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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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O presente dura pouco tempo<br />

simultaneamente dentro destes espaços. A divisão do palco foi criada para explorar a<br />

idéia de ilha de edição – cortando, colando e agrupando as cenas. Não havia um texto<br />

dramaturgico, tampouco uma seqüência previsível das ações. As cenas fragmentadas<br />

apresentavam situações cotidianas ou meros estados emocionais onde a imagem<br />

predominante era a impossibilidade do amor - casais brigando, se separando, se<br />

beijando, fragmentos de textos, diálogos interrompidos - tudo sendo focalizado,<br />

diminuído ou acentuado pela luz que ocupava função determinante para a construção da<br />

narrativa.<br />

Para Acabar com o Julgamento de Deus foi a primeira incursão de <strong>Márcio</strong> pelo<br />

teatro e pelo universo do experimentalismo. O diretor estreou já pensando em subverter<br />

a cena ao perceber que as esferas artaudianas por si propõem uma linguagem nova, vital<br />

e original do universo teatral. A grande maioria dos encenadores contemporâneos foram<br />

influenciados por Artaud, mais pelo discurso relacionado à linguagem do que por<br />

propriamente o seu teatro.<br />

“Artaud era um sonhador extraordinário, mas seus escritos tem pouco<br />

significado metodológico porque não são fruto de longa pesquisa prática. São uma<br />

profecia espantosa, não um programa.” 8<br />

Um pouco mais de meio ano após Artaud, <strong>Márcio</strong> voltou à cena, através de mais<br />

uma figura revolucionaria: Jean Paul Marat. Era a vez do espetáculo Marat Marat<br />

inspirado na figura do líder revolucionário, com textos de Jorge Luis Borges.<br />

O diretor desde o primeiro ensaio pretendia criar uma atmosfera de<br />

estranhamento: “A Revolução Francesa inventou a ambigüidade, porque inventou o<br />

cidadão e o terror. Ela provocou uma grande carnificina em nome dos direitos humanos.<br />

Não há herói nem traidor absoluto. A peça procura mostrar isso, refazendo a anatomia<br />

do ator e separando o áudio da imagem. Todas as histórias já foram contadas e todas as<br />

imagens já foram vistas. Para ocorrer uma reflexão, precisamos provocar um<br />

estranhamento” 9 .<br />

Essa atmosfera foi respaldada basicamente por três elementos cênicos que<br />

buscavam criar uma realidade autônoma de forte impacto: máscaras, vozes gravadas em<br />

off e água como elemento narrativo.<br />

8 BROOK, Peter. O Espaço Vazio: O teatro hoje.<br />

9 Jornal O Globo, entrevista. 15/06/1989

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