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Márcio Vianna - Mônica Prinzac

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A década de 90<br />

O presente dura pouco tempo<br />

Sabato Magaldi cita a estréia de Macunaíma (1978) de Antunes Filho como a<br />

inauguração da hegemonia dos encenadores-criadores. “A tendência teve acertos,<br />

sublinhando a autonomia artística do espetáculo, e descaminhos como a redução da<br />

palavra a um jogo de imagens. Aparados os excessos, essa linha, da qual participam<br />

nomes como Gerald Thomas, Ulysses Cruz, Aderbal Freire-Filho, Eduardo Tolentino de<br />

Araújo, Cacá Rosset, Gabriel Villela, <strong>Márcio</strong> <strong>Vianna</strong>, Moacyr Góes, Antônio Araújo e<br />

vários outros, está atingindo, nas temporadas recentes, um equilíbrio que ressalta todos<br />

os componentes do teatro.” 4<br />

Toda reflexão sobre o teatro contemporâneo nos conduz ao acontecimento que<br />

literalmente fundou este teatro: a encenação e o encenador. A questão basilar da<br />

encenação surgiu como tentativa de se entender o que é o teatro. O encenador, como um<br />

inventor de sentidos, repensava as formas de criar e produzir teatro. A obra deixou de<br />

possuir uma significação eterna, para ganhar um sentido relativo vinculado ao lugar e ao<br />

momento. “Anteriormente, uma certa ordem regia a troca de relações entre a platéia e o<br />

palco; hoje, esta ordem varia em cada espetáculo.” 5<br />

Na década de 90 os encenadores dominavam os palcos do Rio e o teatro era tema<br />

dos espetáculos mais provocantes da época. Fazia-se e produzia-se um teatro em que o<br />

relevante era o espetáculo, a teatralidade e a valorização daquilo que é especificamente<br />

teatral. O teatro reforçando a especificidade cênica, investindo em si e se concretizando.<br />

Esta década ficou marcada pela apresentação de novas possibilidades de<br />

trabalhos cênicos. No inicio dos anos 90 Moacyr Góes montava Escola de Bufões<br />

reavaliando as formas teatrais, Gerald Thomas redefinia o conceito de espetáculo com<br />

Carmem com filtro 2.5, Fim de Jogo e M.O.R.T.E., Marcio <strong>Vianna</strong> remexia na relação<br />

da platéia com a cena através de Confessional, Imaginária e A Farra dos atores,<br />

Antunes Filho reforçava a teatralidade com Paraíso Zona Norte, Bia Lessa com Cartas<br />

Portuguesas, e outros que como encenadores especulavam a questão essencial da<br />

encenação: a capacidade reveladora do teatro.<br />

<strong>Márcio</strong> defendia – em contrapartida a outros encenadores – que a busca da<br />

beleza fosse substituída pela busca da verdade em “um teatro de imperfeições que<br />

4 MAGALDI, Sabato: O Brasil em CD-ROM e na Internet.<br />

5 DORT, Bernard. O teatro e sua realidade. Perspectiva, São Paulo, 1977.

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