Márcio Vianna - Mônica Prinzac
Márcio Vianna - Mônica Prinzac
Márcio Vianna - Mônica Prinzac
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O presente dura pouco tempo<br />
chegavam para as aulas: “Estrangulei Hélène. Matei minha mulher”. Embora tenha sido<br />
considerado juridicamente não responsável no momento do crime (teria sido vítima de<br />
um acesso temporário de demência), a brilhante vida acadêmica do professor foi<br />
interrompida. Ninguém sabe ao certo porque o filosofo matou sua mulher. A sociedade<br />
francesa preferiu aceitar a loucura de um de seus mais lúcidos intelectuais, deixando-o<br />
recluso até morrer, em 1990, aos 72 anos.<br />
Antes de morrer, num asilo na periferia de Paris, Louis Althusser entregou a uma<br />
amiga um manuscrito de 323 laudas. O texto, cujo título é uma frase do general e<br />
estadista francês Charles de Gaulle - O Futuro dura muito tempo - começa dizendo: “é<br />
provável que se julgue chocante eu não me resignar ao silêncio depois do ato que<br />
cometi (...)”<br />
Processo de ensaio<br />
No primeiro encontro com <strong>Márcio</strong>, Rubens fez um pedido imprescindível:<br />
convidar a atriz Vanda Lacerda para viver Hélène. <strong>Márcio</strong> idealizava convidar uma atriz<br />
jovem para o personagem, mas Rubens argumentou que precisava de uma atriz com<br />
idade real em cena.<br />
Os ensaios começaram com textos soltos inspirados no livro. Os atores criavam<br />
cenas em cima desses textos. O processo todo durou três meses, alguns ensaios eram<br />
realizados somente com Rubens Correa. As cenas foram organizadas em forma de texto<br />
com dois meses de ensaio. <strong>Márcio</strong> mudou a ordem do espetáculo até a semana final.<br />
Rubens e Vanda trabalharam com Rossela Terranova a idéia de um corpo em escavação<br />
para dentro de si mesmo.