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Maria Ivone Mendes da Silva de Correia Costa As - Repositório ...

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56 <strong>As</strong> (re)citações <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s na Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Mário Cláudio<br />

Mário Cláudio escreve:<br />

«Ó miserável mãe, <strong>de</strong>struir os que <strong>de</strong> ti provieram, assassinar os filhos do teu<br />

próprio corpo! De pedra e <strong>de</strong> ferro serás, conforme aquilo que <strong>de</strong>cidiste ser.» (p.30)<br />

A personagem tem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> bem cedo, um discurso <strong>de</strong>mencial e conturbado mas<br />

parece-me ser neste quadro, com a <strong>de</strong>struição do teatro, que a alienação a empurra para um<br />

estado limite. Nunca conseguiu aceitar as sucessivas recusas do Ministério <strong>da</strong> Cultura em<br />

patrocinar a peça, repetiu o pedido aos ministros que se suce<strong>de</strong>ram, vendo nessa recusa<br />

uma recusa não à actriz mas à mulher que, perdidos os encantos do corpo, per<strong>de</strong> uma<br />

forma <strong>de</strong> persuasão com que se habituou a contar. Nesse momento, retoma a fala <strong>de</strong><br />

Me<strong>de</strong>ia na captatio beneuolentiae feita ao Coro:<br />

«É claro que entre to<strong>da</strong>s as criaturas dota<strong>da</strong>s <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, somos nós, as<br />

mulheres, as mais infelizes.» (p.31)<br />

Em Vellacott, po<strong>de</strong> ler-se:<br />

Surely, of all creatures that have life and will, we women / Are the most wretched.<br />

(vv. 242-243, p. 24)<br />

A personagem sente na indiferença sorri<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> mais um ministro que passa a<br />

indiferença <strong>de</strong> Jasão às solicitações <strong>de</strong> uma Me<strong>de</strong>ia que já não po<strong>de</strong> retê-lo com um corpo<br />

que per<strong>de</strong>u a labare<strong>da</strong> <strong>da</strong> juventu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> quem ele não ouve ain<strong>da</strong> as ameaças escondi<strong>da</strong>s<br />

no grito que prepara o plano <strong>de</strong> vingança:<br />

«Ó Zeus! Ó Justiça, filha <strong>de</strong> Zeus! Ó Sol Glorioso! (p.32) O Zeus! O Justice,<br />

<strong>da</strong>ughter of Zeus! O Glorious / Sun!» (vv. 765-766, p. 40)<br />

A fala cita<strong>da</strong> neste momento é o primeiro verso do monólogo <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>pois do<br />

episódio <strong>de</strong> Egeu. No texto <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, Me<strong>de</strong>ia, após firmar o pacto com o rei <strong>de</strong> Atenas<br />

e <strong>de</strong> conseguir a sua protecção, enuncia a sequência dos passos que a sua vingança tomará.

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