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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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Quarta fase – O teatro como expressão do homem contemporâneo<br />

O presente dura pouco tempo<br />

Em 1993 <strong>Márcio</strong> ganhou a ocupação durante um ano do teatro Gláucio Gil (RJ),<br />

onde junto com O Grupo A Contrador instalou o Projeto de Teatro Experimental<br />

chamado CEU - Centro de Exercício de Utopias. “Um espaço comprometido com a<br />

pesquisa, a experimentação e, principalmente, com a crença de que o teatro pode e deve<br />

ajudar na reflexão sobre o homem contemporâneo.” Duas peças foram realizadas: 1999<br />

e o Futuro dura muito tempo.<br />

<strong>Márcio</strong> ensaiou as duas peças ao mesmo tempo. 1999, realizada com O Grupo A<br />

Contrador, era o rumo das festas e dos ritos que ele apostava ser o caminho do teatro. E<br />

O Futuro dura muito tempo, com apenas dois atores convidados, era um desejo pessoal<br />

de levar Louis Althusser para o palco. Desta vez não havia a proposta de testar duas<br />

formas de se fazer teatro, simplesmente eram dois desejos – um pela cena e outro pela<br />

temática - vividos no mesmo tempo e de acordo com suas expressões.<br />

O Futuro dura muito tempo foi o primeiro espetáculo a estrear. <strong>Márcio</strong><br />

selecionou fragmentos do depoimento de Louis Althusser - baseado nas memórias que<br />

escreveu, numa clinica psiquiátrica por assassinar a mulher, pouco antes de morrer - e<br />

construiu um texto que mesclava palavras do filósofo sobre sua vida pessoal com pontos<br />

cruciais de seu pensamento político. Para <strong>Márcio</strong>, Althusser representava o grande<br />

paradoxo do homem contemporâneo: a fragilidade existente em todos os homens fortes<br />

e os momentos de loucura embutidos na racionalidade.<br />

“Althusser é um comovente precipício sobre a história das violências, das<br />

utopias e das paixões e O Futuro dura muito Tempo é uma reflexão sobre a<br />

perplexidade e a ambigüidade do homem deste final de milênio. A encenação foi<br />

construída com um olhar muito afetuoso sobre os personagens e inspirada numa<br />

advertência de Nietzsche, sempre lembrada nos ensaios por Rubens, de que não<br />

precisamos turvar as nossas águas para que elas pareçam mais profundas. Nesta peça<br />

evitamos as abordagens mais plausíveis e as sentenças mais prováveis, porque as<br />

condenações e absolvições tendem a abreviar o mergulho e a vertigem sobre a condição<br />

humana.” 27<br />

Rubens Correa dava palavras a Althusser num relato imerso em conturbado<br />

universo pessoal. A encenação reforçava o mergulho do filosofo às suas memórias<br />

27 Caderno de ensaio. 12/1993.

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