19.04.2013 Views

Maria Ivone Mendes da Silva de Correia Costa As - Repositório ...

Maria Ivone Mendes da Silva de Correia Costa As - Repositório ...

Maria Ivone Mendes da Silva de Correia Costa As - Repositório ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>As</strong> (re)citações <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s na Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Mário Cláudio 25<br />

Me<strong>de</strong>ia, embora, na Odisseia, seja feita alusão a Aetes 7 , a Pélias 8 e à expedição dos<br />

Argonautas 9 . Na Pítica IV <strong>de</strong> Pín<strong>da</strong>ro, as “palavras oraculares” (vv. 58-9) <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia põem<br />

em cena a “filha <strong>de</strong> Eestes […] senhora dos Colcos” (vv. 10-11) 10 , mesmo antes <strong>de</strong> se<br />

iniciar a narrativa <strong>da</strong> viagem mítica <strong>de</strong> Jasão e dos argonautas para recuperar o velo <strong>de</strong><br />

ouro.<br />

O poema épico perdido <strong>de</strong> Eumelo, Korinthiaka, referido num escólio a Pín<strong>da</strong>ro 11 e<br />

num resumo <strong>de</strong> Pausânias 12 , refere Me<strong>de</strong>ia como a princesa <strong>da</strong> Cólqui<strong>da</strong> que aju<strong>da</strong>ra Jasão,<br />

chefe <strong>da</strong> expedição dos Argonautas, a recuperar o velo <strong>de</strong> ouro e o trono do seu pai Éson,<br />

usurpado por Pélias. Na história <strong>de</strong> Eumelo, o Sol <strong>de</strong>u Corinto a Aetes, o pai <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia e<br />

os habitantes <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, fazendo-a vir <strong>de</strong> Iolcos, tinham-na proclamado rainha. Jasão seria,<br />

assim, rei <strong>de</strong> Corinto. Pausânias, enquanto fonte do poema <strong>de</strong> Eumelo, conta que, ca<strong>da</strong> vez<br />

que Me<strong>de</strong>ia tinha um filho, levava-o para o templo <strong>de</strong> Hera a fim <strong>de</strong> o escon<strong>de</strong>r,<br />

convenci<strong>da</strong> <strong>de</strong> que <strong>de</strong>sse acto resultaria a imortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>les. Quando escondia o último<br />

filho, viu que a sua tentativa <strong>de</strong> lhes conferir a imortali<strong>da</strong><strong>de</strong> não resultara 13 . Jasão tê-la-ia<br />

surpreendido em flagrante e não se <strong>de</strong>moveu perante as suas súplicas, regressando a Iolcos.<br />

Me<strong>de</strong>ia partiria <strong>de</strong>pois, também.<br />

No escólio 14 feito por Parmenisco ao verso 364 <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia, é apresenta<strong>da</strong> uma outra<br />

versão segundo a qual as mulheres <strong>de</strong> Corinto, <strong>de</strong>sagra<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo facto <strong>de</strong> serem súbditas<br />

<strong>de</strong> uma bárbara que era perita em poções e venenos, mataram os filhos <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia que em<br />

vão <strong>de</strong>man<strong>da</strong>ram o altar <strong>de</strong> Hera Akraia on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>golados. Tendo caído a peste sobre<br />

a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, foi instituí<strong>da</strong> uma cerimónia religiosa anual <strong>de</strong> expiação do crime cometido na<br />

qual sete rapazes e sete raparigas eram levados para o templo <strong>da</strong> <strong>de</strong>usa on<strong>de</strong> ficavam a<br />

servir.<br />

Na versão <strong>de</strong> Dídimo, 15 Me<strong>de</strong>ia teria envenenado Creonte, rei <strong>de</strong> Corinto, fugindo<br />

<strong>de</strong>pois para Atenas por recear a retaliação dos parentes do rei. Como as crianças eram<br />

pequenas e não a podiam acompanhar na fuga, <strong>de</strong>ixou-as sobre o altar <strong>da</strong> Hera Akraia<br />

7 Od. 10.137.<br />

8 Od.11.257.<br />

9 Od.12.61,69 sq.<br />

10 Tradução <strong>de</strong> António <strong>de</strong> Castro Caeiro (2006).<br />

11 Ol. 13.74 (fr. 2 A <strong>de</strong> Malcolm Heath).<br />

12 2.3.10 (fr. 3 A <strong>de</strong> Malcolm Heath).<br />

13 Pausânias, 2.3.6 sq. = fr.3 A O texto é pouco claro, mas parece apontar para uma prática que é ao<br />

mesmo tempo um ritual <strong>de</strong> magia e um ritual religioso.<br />

14 Referido por Luísa <strong>de</strong> Nazaré Ferreira (1997: 63).<br />

15 Segundo testemunho <strong>de</strong> Creófilo <strong>de</strong> Samos. Cf. Luísa <strong>de</strong> Nazaré Ferreira (1997: 64 n.7).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!