JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...
JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...
JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
de erguer na Amazônia uma civilização a imagem e semelhança das sociedades da<br />
Europa Ocidental. Este trabalho é bastante significativo, realizando-se a partir de<br />
uma análise esmiuçada da brochura e de vários outros documentos sobre o tema<br />
onde fica claro que, para a autora “a publicação foi organizada com o objetivo de<br />
divulgar o Estado, tentando desconstruir a imagem de que no Pará era impossível<br />
prosperar uma sociedade civilizada”. No seu entender existe uma “tensão social” no<br />
texto da brochura, pois os intelectuais buscavam sempre demonstrar o grau de<br />
progresso e civilidade alcançado pelo Estado, contrapondo-se a uma imagem<br />
elaborada da região como terra de índio, insalubre e pestilenta.<br />
Segundo Pereira (2006), que analisou essa produção iconográfica, entre o<br />
século XIX e início do século seguinte, em torno de 50 fotógrafos trabalhavam em<br />
Belém.Tais profissionais dedicavam-se, no princípio, exclusivamente ao gênero de<br />
retratos através do método de produção única da imagem. Com o tempo, em função<br />
da introdução de novas técnicas e outros sistemas fotográficos que utilizavam o<br />
princípio positivo-negativo, esses profissionais ampliaram a sua produção para<br />
registros de paisagens, reproduzindo cenas cotidianas dos locais por onde<br />
passavam ou colaborando para expedições científicas. Vários fotógrafos retrataram<br />
imagens diversas dos espaços urbanos de Belém, sempre procurando ressaltar<br />
aspectos da cidade como ícones da modernidade. Essas imagens foram distribuídas<br />
por álbuns, relatórios municipais, jornais e revistas. Mas, a produção sob a<br />
assinatura Fidanza 18 ganha destaque, pela reconhecida qualidade técnica e nítida<br />
delicadeza de suas paisagens, especialmente na representação de obras públicas,<br />
18 Para Pereira (2006, 64), Felipe Augusto Fidanza “foi um dos princiapais fotógrafos cuja atuação foi<br />
bastante divulgada nos jornais locais” Português de origem, natural da cidade de Lisboa, veio para o<br />
Brasil e consagrou-se como a maior expressão da fotografia no Pará. Fidanza merece destaque<br />
como retratista, mas também como fotógrafo de paisagens urbanas. “Seu primeiro trabalho a<br />
destacar-se em âmbito nacional foram as fotografias que documentaram os preparativos da<br />
chegada de D. Pedro II em Belém no ano de 1867” (pg 66). Fidanza sempre buscou aprimorar a<br />
arte de fotografar e com esse intuito fez diversas viagens para Paris, Lisboa e Londres, buscou<br />
novidades, participou de expedições nacionais e internacionais e apresentou as mudanças em seu<br />
ateliê que era utilizado para fazer exposições de pinturas de artistas que passavam por Belém.<br />
Neste trabalho, Pereira procura analisar a relação entre fotografia e cidade a partir da narrativa<br />
visual dos álbuns e relatórios de Belém que foram elaborados no período de 1898 a 1908, buscando<br />
identificar as formas como os indivíduos se fizeram representar nos diversos cenários urbanos, com<br />
visibilidade para os tipos sociais que foram flagrados sutilmente pelos fotógrafos a serviço ou não<br />
da propaganda governamental, com o intuito de difundir uma imagem de modernidade da cidade de<br />
Belém.<br />
42