Márcio Vianna - Mônica Prinzac
Márcio Vianna - Mônica Prinzac
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Experimentalismo<br />
O presente dura pouco tempo<br />
Em toda a história e até o bem recente advento da modernidade, o homem media<br />
o mundo com o seu corpo. A idéia de distância, na origem, se limitava à distinção entre<br />
coisas e pessoas próximas ou longínquas, sempre traçada pelos corpos e suas relações<br />
humanas.<br />
No mundo de hoje, com o tempo de comunicação implodindo e encolhendo para<br />
a insignificância do instante, o espaço e os delimitadores físicos deixaram de ser<br />
importantes. O espaço emancipou-se das restrições naturais do corpo humano e as<br />
pessoas não são mais separadas por obstáculos físicos ou distâncias temporais.<br />
Hoje as novas tecnologias eletrônicas constroem um terreno novo de<br />
representação do homem. As mudanças estão em toda parte, ao redor de nós, mas<br />
também em nosso interior, na nossa forma de interpretar o mundo. O mundo atual<br />
globalizado - onde todas as fronteiras e leis da sociedade atual estão sendo redefinidas -<br />
possui uma lógica cultural própria. As mudanças constantes a qual somos expostos são<br />
produtoras de transformações na nossa percepção do mundo. Estamos vivendo<br />
mudanças viscerais em nossas mentes, corpos e subjetividades, na reorganização social<br />
e política de mundo, e conseqüentemente na própria definição de cultura e arte.<br />
O teatro, vendo por esse prisma, é uma arte de resistência. Resistindo a<br />
virtualidade e a explosão das barreiras físicas do humano, as artes cênicas se<br />
concretizam pela presença orgânica e material. Hoje em dia não é necessário se estar<br />
presente – em corporeidade - nem para gerar filhos, mas ainda é qualidade essencial<br />
para se realizar uma obra teatral. Nós, artistas de teatro, estamos localizados aí – nesse<br />
fosso da contemporaneidade e enquanto habitantes desse espaço estamos buscando um<br />
entendimento da presença enquanto objeto de resistência – essencial e transformador.<br />
A questão central da pesquisa teatral, esse gênero de fazer artístico, pode ser<br />
vista como uma investigação sobre corpos de seres humanos, de corporeidade, da<br />
relação dos corpos vivos com outros meios. <strong>Márcio</strong> <strong>Vianna</strong>, nos últimos anos de sua<br />
trajetória, refletia sobre como as transformações na experiência da temporalidade se<br />
apresentavam na esfera da produção artística. O diretor tentava dissecar o olhar<br />
contemporâneo para compreender essa nova experiência. Entender o tempo presente<br />
não é fácil, já que o presente é construído por quem o está fazendo.<br />
A experiência do tempo passou a oferecer-se ao homem sob bases<br />
completamente novas: o efêmero serve como contraponto ao eterno, fomentando um