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Maria Ivone Mendes da Silva de Correia Costa As - Repositório ...

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16 <strong>As</strong> (re)citações <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s na Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Mário Cláudio<br />

O objectivo <strong>de</strong>ste estudo é, assim, i<strong>de</strong>ntificar as (re)citações do texto <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s e<br />

analisá-las como um expediente dramatúrgico <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> intencionali<strong>da</strong><strong>de</strong> na construção<br />

<strong>da</strong> personagem e na estruturação <strong>da</strong> peça.<br />

Numa primeira parte, preten<strong>de</strong>u-se, a partir <strong>de</strong> uma leitura crítica dos estudos mais<br />

importantes sobre esta temática, observar como a mítica figura <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia é referi<strong>da</strong> e<br />

representa<strong>da</strong> na literatura grega, nomea<strong>da</strong>mente na tragédia <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, referencial no<br />

qual a personagem e a peça <strong>de</strong> Mário Cláudio encontram a sua substância, como o autor<br />

assume, explicitamente, na contracapa do livro:<br />

“Uma célebre actriz, vivendo o seu fim <strong>de</strong> carreira através <strong>de</strong> algumas<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> memorização, contempla o fracasso do seu projecto <strong>de</strong> produzir a<br />

Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre a acompanhou. Também por isso,<br />

<strong>de</strong>scoman<strong>da</strong><strong>da</strong> pela paixão, e à semelhança <strong>da</strong> heroína clássica, acabará por<br />

assassinar os próprios filhos.”<br />

O estudo <strong>da</strong> citação, uma forma particular <strong>de</strong> intertextuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, afigurou-se-me<br />

pertinente neste texto por se revelar como um expediente dramático muito eficaz na<br />

reconfiguração <strong>da</strong> personagem. Através do singular diálogo que fragmentariamente se vai<br />

estabelecendo com o texto matricial, a peça revitaliza a figura mítica <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia numa<br />

encenação em que o passado e o presente se confrontam num gesto duplo <strong>de</strong> aproximação<br />

e distanciamento, <strong>de</strong> contemplação e crítica.<br />

Na segun<strong>da</strong> parte <strong>de</strong>ste trabalho, fiz o levantamento e a análise <strong>da</strong>s citações <strong>da</strong> peça<br />

euripidiana inscritas no texto <strong>de</strong> Mário Cláudio. <strong>As</strong> citações do texto <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s foram<br />

feitas a partir <strong>da</strong> versão do grego para inglês <strong>de</strong> Philip Vellacott e, posteriormente<br />

traduzi<strong>da</strong>s para português, num processo <strong>de</strong> intencional afastamento <strong>de</strong> um texto matricial,<br />

<strong>de</strong> que o novo texto parece ser subsidiário.<br />

Na terceira parte, preten<strong>de</strong>u-se <strong>de</strong>monstrar como as (re)citações do texto<br />

euripidiano sustentam uma reconstrução mitifica<strong>da</strong> <strong>da</strong> personagem <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>ia. A actriz <strong>de</strong><br />

Mário Cláudio evolui em cena ao ritmo dos fragmentos do texto euripidiano que vai<br />

pontualmente recitando, porque nas palavras <strong>da</strong> personagem arquetípica – um alter-ego –<br />

preten<strong>de</strong> encontrar um reflexo especular dos sentimentos e emoções que experiencia no seu<br />

percurso pessoal e profissional.<br />

Se a propósito <strong>da</strong> Me<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Eurípi<strong>de</strong>s abun<strong>da</strong>m estudos e será <strong>de</strong> uma enorme<br />

velei<strong>da</strong><strong>de</strong> pensar que se po<strong>de</strong>rá dizer algo <strong>de</strong> novo relativamente a qualquer um dos muitos

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