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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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mecanismos de divulgação da cidade, com o intuito de ter uma imagem pública”<br />

Após a apresentação dos retratos vem a narrativa sobre a disposição dos espaços<br />

da cidade, construção e ordenação, e também de seus símbolos. Do início ao fim, a<br />

brochura procura até de forma exagerada, demonstrar a existência de civilização na<br />

Amazônia. Mas, qual civilização? Inspirado em padrões europeus, o modelo de<br />

civilização aqui defendido assentava-se sob um projeto político republicano (com<br />

seus poderes modernamente constituídos), e de acordo também com os parâmetros<br />

da moderna ciência da higiene, este último aspecto tem importância vital para o<br />

encaminhamento desta análise.<br />

Assim era necessário mostrar que esta civilização estava adequada aos<br />

mais avançados conhecimentos científicos da época, que a cidade de Belém era<br />

propícia ao bem viver, pois a salubridade deixava de ser encarada como um<br />

problema climático na região para passar a ser tratada de acordo com os modernos<br />

princípios da ciência da higiene. Percorrendo todo o álbum de 1902 percebe-se que<br />

a palavra higiene é mencionada dezenas de vezes, referindo-se, <strong>à</strong>s vezes, de forma<br />

desnecessária ou exagerada, pois voltada para descrição de ambientes que não<br />

apresentam grande risco <strong>à</strong> saúde da população. Em toda a brochura são analisados<br />

diversos trechos onde a preocupação com a higiene é manifestada, tanto sobre os<br />

prédios situados em locais distantes do centro da cidade, relativos ao tratamento do<br />

lixo, de doentes, abate de animais e enterramento dos mortos, pois se procurava<br />

levar para fora das áreas centrais os maiores perigos para a saúde da população, ao<br />

mesmo tempo que também buscava-se proporcionar aos edifícios da área central os<br />

requisitos fundamentais da ciência da higiene.<br />

O Mercado Municipal, localizado na área central aparece com uma divisão<br />

interior em pavilhões isolados, formando áreas abertas ao ar livre, que poderiam ficar<br />

intransitáveis nas épocas mais chuvosas, mas, em contrapartida, teriam grandes<br />

conseqüências higiênicas para o estabelecimento, pois o asseio do mesmo se<br />

realizaria com extrema facilidade nos tempos de calor, especialmente a lavagem dos<br />

talhos, “diariamente emporcalhados pela mercancia da carne verde”, diz Brandão<br />

(1902).<br />

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