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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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O presente dura pouco tempo<br />

novo tipo de produção cultural. À medida que as transformações tecnológicas se<br />

impõem, tornando o mundo mais cibernético e a informação mais virtual, é evidente que<br />

as diferenças se acentuam e que as técnicas narrativas se afastam cada vez mais dos<br />

modelos tradicionais. A preocupação contemporânea não é mais com a trama ou<br />

conflito a ser resolvido, mas com o mundo em seu emaranhado de sensações e de<br />

imagens. Para <strong>Márcio</strong> o conflito e o enredo não importavam mais. “Se antes o herói<br />

lutava pela conquista do mundo, agora o mundo deixou de ser um bem a conquistar para<br />

ser uma aparência a elucidar.” 1<br />

Para <strong>Márcio</strong> a experimentação era a razão da existência do teatro. “Um teatro de<br />

talentos e de compatibilidades pressupõe um antiteatro, um teatro de<br />

incompatibilidades, divórcios, rupturas e incoerências, comprometido não com o talento<br />

nem outros juízos de valor e sim com o reiterado e exaustivo exercício da<br />

experimentação. A arte não evolui pela harmonia.” 2<br />

<strong>Márcio</strong> chegou no teatro com a pretensão de transformá-lo. Há quem diga que<br />

era ingenuidade, há quem veja isso como a sua maior qualidade enquanto criador. O<br />

fato é que essa idéia de experimentalismo foi a que movimentou os seus sete anos<br />

dedicados a arte teatral.<br />

Nas palavras de Gerd Bornheim, um confesso admirador das experiências do<br />

encenador: “O teatro parece estar enfim acertando o passo com o que se verifica nas<br />

outras artes. Pois, realmente, o caráter experimental das artes contemporâneas está longe<br />

de configurar um traço aleatório, algo que possa ser displicentemente descartado, ou um<br />

mero desvio de percurso fadado ao esquecimento. O que precisa ser compreendido é<br />

que essa dimensão experimental pertence hoje à própria razão de ser das artes – fato<br />

este que constitui inegável e surpreendentemente uma novidade radical na história da<br />

cultura.” 3<br />

Pensar no experimentalismo é pensar sobre o questionamento da obra de arte e<br />

dos limites de suas disciplinas tradicionais como uma investigação sobre a fronteira que<br />

demarca o espaço da arte e o da vida ordinária. Se um é contíguo ao outro, se um<br />

intervém no outro, as barreiras que os separam podem ser transpostas, o que significa a<br />

possibilidade de intervir na obra – que vai desde a proposta de participar até a idéia de<br />

que sua criação é simultânea à presença deste participante, não mais um simples<br />

1 RAIMOND, Michel. Roman: de Balzac au nouveau roman. Em:Encyclopaedia Universalis. France, 1998.<br />

2 Jornal do Brasil, Caderno Idéias, artigo. 23/12/1990<br />

3 BORNHEIM, Gerd: Brasil 90- desafios e perspectivas. Secretaria do estado da Cultura, São Paulo

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