29.9.1999.<br />

Este espectáculo resulta da combinação da música do inglês John<br />

Blow (1649-1708) com textos estruturados sob forma <strong>de</strong> um prólogo e<br />

três actos, <strong>de</strong> toada ovidiana mas <strong>de</strong> autor <strong>de</strong>sconhecido, que contam os<br />

amores <strong>de</strong> Vénus e Adónis. O resultado merece a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> 'ópera <strong>de</strong><br />

câmara' . A evolução <strong>de</strong>ste romance conduz o par <strong>de</strong> uma felicida<strong>de</strong> plena<br />

para o <strong>de</strong>smoronar <strong>de</strong> um belo sonho, ou simbolicamente <strong>de</strong> um abraço<br />

para o cortejo fúnebre do apaixonado. O primeiro público visado pelo<br />

compositor foi a corte <strong>de</strong> Carlos II.<br />

Elenco: Actores - Ana Ester Neves (Vénus), João Manuel Fernan<strong>de</strong>s<br />

(Adónis), Paula Pires <strong>de</strong> Matos (Cupido), Armando Possante, Hugo<br />

Oliveira, Nicolau Domingues (Pastores e Caçador); Intérpretes da<br />

Música - Richard Gwift (Primeiro Violi<strong>no</strong>), Álvaro Pinto (Segundo Violi<strong>no</strong>),<br />

Philip Yeeles (Viola), Katie Rietman (Violoncelo), Pedro Sousa e<br />

Silva, Pedro Lopes e Castro (Flautas <strong>de</strong> Bisei), Nu<strong>no</strong> Torka (Tiorba), Ana<br />

Mafalda Castro (Cravo); Coro do Grupo Vocal <strong>de</strong> Olisipo: Armando<br />

Possante, Elsa Cortês, Hugo Oliveira, Júlio Guerreiro, João Tiago Santos,<br />

Lucinda Rosário, Mónica Santos, Ricardo Ceitil; Maestro do Coro -<br />

Armando Possante; Figuri<strong>no</strong>s - Filipe Faísca.<br />

Nas representações <strong>de</strong> Agosto e Setembro houve as seguintes modificações:<br />

Elenco: Actores - Maria Luísa Tavares (Vénus), Rui Pedro Baeta<br />

(Adónis), Rute Outra (Cupido) Paula Pires <strong>de</strong> Matos (Pastora).<br />

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M.F.S. S.


440 Adaptações <strong>de</strong> Temas Lati<strong>no</strong>s<br />

João Aguiar, Viriato (baseado <strong>no</strong> romance<br />

A Voz dos Deuses)<br />

Produção: Grupo <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> Fatias <strong>de</strong> Cá (Tomar)<br />

Encenação: Carlos Carvalheiro<br />

Adaptação: Filomena Oliveira, Carlos Carvalheiro<br />

La Apresentação: Castelo <strong>de</strong> Almourol<br />

Data: 13.8.1999<br />

Outras: Ruínas <strong>de</strong> Conimbriga, 22.8 - 19.9.1999<br />

(aos domingos).<br />

Estreada em Agosto <strong>de</strong> 99 <strong>no</strong> Castelo <strong>de</strong><br />

Almourol, <strong>no</strong> dia em que se celebrava a Festa<br />

do Rio e das Al<strong>de</strong>ias, a peça Viriato transitou<br />

<strong>de</strong>pois para as Ruínas <strong>de</strong> Conimbriga, on<strong>de</strong> foi<br />

integrar o programa dos Encontros <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong><br />

<strong>de</strong> Tema <strong>Clássico</strong> (<strong>de</strong> Conimbriga, Aeminium<br />

e Sellium).<br />

A acção da peça <strong>de</strong>corre <strong>no</strong> a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 147 a. c., quando os Roma<strong>no</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>no</strong>vo investiam contra guerreiros lusita<strong>no</strong>s, chefiados por Viriato, <strong>no</strong> que<br />

parecia ser simplesmente mais uma campanha contra os resistentes da<br />

Ibéria. Uma surpresa lhes estava, <strong>no</strong> entanto, reservada. Até ser assassinado<br />

em 139 a. c., Viriato <strong>de</strong>senvolveu, com clarividência política e<br />

militar, um processo <strong>de</strong> resistência incansável contra o po<strong>de</strong>rio roma<strong>no</strong>,<br />

em que radicam características profundas da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ibérica.<br />

Formado por um misto <strong>de</strong> amadores e profissionais, o grupo <strong>de</strong><br />

teatro Fatias <strong>de</strong> Cá vem <strong>de</strong>senvolvendo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1979, uma enérgica activida<strong>de</strong><br />

dramática na sua cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem, Tomar. Com esta adaptação do<br />

texto <strong>de</strong> João Aguiar, ensaiou-se uma encenação original que teve, <strong>no</strong><br />

espectáculo <strong>de</strong> estreia, por pa<strong>no</strong> <strong>de</strong> fundo o Castelo <strong>de</strong> Almourol, um<br />

espaço que, com o enquadramento da serra <strong>de</strong> Sicó, tinha todo o po<strong>de</strong>r<br />

sugestivo da paisagem agreste <strong>de</strong> um campo <strong>de</strong> batalha. A hora a que<br />

<strong>de</strong>correu o espectáculo permitiu também que ele começasse com sol, que<br />

entretanto se vai pondo para dar lugar à lua e permitir efeitos especiais à<br />

luz dos archotes. A presença dos cavalos acrescenta um último retoque a<br />

um ambiente que se preten<strong>de</strong> sugestivo das cavas on<strong>de</strong> o guerreiro organizou<br />

a sua resistência. O espectáculo resulta da articulação entre o texto<br />

<strong>de</strong> João Aguiar, lido em voz of!, e todo um movimento cénico em que se<br />

impõem os jogos marciais, <strong>de</strong>sfiles militares, conselhos <strong>de</strong> guerra, para<br />

além dos ritos matrimoniais <strong>de</strong> Viriato. Para melhor envolver o público,<br />

um intervalo permitiu que os espectadores pu<strong>de</strong>ssem participar da boda e<br />

saborear uma ementa constituída por pão, água, carne assada e frutas. Na<br />

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<strong>Representações</strong> <strong>de</strong> <strong>Teatro</strong> CMssico <strong>no</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Contemporâneo</strong> 441<br />

segunda parte, representada já com <strong>no</strong>ite profunda, multiplicam-se as<br />

batalhas e <strong>de</strong>senvolve-se uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> traições que levam à morte <strong>de</strong><br />

Viriato. Toda esta espectacularida<strong>de</strong> e envolvimento da cena, o espaço<br />

natural, <strong>de</strong> um elenco que mobilizou mais <strong>de</strong> 50 actores em palco e do<br />

público, que não faltou, foram as gran<strong>de</strong>s virtu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta proposta teatral.<br />

Elenco: Música - Carlos Dâmaso.<br />

Arnaldo Leite, Viriato<br />

La Apresentação: Matosinhos-Leça, <strong>Teatro</strong> Constanti<strong>no</strong> Neri<br />

Data: 5-6.11.1911.<br />

José Ribeiro Ferreira<br />

Na sua rubrica 'Aconteceu há 50 a<strong>no</strong>s .. .', O Tripeiro n. o 11, <strong>de</strong><br />

Novembro <strong>de</strong> 1961, <strong>no</strong>ticiava: 'Com a peça "Viriato", tragédia cómica, e<br />

"Tosca", paródia da ópera "Tosca", <strong>de</strong> Arnaldo Leite, realiza-se, <strong>no</strong><br />

<strong>Teatro</strong> Constanti<strong>no</strong> Neri, uma festa a favor dos Bombeiros Voluntários <strong>de</strong><br />

Matosinhos-Leça'. Também colaborou nesta récita o Orfeon do Porto.<br />

Elenco: Intérpretes - José Brito, Augusto Veras, A. Morgado.<br />

Viviriato<br />

Produção: O Bando<br />

Encenação: João Brites<br />

Texto: Colagem <strong>de</strong> João Brites<br />

Iniciativa: FIT 91<br />

La Apresentação: Lisboa, Estrela 60<br />

Data: 9.5.1991.<br />

Ver VoI. I, p.246.<br />

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M.F.S.S.<br />

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Execução gráfica<br />

Colibri - Artes Gráficas<br />

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1699 Lisboa Co<strong>de</strong>x<br />

Telef. / Fax 217 964 038<br />

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