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Maria Ivone Mendes da Silva de Correia Costa As - Repositório ...

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42 <strong>As</strong> (re)citações <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s na Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Mário Cláudio<br />

3. A origem <strong>da</strong>s citações do texto <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s<br />

Para que se torne mais clara a exposição <strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ias, convém seguir <strong>de</strong> perto as<br />

citações do texto euripidiano feitas por Mário Cláudio.<br />

O primeiro passo prendia-se com a i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong> fonte <strong>de</strong>ssas citações, uma vez<br />

que verifiquei não seguirem a tradução consagra<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>Maria</strong> Helena <strong>da</strong> Rocha Pereira<br />

(1991).<br />

Nessa <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>da</strong> fonte original, foram coloca<strong>da</strong>s algumas hipóteses que, no<br />

entanto, se revelaram infecun<strong>da</strong>s. O texto-base não era a antiga versão directa <strong>de</strong> Germana<br />

Tânger (1967) feita a partir <strong>da</strong> muito livre (e bela) versão do texto <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s por<br />

Robinson Jeffers. Uma outra opção, cujo cotejo também se revelou infrutífero, era o <strong>da</strong><br />

tradução feita por Cabral do Nascimento para os Clássicos Inquérito (1979).<br />

Escrevi, então, ao autor que, com simpatia, me respon<strong>de</strong>u prontamente. 6 Não se<br />

lembrava completamente dos textos que utilizara, referia a versão <strong>de</strong> Germana Tânger a <strong>de</strong><br />

Cabral do Nascimento e, ain<strong>da</strong>, a <strong>de</strong> Philip Vellacott (1963). Confronta<strong>da</strong>s as citações<br />

insertas por Mário Cláudio no seu texto com a versão <strong>de</strong>ste autor, verifiquei serem<br />

traduções <strong>da</strong>quela versão inglesa do original grego. São praticamente imperceptíveis as<br />

marcas que a leitura do texto <strong>de</strong> Cabral do Nascimento e <strong>de</strong> Germana Tânger possam ter<br />

<strong>de</strong>ixado no texto.<br />

Penso que Mário Cláudio preferiu não utilizar a tradução <strong>de</strong> M. H. <strong>da</strong> Rocha<br />

Pereira, ou uma <strong>da</strong>s outras traduções portuguesas para criar a ilusão <strong>da</strong> distância em<br />

relação ao texto grego. Talvez tenha querido abandonar a Me<strong>de</strong>ia euripidiana sem,<br />

paradoxalmente, a per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista. Queria que a sua personagem pu<strong>de</strong>sse dizer: “O texto <strong>de</strong><br />

Eurípe<strong>de</strong>s, não contém, mas <strong>de</strong>veria conter uma fala assim.” E como conseguiria fazer<br />

isso? Passando <strong>de</strong> texto em texto, como quem filtra um líquido, ao longo dos anos<br />

composto <strong>de</strong> novos ingredientes, até lhe guar<strong>da</strong>r apenas a essência, a substância pura.<br />

Vellacott traduz Eurípi<strong>de</strong>s e Mário Cláudio traduz Velacott. Depois, como adiante<br />

mostrarei, a personagem reproduz as falas euripidianas <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia, traduzi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> versão em<br />

inglês, diz as falas <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia, diz as falas <strong>de</strong> Jasão, diz as falas <strong>de</strong> Coro. Ao contrário do<br />

texto que se <strong>de</strong>pura, a personagem vai em sentido inverso: o seu percurso fá-la juntar à sua<br />

condição humana a sua condição <strong>de</strong> actriz: a mulher-actriz passa, também, a ser Me<strong>de</strong>ia e a<br />

6 Vi<strong>de</strong> Anexo.

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