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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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Mas, a falta de vigilância adequada permitiu que navios entrassem e<br />

descarregassem no porto escravos doentes de varíola, desencadeando assim novos<br />

surtos epidêmicos. Nesse sentido, a construção de lazaretos próximos aos portos<br />

passou a ser uma prioridade, sendo a construção dos mesmos aprovada pela Coroa<br />

portuguesa em 1787 com a exigência de que todas as embarcações que chegassem<br />

ao porto e que trouxessem escravos ficassem indistintamente em quarentena, o que<br />

também não foi cumprido, pois são freqüentes as reclamações feitas pela imprensa<br />

até o final do século XIX acerca da inobservância da quarentena por parte dos<br />

traficantes. O Conselho Ultramarino também procurou enviar para a Amazônia, a<br />

partir de 1768, medicamentos para o tratamento dos enfermos, pois era totalmente<br />

insuficiente o “sistema médico” no Pará daquele período, onde se encontrava, de<br />

acordo com Vianna (1992), um médico, um cirurgião e uma botica.<br />

Mesmo com todas as tentativas empreendidas para evitar a entrada de<br />

navios negreiros com casos confirmados de varíola alcançasse os portos antes de<br />

passar pela quarentena, assim como das tentativas de inoculação (variolização) em<br />

crianças negras e índias, poucos foram os resultados concretos e a "peste branca"<br />

continuou a ser introduzida através do tráfico de escravos, de acordo com Sá (2008).<br />

A chegada de um navio negreiro contaminado pela varíola no porto do<br />

Pará fez eclodir uma grande epidemia, em 1819. Esta provocou efeitos devastadores<br />

na população, com cerca de cinqüenta óbitos por dia, que foram relatados pelos<br />

naturalistas alemães Johann Baptist von Spix e Karl Friedrich von Martius em suas<br />

notas de viagem publicadas em 1831. Apesar de terem chegado <strong>à</strong> Belém alguns<br />

meses após o pico da epidemia, Spix e Martius puderam ainda presenciar o<br />

desenvolvimento da doença nos habitantes locais. Os naturalistas deixaram<br />

registrados os esforços empreendidos pelo governo para aplicar a vacinação<br />

jenneriana na população e os resultados ineficazes obtidos. Depois de tentar obter a<br />

vacina em Caiena, o governo enviou um navio <strong>à</strong> ilha de Barbados, no Caribe,<br />

enquanto esperava a chegada de mais material da Inglaterra. Spix e Martius<br />

registraram que, mesmo com a inoculação, muitos desenvolveram a doença,<br />

chamando a atenção para a qualidade da linfa, já que em alguns casos, dependendo<br />

regime de escravidão se desenvolveu na região. Quase todas as informações dessa obra envolvem<br />

o período pombalino, com referência a ação da Companhia do Grão-Pará e Maranhão e a<br />

intensificação do comércio de escravos africanos para a Amazônia.<br />

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