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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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O presente dura pouco tempo<br />

vida) ficavam em confessionários e mantinham uma relação individualizada com cada<br />

espectador.<br />

Vincent, em contrapartida, tratava o publico nos moldes tradicionais de palco-<br />

platéia. O público sentava-se em poltronas ao redor do espaço cênico composto por um<br />

palco móvel e instável. Com a movimentação dos atores, o palco desestabilizava-se<br />

provocando um estado de insegurança. Van Gogh ficava no centro da cena, onde os<br />

personagens da sua vida entravam e saiam.<br />

Foi na década de 60 que a evolução da pratica teatral contemporânea se afirmou<br />

e o espaço cênico passou por uma verdadeira explosão. Atualmente, o teatro oferece<br />

uma grande variedade de novas possibilidades, às vezes até mesmo dentro de um<br />

mesmo espetáculo – com participação mais ou menos ativa da platéia e tentativas de<br />

integração do espectador no universo da ficção. O fato é que o publico vem passando<br />

por diversas aventuras teatrais, podendo viver essas praticas como uma experiência<br />

nova e intensa, como pretendia Artaud entre outros.<br />

Os criadores que transformaram a estética do palco questionavam a posição<br />

estática do espectador sentado do início ao fim no mesmo lugar, condenado a uma<br />

percepção que se faz num angulo e a uma distancia invariáveis e basicamente passiva.<br />

Havia também os partidários da democratização do teatro que reivindicavam por uma<br />

igualdade nas posições dos espectadores, uma vez que a organização da sala sempre foi<br />

desigual.<br />

Artaud foi um dos primeiros a compreender, nos anos 20, que a invenção de um<br />

novo teatro implicava na transformação da relação palco-platéia. A favor de uma<br />

vivência no teatro sem os limites do palco, aberto as circunstâncias do acaso, Artaud<br />

ameaçava o próprio conceito de teatro. A proposta dele foi vista como um convite a<br />

vivência de um corpo destituído de padrões e comportamentos cotidianos. Investindo<br />

em um conceito de corpo sem órgãos – um corpo não obediente a funções orgânicas e<br />

fisiológicas - regido unicamente por intensidades e afetos, a platéia deixaria de cumprir<br />

o papel apático de recepção para experimentar uma vivência de trocas com esse corpo.<br />

O teatro de Artaud abandonava a representação de ações, a existência de personagens, o<br />

texto e a narratividade, explodindo assim, com as regras da dramatização.<br />

Craig, por outro lado, mantinha o palco italiano, pois sua estética exigia o frente-<br />

a frente tradicional com a imobilidade do espectador. Acreditando ser a encenação uma<br />

obra de arte onde o espectador tem o lugar de adorador, o palco italiano era ideal para

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