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Maria Ivone Mendes da Silva de Correia Costa As - Repositório ...

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A intertextuali<strong>da</strong><strong>de</strong> é um retorno contínuo à primeira enunciação, à primeira<br />

expressão, permitindo, a partir <strong>de</strong>ssa revisitação, elaborar um novo tecido discursivo, que é<br />

produto <strong>de</strong> uma nova visão ou <strong>de</strong> uma outra forma <strong>de</strong> traduzir o significado inicial. A<br />

intertextuali<strong>da</strong><strong>de</strong> é um exercício <strong>de</strong> repetição criativa, um reforço criativo <strong>da</strong> expressão<br />

originária.<br />

A forma particular <strong>de</strong> intertextuali<strong>da</strong><strong>de</strong> que a citação constitui permite que o<br />

leitor <strong>de</strong> um texto visitado por fragmentos <strong>de</strong> um arquitexto reconhecível alargue o seu<br />

horizonte <strong>de</strong> compreensão face a ao texto primordial porquanto lhe são ofereci<strong>da</strong>s novas<br />

pistas <strong>de</strong> interpretação e reinterpretação. A citação não afasta o leitor do texto fun<strong>da</strong>dor,<br />

aproxima-o. O exercício <strong>de</strong> intertextuali<strong>da</strong><strong>de</strong> feito por Mário Cláudio exige, até, um<br />

leitor/espectador capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar as ressonâncias do texto original, embora um leitor<br />

distante do arquitexto possa ser, por virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> leitura do texto novo, ser levado ao<br />

encontro e ao conhecimento <strong>de</strong>ssa matriz textual e <strong>da</strong>í retire conhecimento e prazer.<br />

A ligação explícita do texto <strong>de</strong> Mário Cláudio ao texto <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, feita pela<br />

similitu<strong>de</strong> do género literário em que se inclui, pela inserção <strong>de</strong> citações do texto<br />

originário, por di<strong>da</strong>scálias que i<strong>de</strong>ntificam a sua proveniência e por a<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> cena que<br />

criam uma atmosfera que evoca a cena trágica, não permitem que o texto português se<br />

distancie “existencialmente” do texto <strong>de</strong> origem nem essa parece ser a intenção do autor<br />

que, manifestamente, no-lo apresenta subsidiário <strong>de</strong>ste. Trata-se <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> criação<br />

artística que preten<strong>de</strong> assumir-se explicitamente como repetição, com maior ou menor<br />

distanciamento crítico, mas sempre no âmbito <strong>de</strong> uma estética <strong>da</strong> recuperação e <strong>da</strong><br />

releitura, que tem por objectivo um alargamento semântica <strong>da</strong> obra. Na Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Mário<br />

Cláudio, a recitação <strong>da</strong>s falas do texto <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s assume a função <strong>de</strong> um sustentáculo,<br />

um bordão a que a personagem se arrima para conseguir chamar a atenção do<br />

leitor/espectador, pela semelhança do conflito <strong>da</strong> personagem com o <strong>da</strong> heroína trágica.<br />

A personagem que evolui à vista do espectador, alicerça<strong>da</strong> nos traços <strong>da</strong> heroína<br />

antiga, encontra no texto <strong>da</strong> peça que preten<strong>de</strong> representar as palavras que exprimem os

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