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D.R. saúde Rui Campante Teles Cardiologista de intervenção Hospital de Santa Cruz rcteles@clix.pt “O cateterismo permite também tratar as válvulas cardíacas através de um pequeno orifício na virilha para aceder à circulação sanguínea, utilizando as artérias como canal de reparação do coração„ O CATETERISMO COMO TRATAMENTO DAS VÁLVULAS CARDÍACAS A estenose aórtica afeta muitas famílias, pois um em cada 15 portugueses com mais de 80 anos apresenta esta doença. Caracteriza-se por um aperto da válvula aórtica, cuja função é evitar que o sangue bombeado pelo coração volte para trás. Quando existe este estrangulamento, o sangue passa com difi culdade, provocando cansaço, dor no peito e desmaios, e o tratamento passa por implantar uma válvula nova. Após o diagnóstico, os doentes têm frequentemente dúvidas sobre se valerá a pena operar o seu coração, uma vez que consideram o risco demasiado elevado, apesar das limitações importantes na qualidade de vida. Além disso, o apoio durante o processo de recuperação continua no domicílio e este pode ser um aspeto difícil de organizar. Felizmente, hoje em dia, o cateterismo – técnica utilizada há mais de 30 anos em Cardiologia – permite também tratar as válvulas cardíacas através de um pequeno orifício na virilha para aceder à circulação sanguínea, utilizando as artérias como canal de reparação do coração. A grande diferença é que permite um restabelecimento mais rápido, pois é muito menos invasivo do que uma operação convencional. Esta técnica avançada é uma alternativa que cresce exponencialmente em todo o mundo. Portugal está na cauda da Europa com apenas 1/8 dos casos da União Europeia mas, dado que a experiência americana sugeriu que esta opção terapêutica é mais barata do que a cirurgia convencional em muitos casos, espera-se que este número cresça nos próximos anos. A estenose aórtica é, na maioria das vezes, causada por um processo degenerativo, que surge após os 70 anos, resultado do envelhecimento. Nalgumas pessoas mais jovens, a válvula aperta em consequência de defeitos de nascença ou após infeções graves que atingem o coração. É uma doença potencialmente fatal. Os principais sintomas são cansaço, dor no peito e desmaios. As melhorias produzidas pelos medicamentos são limitadas e não evitam as complicações mais graves provocadas pela exaustão cardíaca que, após os primeiros sintomas e nos apertos de alto grau, conduz à morte de metade dos doentes no primeiro ano. A única solução é a colocação de uma prótese que vai substituir a válvula que está a funcionar mal. Até agora, a cirurgia cardíaca convencional era a única solução. Porém, exige abrir o esterno e requer circulação sanguínea artifi cial durante a substituição valvular sob anestesia profunda. Demora quatro horas e a recuperação após a intervenção é prolongada até aos três meses ou bastante mais. A alternativa minimamente invasiva é realizada por cateterismo, através de um orifício de oito milímetros. Permite posicionar uma prótese valvular no local da que estava entupida através da própria circulação do doente e retomar o funcionamento normal do coração. Demora hora e meia e pode fazer-se quase sem anestesia, com uma recuperação em apenas duas semanas. Há sempre cuidados que se tem de ter, como tomar a medicação com rigor e ser reavaliado periodicamente. Em Portugal, esta técnica está disponível em três centros. O primeiro implante foi realizado em 2007, no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia. Em 2008, o Serviço de Cardiologia do Hospital de Santa Cruz (Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental) começou a aplicar a técnica e nestes dois centros existem equipas multidisciplinares de Cardiologia e Cirurgia Cardíaca que avaliam e acompanham estes pacientes. O Hospital de Santa Marta, em Lisboa, tem também um programa desenvolvido pela Cardiologia para os doentes considerados inoperáveis pela equipa de Cirurgia.

citações “Acho-me a mulher mais sexy do mundo” Cristina Ferreira in Vidas “Quando Messi marca um golo, comemora... grita. Já Ronaldo marca e para, como se estivesse a fazer um anúncio de shampoo. Essa é a diferença” Maradona in programa “TVR” do canal 9 argentino “Perdi grande parte da minha vida a consumir drogas. Era um viciado... e isso é tão mau como uma doença grave” Elton John in Wenn “Noventa por cento das minhas clientes não pede fatura. Esta medida vai ser prejudicial para quem tem pequeno comércio, porque, desta forma, temos de declarar tudo” Duarte Menezes, cabeleireiro, in Correio da Manhã “Eu pergunto: neste momento, qual é a diferença entre o canal RTP e os outros? Não sinto muitas. (...) Vemos estes programas da RTP aí pela província... É deplorável. É uma tristeza” Margarida Carpinteiro in Notícias TV “Nós merecemos isto. Nós elegemos esta gente. Nós não somos muito diferentes disto. No meio do anedotário que converteria um homem mais inteligente num homem trágico, convém não esquecer o que nos separa, exatamente, do Relvas. Pouco” Clara Ferreira Alves in Revista “A irmã gémea da minha namorada acabou de ter um bebé e eu comecei a pensar que talvez não me importe de passar o meu génio demente para um serzinho que pode incendiar a casa e dizer palavrões” Marilyn Manson in The Observer “Ultimamente com essa crise, eu sinto uma tristeza que não gosto de perceber, uma deceção, uma revolta, raiva, mas, acima de tudo, uma tristeza. Mas isso vai passar” Vanessa da Mata, sobre as mudanças que sente em Portugal desde a última vez que cá esteve, in Revista “Irrita-me a ‘pobrice’, essa coisa da pobreza bonitinha e digna. Os pobres não são indignos, mas a pobreza precisa de ser combatida, não pode ser adorada ou sacralizada como um valor em si” Valter Hugo Mãe in Expresso “Ninguém pode garantir que não haverá mais impostos” Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, in Expresso “A troika bem avisou que um dos problemas mais graves do País era a difi culdade de despedir gente na função pública. O mais provável é que todo o povo português se demita antes de Miguel Relvas„ Ricardo Araújo Pereira in Visão “Se algum dia tiver de perder umas eleições para salvar o País, que se lixem as eleições. O que interessa é Portugal” Pedro Passos Coelho in Correio da Manhã “Lamento informar que não irei para casa escrever as memórias e que ainda não é desta que o meu golfe vai melhorar. Não se veem livres de mim tão cedo” Francisco Pinto Balsemão, sobre a sua saída de CEO da Impresa, in Diário de Notícias “As pessoas invejam o Cristiano Ronaldo, por exemplo, mas não têm a noção das dores que ele sente, dos problemas físicos que ele tem para se manter no topo” Nélson Évora in Visão “Miguel Relvas tem o mesmo voto de confi ança de um bombista suicida numa maternidade„ Bruno Nogueira in Twitter “Não se pode falar em ódios, eu não tenho ódio nenhum ao bastonário. Talvez isso seja unilateral” Paula Teixeira da Cruz, sobre o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, in Sábado “Caso não tenha inclinações suicidas, Pedro Passos Coelho já terá percebido que, por vários motivos, lhe convém enxotar o ‘dr.’ Relvas” Alberto Gonçalves in Sábado “Cada pessoa assume o que quer, fala do que quer e toma as atitudes que quer, se achar necessário. Eu relativamente a isso [homossexualidade] não tenho nada a dizer. O que eu tenho a dizer já disse a mim próprio há muitos anos. Vivo a minha sexualidade de uma forma muito natural, pacífi ca e muito desinteressante” José Carlos Malato in i “Uma espera de um ano num serviço hospitalar de urologia para uma consulta, existindo já suspeita de um diagnóstico de cancro de próstata, não é aceitável” Vítor Veloso, presidente do núcleo do norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, sobre o tempo de espera das consultas dos doentes oncológicos, in Público “É preferível ter um fi lho picheleiro a ganhar 20 euros à hora do que um fi lho advogado desempregado – ou a ganhar 5 euros à hora na caixa de um supermercado. Além de tudo, dá mais jeito” Jorge Fiel in Jornal de Notícias

D.R.<br />

saúde<br />

Rui Campante Teles<br />

Cardiologista de intervenção<br />

Hospital de Santa Cruz<br />

rcteles@clix.pt<br />

“O cateterismo permite também tratar as válvulas<br />

cardíacas através de um pequeno orifício na virilha<br />

para aceder à circulação sanguínea, utilizando<br />

as artérias como canal de reparação do coração„<br />

O CATETERISMO COMO TRATAMENTO DAS VÁLVULAS<br />

CARDÍACAS<br />

A estenose aórtica afeta muitas famílias, pois um<br />

em cada 15 portugueses com mais de 80 anos<br />

apresenta esta doença. Caracteriza-se por um<br />

aperto da válvula aórtica, cuja função é evitar que<br />

o sangue bombeado pelo coração volte para trás.<br />

Quando existe este estrangulamento, o sangue<br />

passa com difi culdade, provocando cansaço, dor<br />

no peito e desmaios, e o tratamento passa por<br />

implantar uma válvula nova. Após o diagnóstico,<br />

os doentes têm frequentemente dúvidas sobre<br />

se valerá a pena operar o seu coração, uma vez<br />

que consideram o risco demasiado elevado,<br />

apesar das limitações importantes na qualidade<br />

de vida. Além disso, o apoio durante o processo<br />

de recuperação continua no domicílio e este<br />

pode ser um aspeto difícil de organizar.<br />

Felizmente, hoje em dia, o cateterismo – técnica<br />

utilizada há mais de 30 anos em Cardiologia –<br />

permite também tratar as válvulas cardíacas através<br />

de um pequeno orifício na virilha para aceder<br />

à circulação sanguínea, utilizando as artérias<br />

como canal de reparação do coração. A grande<br />

diferença é que permite um restabelecimento<br />

mais rápido, pois é muito menos invasivo do<br />

que uma operação convencional.<br />

Esta técnica avançada é uma alternativa que<br />

cresce exponencialmente em todo o mundo.<br />

Portugal está na cauda da Europa com apenas<br />

1/8 dos casos da União Europeia mas, dado que<br />

a experiência americana sugeriu que esta opção<br />

terapêutica é mais barata do que a cirurgia<br />

convencional em muitos casos, espera-se que este<br />

número cresça nos próximos anos.<br />

A estenose aórtica é, na maioria das vezes,<br />

causada por um processo degenerativo, que<br />

surge após os 70 anos, resultado do envelhecimento.<br />

Nalgumas pessoas mais jovens, a válvula<br />

aperta em consequência de defeitos de nascença<br />

ou após infeções graves que atingem o coração.<br />

É uma doença potencialmente fatal. Os principais<br />

sintomas são cansaço, dor no peito e desmaios.<br />

As melhorias produzidas pelos medicamentos<br />

são limitadas e não evitam as complicações mais<br />

graves provocadas pela exaustão cardíaca que,<br />

após os primeiros sintomas e nos apertos de alto<br />

grau, conduz à morte de metade dos doentes<br />

no primeiro ano.<br />

A única solução é a colocação de uma prótese<br />

que vai substituir a válvula que está a funcionar<br />

mal. Até agora, a cirurgia cardíaca convencional<br />

era a única solução. Porém, exige abrir o esterno<br />

e requer circulação sanguínea artifi cial durante<br />

a substituição valvular sob anestesia profunda.<br />

Demora quatro horas e a recuperação após a<br />

intervenção é prolongada até aos três meses<br />

ou bastante mais.<br />

A alternativa minimamente invasiva é realizada<br />

por cateterismo, através de um orifício de oito<br />

milímetros. Permite posicionar uma prótese valvular<br />

no local da que estava entupida através<br />

da própria circulação do doente e retomar o<br />

funcionamento normal do coração. Demora<br />

hora e meia e pode fazer-se quase sem anestesia,<br />

com uma recuperação em apenas duas<br />

semanas. Há sempre cuidados que se tem de<br />

ter, como tomar a medicação com rigor e ser<br />

reavaliado periodicamente.<br />

Em Portugal, esta técnica está disponível em<br />

três centros. O primeiro implante foi realizado<br />

em 2007, no Centro Hospitalar de Vila Nova<br />

de Gaia. Em 2008, o Serviço de Cardiologia do<br />

Hospital de Santa Cruz (Centro Hospitalar de<br />

Lisboa Ocidental) começou a aplicar a técnica e<br />

nestes dois centros existem equipas multidisciplinares<br />

de Cardiologia e Cirurgia Cardíaca que<br />

avaliam e acompanham estes pacientes. O Hospital<br />

de Santa Marta, em Lisboa, tem também<br />

um programa desenvolvido pela Cardiologia<br />

para os doentes considerados inoperáveis pela<br />

equipa de Cirurgia.

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