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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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propagar a varíola entre os índios. De acordo com Martius (1844) os índios eram<br />

pouco resistentes <strong>à</strong> varíola e reagiam de forma variada ao desenvolvimento da<br />

doença; alguns atormentados pela forte dor de cabeça e pela temperatura elevada,<br />

costumavam isolar-se numa rede, aumentando mais ainda a febre; outros<br />

procuravam água corrente para tentar amenizar o calor interno e, por isso, muitas<br />

vezes morriam de apoplexia. Havia aqueles que buscavam por meio de banhos frios<br />

ou beberagens quentes apressar a erupção do exantema, nestes casos, a violência<br />

da doença é tamanha “a ponto de parecer toda a superfície do corpo uma só úlcera<br />

gangrenosa” Além de descrever as reações dos índios <strong>à</strong> varíola, o referido botânico<br />

afirma que tal doença não fazia distinção nem de sexo nem de idade entre os índios,<br />

mas para os mais idosos, para as mulheres grávidas e parturientes tornava-se mais<br />

perigosa, sendo mais facilmente suportada pelos mais jovens. Geralmente as<br />

grávidas afetadas pela varíola abortavam enquanto as parturientes transmitiam a<br />

doença para o recém nascido. Por todas essas razões é natural que a varíola tenha<br />

provocado imenso pavor entre os índios.<br />

Uma demonstração do pavor que os índios sentiam diante da “doença<br />

maligna” pode ser percebida pela reação que tiveram nesta viagem em que era<br />

conduzido o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, do Pará até<br />

Macapá. Martius (1844: 99), afirma que:<br />

Remavam uns vinte índios, quando, inesperadamente, se atemorizaram pela<br />

notícia de que a bordo havia um varioloso; todos se atiraram em alto mar e,<br />

a nado, preferiram alcançar as praias, a tentar ficar em companhia dos<br />

brancos, que do melhor modo possível, foram obrigados a se esforçar e<br />

levar o barco a um porto perto da ilha de Marajó.<br />

Introduzidos pelos colonizadores portugueses, os surtos de varíola<br />

entraram no Império português, na América do Sul, pelas embarcações vindas do<br />

outro lado do Atlântico, principalmente da Europa e da África. Esta enfermidade foi a<br />

que mais danos causaram ao Pará entre fins do século XVIII e o século XIX.<br />

Segundo Alencastro (2000) foram detectadas epidemias de varíola em diversos<br />

portos do Nordeste brasileiro, se propagando para o norte e sudeste da colônia<br />

portuguesa, desde, pelo menos, os anos de 1560. Ao que tudo indica a primeira<br />

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