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Jornal da Academia Cristã de Letras - Outorga

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Pg. 10 - Agosto/Outubro 2011 <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Cristã</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong><br />

VI, SENTI E OUVI...<br />

Afiz Sadi*<br />

(in memoriam)<br />

“Militando na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Brasileira durante dois<br />

quartéis <strong>de</strong> século, vi, senti e ouvi gran<strong>de</strong>s professores,<br />

conferencistas, políticos e ci<strong>da</strong>dãos <strong>de</strong> cepa invejável e<br />

inimitáveis na sua postura, na sua elegância, no seu<br />

linguajar e na sua gran<strong>de</strong>za. O mundo mudou, ou os<br />

tempos mu<strong>da</strong>ram e, com eles, então, os homens se<br />

transformara; per<strong>de</strong>ram aquela postura <strong>de</strong> digni<strong>da</strong><strong>de</strong>, a<br />

eloqüência admirável, a retórica irreprimível, e o saber,<br />

esse difícil repositário <strong>de</strong> to<strong>da</strong> uma vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> leitura e<br />

estudos. Tudo isso foi substituído por uma maquinaria<br />

infernal, por arreios jungidos ao ser humano que vão<br />

levar-nos a um mundo sem fim. Não há mais, em tese,<br />

o respeito, a hierarquia, a ética, e o culto aos nossos<br />

maiores. Sente-se sau<strong>da</strong><strong>de</strong> dos tempos idos e <strong>da</strong>quela<br />

felici<strong>da</strong><strong>de</strong> e esperança <strong>de</strong> outrora, mas, sem pieguice<br />

dir-se-ia que “a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma figura nebulosa feita<br />

<strong>de</strong> retalhos; um retalho do impalpável, outro do<br />

improvável, outro do invisível, cosidos todos a ponto<br />

precário, com a agulha <strong>da</strong> imaginação”.<br />

Não é hora <strong>da</strong> sau<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém um alerta sobre os<br />

tempos hodiernos em que a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> sobrepuja<br />

<strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e sob olhares<br />

contemplativos, inertes e frios dos <strong>de</strong>tentores do po<strong>de</strong>r.<br />

Po<strong>de</strong>mos citar como corroboração o pensamento <strong>de</strong><br />

Gibran, quando diz “a harpa cantou muitas canções<br />

tristes; corta-lhes as cor<strong>da</strong>s para que <strong>de</strong>las não rebentem<br />

as lágrimas.”<br />

Percalços <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

Quando vejo o balouçar <strong>da</strong> árvore<br />

a chuva que cai contínua e fina<br />

fazendo carpir a flor silente,<br />

o ver<strong>de</strong> <strong>da</strong> folha viva sorri<br />

ao surgimento dos raios <strong>de</strong> sol.<br />

O pássaro que pousa brusco a cata do alimento<br />

chilreando feliz após o sustentáculo vital,<br />

sinto a vi<strong>da</strong> concertar por um momento.<br />

Mas não sei porque sinto e vejo,<br />

o amarelo crepitar <strong>da</strong> senil pétala,<br />

o árido <strong>da</strong> terra em <strong>de</strong>sidratante <strong>de</strong>sarmonia,<br />

o pássaro tristonho, distante <strong>da</strong> companheira,<br />

a vi<strong>da</strong> tão curta se esvaindo,<br />

o crepúsculo obscurecendo a retina,<br />

o <strong>de</strong>sinteresse <strong>da</strong> circunjacência tíbia,<br />

o apagar <strong>da</strong>s luzes num instante.<br />

Então não sei porque vim ao mundo<br />

tampouco porque vivi e porque vivo ain<strong>da</strong>.<br />

*Ex-presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Cristã</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, <strong>da</strong><br />

<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulista <strong>de</strong> Medicina, Associação Paulista<br />

Registros<br />

<strong>de</strong> Medicina, entre outras enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s, algumas <strong>da</strong>s<br />

quais é fun<strong>da</strong>dor. (In:<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>s e Discursos <strong>de</strong><br />

Acadêmicos, <strong>de</strong> Adolfo Lemes Gilioli – Editora Martin<br />

Claret, 2001.)<br />

PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS DA<br />

DOUTRINA CRISTÃ<br />

Frances <strong>de</strong> Azevedo*<br />

Tal título encima a publicação, pela AcA<strong>de</strong>miA<br />

cristã <strong>de</strong> LetrAs com apoio institucional do<br />

CIEE e <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulista <strong>de</strong> História, <strong>de</strong> meu<br />

discurso <strong>de</strong> posse na Ca<strong>de</strong>ira 39, <strong>da</strong> ACL. Após os<br />

agra<strong>de</strong>cimentos <strong>de</strong> praxe, neste, falo <strong>de</strong> minha patrona:<br />

Madre Maria Teodora Voiron, nasci<strong>da</strong> em Chambéry,<br />

na França, em 6 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1835, precursora que foi<br />

dos internatos no Estado <strong>de</strong> São Paulo para educação<br />

<strong>da</strong>s jovens, com apenas 23 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> foi envia<strong>da</strong><br />

ao Brasil como missionária, on<strong>de</strong> assumiu a fun<strong>da</strong>ção<br />

do colégio Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu/SP,<br />

em 13/11/1859. E <strong>de</strong> meu antecessor José Benedito<br />

Silveira Peixoto, advogado, intelectual renomado. Em<br />

segui<strong>da</strong>, faço digressão sobre os princípios filosóficos<br />

<strong>da</strong> doutrina cristã que norteiam nossa <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>:<br />

Sócrates, filósofo <strong>da</strong> Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong>, dizia? “O gran<strong>de</strong><br />

segredo para a plenitu<strong>de</strong> é muito simples:<br />

compartilhar”. On<strong>de</strong>, pois, a aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste<br />

maravilhoso pensamento, senão numa <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />

nomea<strong>da</strong>mente cristã? <strong>Cristã</strong> não por princípios<br />

religiosos, mas filosóficos <strong>da</strong> doutrina cristã, como o<br />

culto à moral, aos bons costumes, amor ao próximo,<br />

cari<strong>da</strong><strong>de</strong> e respeito. E on<strong>de</strong> é possível compartilhar<br />

<strong>da</strong> paciência, do amor fraternal, dos ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros<br />

sentimentos do ser humano, do conhecimento e,<br />

principalmente, <strong>da</strong> sabedoria.<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, na sua acepção<br />

originária, há <strong>de</strong> ser aquele pote no final do arco-íris,<br />

on<strong>de</strong>, com certeza, encontraremos o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro ouro<br />

<strong>da</strong>s reservas intelectuais <strong>de</strong> um país.<br />

Mais adiante, lembro que na edição do DC <strong>de</strong> 4/<br />

9/2006, foi publica<strong>da</strong> matéria on<strong>de</strong> <strong>de</strong>staquei o<br />

seguinte trecho: “Um país não po<strong>de</strong> sobreviver por<br />

muito tempo sem alguma vi<strong>da</strong> intelectual na qual<br />

ele se enxergue e se reconheça como uni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

histórica, cultural e espiritual. Isso falta totalmente<br />

no Brasil <strong>de</strong> hoje”.<br />

Tal me chamou a atenção, pois nem tudo está<br />

perdido, eis que há <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>s - com a inicial maiúscula<br />

- em nosso país. Em São Paulo <strong>de</strong>staco, <strong>de</strong>ntre outras:<br />

a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulista <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulista<br />

<strong>de</strong> Psicologia, <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulista <strong>de</strong> Medicina,<br />

<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> Paulista <strong>de</strong> História...<br />

Na oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, conclamei as <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>s a se

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