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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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A preocupação em permitir a circulação do ar é típica, neste período, da<br />

adesão a famosa teoria dos miasmas, defendida pela corrente dos infeccionistas que<br />

consideravam que objetos naturais (animais ou vegetais), em putrefação,<br />

desencadeavam doenças pelo ar, daí a necessidade de construir espaços com<br />

possibilidade de circulação do ar, como fica explícito na descrição do Mercado<br />

Municipal e também nas ruas largas, abertas em Belém naquele contexto.<br />

O álbum também apresenta as praças e ruas principais da cidade, sempre<br />

limpas, muito bem cuidadas, mais um aspecto que ressalta a preocupação com as<br />

condições higiênicas da cidade. As praças são apresentadas como espaços<br />

agradáveis, voltadas para o refrigério dos citadinos. As ruas largas obedeciam <strong>à</strong><br />

dinâmica da sociedade em construção na época e, ao mesmo tempo, procuravam<br />

atender <strong>à</strong>s exigências da ciência da higiene, facilitando a circulação do ar para evitar<br />

a contaminação da população.<br />

No álbum de 1902 percebe-se, portanto, uma descrição de Belém que<br />

procura enquadrá-la em padrões de modernidade, enfatizando seus símbolos<br />

principais, sendo importante considerar que a utilização do discurso higienista é<br />

constante, constituindo-se num dos elementos centrais da noção de modernidade<br />

cultuada naquele contexto. Esse discurso voltou-se principalmente para as classes<br />

populares, para as classes consideradas “perigosas”, gerando um acúmulo de<br />

experiências que informam as atitudes dessas camadas em relação <strong>à</strong>s<br />

determinações do poder público.<br />

Em função das inúmeras dificuldades em combater certas doenças, como<br />

a varíola, impõe-se o isolamento como forma de evitar o contágio, daí a necessidade<br />

da construção de um hospital em área afastada do núcleo urbano, como é o caso do<br />

hospital de variolosos, representado na imagem acima.<br />

A preocupação com a doença não é especificidade da modernização, é<br />

coisa muito antiga. A população da região amazônica experimentou, com amargura,<br />

epidemias terríveis que afetaram grande parte da população. No século XIX, a<br />

varíola – velha conhecida do povo da região -, a febre amarela e a cólera ceifaram<br />

vidas e propiciaram um saldo de pavor, de medo, que se constituiu num caldo de<br />

cultura para as concepções médicas da época. A epidemia de febre amarela de<br />

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