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capítulo 1<br />
Nora Podia seNtir qUe CoNNor a observava.<br />
Era sempre assim quando ela arrumava a mala para uma <strong>de</strong> suas viagens: ele<br />
encostava o corpo <strong>de</strong> 1,90m na porta do quarto, enterrava as mãos nos bolsos<br />
da bermuda Dockers e franzia a testa. Ele <strong>de</strong>testava a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ficarem separados.<br />
Normalmente, ele não diria nada. Apenas ficaria ali, parado e em silêncio,<br />
enquanto Nora enchia a mala e <strong>de</strong> vez em quando tomava goles <strong>de</strong> água Evian,<br />
sua marca preferida. Mas, naquela tar<strong>de</strong>, Connor não conseguiu se conter.<br />
– Não vá – disse ele, com a voz profunda.<br />
Nora se virou com um sorriso carinhoso.<br />
– Você sabe que preciso ir. E sabe que também <strong>de</strong>testo isso.<br />
– Mas eu já estou com sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> você. Simplesmente diga não, Nora... não<br />
vá. Eles que vão para o inferno.<br />
Des<strong>de</strong> o primeiro dia, Nora se sentiu cativada pela forma como Connor se<br />
permitia ser vulnerável quando estava com ela. Era um contraste muito gran<strong>de</strong><br />
com sua imagem pública: um administrador <strong>de</strong> fundos <strong>de</strong> investimento muito<br />
rico e ambicioso, dono da própria empresa, com se<strong>de</strong> em Greenwich e outro<br />
escritório em Londres. Seus olhos <strong>de</strong> cachorro pidão disfarçavam o fato <strong>de</strong> que<br />
ele era um leão. Po<strong>de</strong>roso e orgulhoso.<br />
De fato, aos 40 anos, Connor era basicamente o rei <strong>de</strong> tudo o que se via. E<br />
em Nora, <strong>de</strong> 33 anos, havia encontrado a sua rainha, a sua perfeita alma gêmea.<br />
– Eu po<strong>de</strong>ria amarrá-la e impedi-la <strong>de</strong> ir... – disse ele, brincando.<br />
– Parece divertido – respon<strong>de</strong>u Nora, entrando no jogo. Vasculhava a mala,<br />
que estava aberta em cima da cama, procurando alguma coisa. – Mas, antes,<br />
será que você po<strong>de</strong>ria me ajudar a encontrar meu cardigã ver<strong>de</strong>?<br />
Connor finalmente riu. Divertia-se muito com Nora. Não importava se a piada<br />
fosse boa ou não.<br />
– O suéter com botões <strong>de</strong> pérolas? Está no closet.<br />
Nora riu.<br />
– Você andou vestindo as minhas roupas <strong>de</strong> novo, não é?<br />
Ela entrou no imenso closet. Quando voltou, com o suéter ver<strong>de</strong> nas mãos,<br />
Connor estava ao pé da cama, encarando-a com um sorriso e um brilho no<br />
olhar.<br />
– Ai, ai... – suspirou Nora. – Conheço esse olhar.<br />
– Que olhar? – perguntou ele.