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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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O presente dura pouco tempo<br />

através da relação ator-espectador e não espetáculo-espectador. <strong>Márcio</strong> dizia acreditar<br />

que estava se aproximando da emoção do espectador através da emoção do ator e que a<br />

qualidade da experiência e do envolvimento dos atores deveria ser investida e<br />

investigada com maior rigor.<br />

“A eliminação da dicotomia palco-platéia não é o mais importante: apenas cria<br />

uma situação de laboratório, numa área apropriada para pesquisa. O objetivo essencial é<br />

encontrar o relacionamento adequado entre ator e espectador, para cada tipo de<br />

representação, e incorporar a decisão em disposições físicas.” 22<br />

Terceira fase – A imagem na cena<br />

Em 1992 <strong>Márcio</strong> correu contra o tempo e realizou três espetáculos em um ano:<br />

Circo da solidão, Imaginária e Livro dos cegos.<br />

Logo após acreditar que estava se aproximando do objetivo de emocionar o<br />

espectador através da proposta de criação coletiva, <strong>Márcio</strong> optou por desconstruir<br />

algumas experimentações cênicas anteriores e afirmar outras. Circo da Solidão veio<br />

para romper com várias convicções e voltar com algumas convenções antes negadas<br />

como: o palco italiano, a ficha técnica, e o teatro de imagens. Como novidade Circo da<br />

Solidão foi o primeiro espetáculo com um patrocínio equiparado às produções de sua<br />

época.<br />

Do romance “Sofrimentos do jovem Werther” de Goethe, <strong>Márcio</strong> retirou o<br />

substrato temático para a criação de Circo da Solidão. “Queremos falar sobre a solidão<br />

dos apaixonados. Elegemos Werther como instrumento, como poderíamos escolher<br />

qualquer mito ocidental da paixão. É um traçado não linear e sem seguir qualquer<br />

lógica” 23 definia <strong>Márcio</strong>.<br />

O texto altamente fragmentado era envolvido por um visual estilizado muito<br />

próximo a uma proposta estética imaginada para um teatro medieval, a construção<br />

cênica entre texto e imagem era propositalmente desarmônica buscando o recurso antes<br />

experimentado do `estranhamento´. O discurso do corpo e o discurso das palavras eram<br />

distantes para criar o típico caos contemporâneo entre o que se faz com o que é dito.<br />

O cenário de Tadeu Burgos apresentava uma catedral repleta de escadas<br />

desencontradas e labirínticas e dez toneladas de barro cobriam o palco. Os atores<br />

22 Em busca de um teatro pobre. Artigo de Jerzy Grotowski publicado em Odra (Wroclaw, 9/1965)<br />

23 Jornal O Globo, entrevista.19/12/1991

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