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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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Inglaterra, sua filha de cinco anos. Para Dinc & Ulman (2007) a variolização, ou<br />

método bizantino em alusão a Bizâncio, antigo nome de Constantinopla, difundiu-se<br />

rapidamente na Inglaterra e teve defensores em países como Alemanha, França e<br />

Estados Unidos. Segundo o relato de La Condamine, menos de dez anos depois, a<br />

coragem do missionário carmelita fez com que essa nova técnica fosse introduzida<br />

na Região Amazônica. Apesar, contudo, de a variolização fazer com que a doença<br />

se manifestasse de forma mais branda do que pela do contágio natural, os doentes<br />

passavam por todo o seu cortejo sintomático: por vezes, as pessoas inoculadas<br />

ficavam com cicatrizes no rosto e corpo, ou mesmo morriam ou desenvolviam formas<br />

graves da doença. A carência de fontes referentes a variolização não inviabilizaram,<br />

porém, as pretensões desta pesquisa, pois identificamos várias profilaxias e ou<br />

práticas terapêuticas destinadas <strong>à</strong> varíola em Belém, emanadas de diversos<br />

segmentos da sociedade local revelando concepções médicas diferentes ou<br />

divergentes e que tiveram influências poderosas sobre o comportamento da<br />

sociedade local. Assim, mesmo após a introdução da vacina na região e até o início<br />

do século XX, encontramos registros de outras profilaxias e terapêuticas, algumas<br />

vezes vistas como complementares <strong>à</strong> vacina, outras vezes como alternativas ao<br />

método jenneriano. Neste capítulo realizamos uma descrição das diversas profilaxias<br />

e práticas terapêuticas propostas em Belém para combater a varíola com o intuito de<br />

desvendar, fundamentalmente, a relação da sociedade com tais práticas e, em<br />

especial, com a vacina.<br />

A análise das fontes nos permitiu perceber a rejeição da sociedade,<br />

principalmente das camadas populares, <strong>à</strong>s iniciativas do poder público no campo da<br />

saúde. Nos relatórios de governo de todo o período fica evidente a dificuldade<br />

encontrada pelas autoridades no sentido de fazer cumprir profilaxias ou práticas<br />

terapêuticas destinadas ao combate da varíola. Os jornais confirmam as informações<br />

contidas nos relatórios sobre essa questão, ficando claro que havia em Belém, entre<br />

o final do século XIX e o início do século XX, uma grande desconfiança em relação<br />

<strong>à</strong>s políticas de saúde emanadas do poder público. È importante esclarecer que a<br />

postura aversiva da sociedade local não se relacionava apenas a vacina, mas a<br />

grande maioria das medidas no campo da saúde pública. Essa realidade nos<br />

colocou a seguinte questão: por que uma sociedade assolada por diversas<br />

epidemias recusava as providências consideradas adequadas para o combate<br />

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