Maria Ivone Mendes da Silva de Correia Costa As - Repositório ...
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<strong>As</strong> (re)citações <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s na Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Mário Cláudio 43<br />
mulher-actriz-Me<strong>de</strong>ia passa a ser a própria peça. Enquanto o texto se <strong>de</strong>pura a personagem<br />
a<strong>de</strong>nsa-se. No final, ela já não é a “gran<strong>de</strong> actriz falha<strong>da</strong>” é a própria peça <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s que<br />
Mário Cláudio quis fazer crer ao espectador ter abandonado e sempre teve presente como<br />
um <strong>de</strong>stino a cumprir.<br />
Aten<strong>da</strong>mos, agora, às citações, analisando o momento em que são inseri<strong>da</strong>s no<br />
texto.<br />
3.1. Análise <strong>da</strong>s citações em contexto<br />
3.1.1. Primeiro Quadro — 5 citações.<br />
O Primeiro Quadro apresenta a personagem <strong>de</strong> uma actriz que, ultrapassa<strong>da</strong> a<br />
juventu<strong>de</strong>, contempla o percurso <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> familiar/conjugal e o fracasso do projecto <strong>de</strong><br />
representar a Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s. Na fala <strong>da</strong> personagem, interligam-se, <strong>de</strong> uma forma<br />
auto-reflexiva e crítica, as citações do texto do tragediógrafo grego. A primeira fala <strong>da</strong><br />
personagem abre, precisamente com uma citação do texto originário, citação essa que<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia as reflexões e evocações posteriores:<br />
«Jasão, perdoa-me o que disse. Tens <strong>de</strong> suportar este génio violento.<br />
Partilhamos tantas recor<strong>da</strong>ções do nosso amor.» (p. 11) 7<br />
Mário Cláudio segue a versão <strong>de</strong> Vellacot:<br />
Jason, I ask to forgive the things I said/ You must bear with my violent<br />
temper, you and I/ Share many memories of our love. (vv. 871-873, p. 43) 8<br />
Esta citação constitui a fala inicial <strong>da</strong> personagem 9 é a precisamente a citação que<br />
nos apresenta a actriz, na repetição <strong>de</strong> falas que teima em <strong>de</strong>corar, entrelaçando-as com as<br />
7 p. 11. Med., 878 -70. Cf. Tradução <strong>de</strong> M.H. Rocha Pereira (1991: 66).<br />
8 P. Vellacott (1963). <strong>As</strong> passagens <strong>de</strong>sta versão inglesa passarão a ser indica<strong>da</strong>s pelo número <strong>de</strong><br />
página. 9 De algum modo, po<strong>de</strong>mos encontrar algum eco <strong>de</strong>sta fala em Germana Tânger (1967: 47): “mas há<br />
momentos que ambos <strong>de</strong>vemos recor<strong>da</strong>r”.