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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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elação aos leprosos e alienados 7 , era cercada de arbítrio, de violência praticada<br />

pelas autoridades policiais. É claro que os populares, que já rejeitavam a vacina,<br />

também demonstraram intensa oposição ao isolamento, buscando esconder os<br />

casos de varíola ou estabelecer tratamento alternativo, em enfermarias<br />

improvisadas.<br />

Essa percepção nos fez procurar as razões de tal intolerância e o caminho<br />

mais promissor para a obtenção do resultado esperado foi reconstituir a experiência<br />

dessa população com tais “políticas públicas”, pois buscamos desviar nossa análise<br />

da explicação simplista e reducionista da idéia de “resistência” ou “reação”. Assim,<br />

procuramos escapar da “armadilha”, da “camisa de força” que considera que o povo<br />

só resiste, só reage e tentamos demonstrar que, na longa experiência desenvolvida<br />

com a varíola e seus métodos profiláticos e terapêuticos, determinadas camadas da<br />

sociedade local desenvolveram razões de sobra para amargar uma grande<br />

insatisfação, oposição ou intolerância <strong>à</strong>s políticas oficiais, especialmente <strong>à</strong> vacina.<br />

O corte cronológico escolhido envolve um período significativo para o<br />

entendimento do assunto, pois, além de envolver um período marcado por fortes<br />

epidemias: 1884, 1888, 1899-1901 e 1904; sendo revelador, pois marcado por um<br />

momento de tensão e de grandes preocupações com a varíola e as profilaxias e<br />

terapêuticas específicas, também é marcante haja vista que se estende até o<br />

período em que estava ocorrendo, no Rio de Janeiro, a chamada Revolta da Vacina,<br />

que teve repercussões em Belém, merecendo uma série de matérias na imprensa<br />

local, especialmente no jornal A Folha do Norte.<br />

Sendo assim, distribuímos o trabalho em três capítulos. O primeiro capítulo<br />

trata das epidemias de varíola que aconteceram em Belém, antes de 1884. O<br />

objetivo principal é mostrar a presença incômoda desta moléstia na capital paraense<br />

desde os tempos coloniais, para revelar aspectos de uma longa experiência com a<br />

referida doença e, conseqüentemente, suas alternativas de cura. Também neste<br />

capítulo procuramos demonstrar como a sucessão de epidemias de varíola<br />

estendendo-se pelo século XIX, colocou em ação a ideologia da higiene e seus<br />

7 Para uma discussão mais aprofundada sobre o isolamento dos infectados por lepra em Belém, ver:<br />

FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. “Assim como eram os gafanhotos, pajelança e confrontos culturais<br />

na Amazônia do início do século XX”. In: MAUÉS, Raimundo Heraldo & VILLACORTA, Gisela<br />

Macambira (org). Pajelanças e religiões africanas na Amazônia. Belém, Edufpa, 2006, p.52-102.<br />

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