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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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de Belém. Transitando por uma interpretação encaminhada por Michel Foucault,<br />

Roberto Machado elaborou uma dessas leituras, procurando esclarecer como teria<br />

ocorrido o que ele chamou de “medicalização da sociedade”. Neste modelo de<br />

análise, a horizontalidade dos poderes definiria o domínio e a subordinação de<br />

grupos excluídos através da construção de todo um aparato institucional repressivo,<br />

formado por escolas, quartéis e hospitais, em que o tema da saúde teve lócus<br />

privilegiado. Essa abordagem desencadeou diversos trabalhos que estudaram casos<br />

particulares de construção de uma nova ordem, de civilização e progresso nos<br />

trópicos.<br />

Machado (1978) avalia, por exemplo, como as condições higiênicas das<br />

cidades, no caso o Rio de Janeiro colonial, transformaram-se em tema para a<br />

administração pública brasileira. A delimitação desse processo se constitui a partir de<br />

uma periodização que se situa entre a criação da Sociedade de Medicina e Cirurgia<br />

do Rio de Janeiro, em 1829, e a ocorrência das primeiras epidemias de febre<br />

amarela, em 1850, e de cólera em 1855, na capital do Império, como marco inicial da<br />

adoção da problemática da doença e da saúde para fins de controle social. Com<br />

isso, a elevação nas taxas de mortalidade durante os períodos epidêmicos teriam<br />

despertado as autoridades para o problema da salubridade urbana, tornando a<br />

higiene um tema importante para a história do país.<br />

Outra abordagem importante sobre a questão da urbanização e da saúde<br />

foi elaborada por Jaime Benchimol que, em seu trabalho, descreve a ‘teia de<br />

relações’ que conferiu <strong>à</strong> renovação urbana do começo do século XX na capital<br />

federal um caráter de substituição. Neste sentido, um processo amplo de<br />

reformulação demarcou a transferência de áreas determinadas da cidade das mãos<br />

da população e classes consideradas subalternas para grupos sociais em ascensão.<br />

Para Benchimol (1992) iniciava-se uma política urbanística sistemática em que as<br />

obras de demolição e reconstrução foram suportadas por leis e determinações<br />

jurídicas que buscavam, ao mesmo tempo, cumprir as funções políticas de sede do<br />

Estado e cristalizar as exigências capitalistas da economia. Assim, partindo dos itens<br />

fixados pelo projeto presidencial de Rodrigues Alves, Benchimol (1992) aponta para<br />

um conjunto de ações complementares, que podem ser divididas em dois grandes<br />

grupos: interferências que visavam o aperfeiçoamento das relações comerciais<br />

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