Márcio Vianna - Mônica Prinzac
Márcio Vianna - Mônica Prinzac
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O presente dura pouco tempo<br />
O elenco, exceto a atriz que vivia Marat, utilizava máscaras, cobrindo<br />
inteiramente o rosto, em forma de cabeças enormes com expressões amorfas. As<br />
cabeças pediam um corpo ampliado, uma expressividade plástica e descondicionada do<br />
gestual cotidiano, uma vez que o ator era visto com um rosto fixo, sem expressão,<br />
diferente e estranho ao seu.<br />
Vários encenadores modernos utilizaram bonecos, manequins e mascaras em<br />
suas experimentações. Artaud em sua conceituação para a cenografia do Teatro da<br />
Crueldade cita os manequins, as máscaras e os objetos de proporções e formas<br />
singulares. Para ele a deformação e a ampliação causada por esses objetos é suficiente<br />
para des-realizar o objeto, conferindo-lhe uma dimensão outra do real. Esses objetos<br />
eram integrados ao espaço e à ação tornando-se elementos fundamentais para a<br />
estruturação do acontecimento teatral.<br />
Tadeusz Kantor utilizava bonecos e manequins em seus espetáculos, pois<br />
acreditava que esses seres inanimados, através da falta de vida, podiam despertar no<br />
homem sua condição de estar vivo. “Não acho que um manequim (ou figura de cera)<br />
possa substituir, como queriam Kleist e Craig, o ator vivo. Seria fácil e por demais<br />
ingênuo. A aparição destes objetos está de acordo com essa minha cada vez mais forte<br />
convicção de que a vida só pode se exprimir em arte pela falta de vida e pelo recurso à<br />
morte, através das aparências, da vacuidade, da ausência de qualquer mensagem. No<br />
meu teatro, um manequim deve se tornar um modelo que encarna e transmite um<br />
profundo sentimento da morte e da condição dos mortos – um modelo para o ator<br />
vivo.” 10<br />
Para <strong>Márcio</strong> construir esse corpo expressivo que a proposta exigia foi feito um<br />
trabalho de composição física rigorosa dos personagens. Cada ator teve trabalho<br />
individualizado com um profissional de corpo, onde a expressividade foi criada em<br />
cima de desconstruções pela fisicalidade. Novas posturas, gestos e dinâmicas de<br />
locomoção foram pesquisadas e desenhadas para cada ator. (Ver desenhos em anexo)<br />
Grotowski em seu Em Busca do teatro pobre fala sobre o gesto significativo –<br />
não natural - como unidade elementar da expressão de um corpo. “As formas de<br />
comportamento “natural” e comum obscurecem a verdade; compomos um papel como<br />
um sistema de símbolos que demonstra o que está por trás da máscara da visão comum:<br />
10 KANTOR, Tadeusz. O Teatro da morte. (Trad. Angela Leite Lopes.) In: BABLET, Denis. Les Voies de la création théâtrale,<br />
Paris, CNRS. 8