JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...
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O professor Ruata acreditava que a vacina não preservava contra a<br />
moléstia. “O indivíduo quer vacinado quer não contrai igualmente a varíola, seja qual<br />
for o êxito da vacina não tem ela o poder de modificar o efeito dessa enfermidade”. A<br />
seguir faz uma listagem extensa de locais onde a varíola desenvolveu-se de forma<br />
epidêmica, mesmo com a população vacinada, chamando atenção para a guerra<br />
Franco–Prussiana de 1870, onde afirma que cerca de 500 mil prisioneiros foram<br />
internados e disseminados em toda a Alemanha. Disso resultou a mais cruel<br />
epidemia até então conhecida, como nunca houve em tempos anteriores <strong>à</strong><br />
vacinação. Só a Prússia perdeu 136830 pessoas, sendo que todas estavam<br />
vacinadas, afirma. Concluindo sua tese, o professor Carlos Ruata afirma:<br />
Poderei citar uma infinidade de epidemias demonstrando que a vacinação<br />
não preserva da varíola, nem por um dia, sequer; devendo tirar-se a<br />
conclusão das minhas pesquisas que os vacinados estão mais sujeitos <strong>à</strong><br />
varíola que os não vacinados. (A Folha do Norte, 17 nov 11. 1904, p.01)<br />
Assim, o professor Ruata afirma que como não se pode negar o fato de<br />
que tanto os vacinados como os não vacinados eram atacados pela varíola, partiu-se<br />
para a revacinação, que preservava por 10, 5 ou 3 anos. Tomar a vacina já se<br />
tornava difícil, buscar uma segunda dose, então, era bem mais complicado. Além<br />
disso, a necessidade de realizar a revacinação colocava ainda mais dúvidas acerca<br />
da eficácia do método jenneriano.<br />
Quanto a esta prática, da revacinação, a partir da primeira década do<br />
século XIX, esta gerou amplo debate, com divergências marcantes quanto a sua<br />
indicação, associado a questionamentos quanto <strong>à</strong> validade da vacinação. Segundo<br />
Fernandes (2003) começou a ser indicada como reforço para a dose inicial da<br />
vacina, diante de se ter constatado a desativação da imunidade adquirida na<br />
primeira inoculação. A revacinação configurou-se como um problema de difícil<br />
solução, naquele período, dado não só pelo desconhecimento do processo<br />
imunitário e do próprio agente viral, quanto ao fato da identificação de sua<br />
necessidade ser constatada somente através de experiências empíricas de cunho<br />
estatístico.