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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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O presente dura pouco tempo<br />

ficha técnica, tinha poucas preocupações estéticas e técnicas. Não havia cenário,<br />

figurino e iluminação – somente lampiões iluminavam a cena. A proposta, concebida<br />

para apenas seis espectadores, pretendia aprofundar uma relação intima com o<br />

espectador.<br />

O espaço cênico contava apenas com seis cadeiras dispostas em círculo e os sete<br />

atores se revezavam entre os seis espectadores. A antiga brincadeira do jogo das<br />

cadeiras foi utilizada como recurso para aproximar o espectador dos sete atores num<br />

revezamento aleatório. No centro da roda, um violinista escolhia, a seu critério, as<br />

musicas que iriam compor a cena. Ao parar a música o ator sentava-se na cadeira mais<br />

próxima e iniciava as suas confissões sobre o caso. O espetáculo era realizado com<br />

diálogos, trilha sonora e desfechos diferentes a cada sessão, uma vez que ao término, o<br />

público no lugar de júri emitia o seu voto pela decisão judicial.<br />

O trabalho do ator construído em cima de improviso com o espectador podia ser<br />

visto como mais um caminho de distanciamento em relação a composição do<br />

personagem tradicionalmente conhecido. Em Marat, Vincent /Confessional e Feininger<br />

os personagens estavam presentes com características e nomes, mas sem a psicologia de<br />

uma história vivida no tempo. O estado dos personagens no instante da sua aparição era<br />

mais importante do que o seu passado e suas memórias. Na Farra, porém, vislumbrava-<br />

se um ruptura mais radical onde no lugar de personagens haveria performers. O<br />

personagem trabalha com o que “é” um suposto indivíduo e sua história. O intérprete-<br />

criador ou performer trabalha com o estado da ação, ou o “como” a ação está sendo<br />

realizada. A não interpretação de personagens pode ser utilizada como veículo libertário<br />

para um sentimento a ser expresso sem que a ele seja atribuído uma história ou<br />

psicologia, buscando-se o estado sem passar por modelos de personagens.<br />

Depois dessa experiência, <strong>Márcio</strong> acreditava que os atores tinham deixado de ser<br />

meros interpretes para ocuparem papel ativo na obra. E, se propondo a aprofundar essa<br />

relação lançou-se em mais uma experiência de criação coletiva.<br />

Em Coleção de Bonecas ao invés de convidar uma ficha técnica, propôs que os<br />

personagens, assim como as marcações do palco, cenários, figurinos, texto e até trilha<br />

sonora, fossem resultado de uma criação do diretor e seus sete atores do Grupo A<br />

Contrador - iniciado em Marat, mas mantendo apenas alguns atores da época.<br />

A clássica aventura de Sherazade serviu de ponto de partida para esta montagem.<br />

Os sete atores ficavam em cena todo o tempo, praticamente confinados no pequeno<br />

palco da Aliança Francesa de Botafogo /RJ - um espaço cênico de 7 por 3 (metros). Os

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