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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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em uma longa tradição cultural, ainda que tenha sofrido constantes reelaborações<br />

com o passar dos anos. Os grupos que ainda estavam ligados a essas crenças<br />

encaminhavam a sua própria concepção da doença e também da cura, para as quais<br />

encontravam uma explicação sobre-humana. Para esses grupos, diferentemente dos<br />

médicos e sua vacina, o ritual religioso devotado <strong>à</strong>s suas divindades era a forma pela<br />

qual se poderia combater a verdadeira causa dos males que afligiam os homens.<br />

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Embora não tenha ocorrido uma revolta semelhante em Belém, isso não<br />

quer dizer que as autoridades locais fossem mais tolerantes com as classes<br />

populares, com as chamadas “classes perigosas” por essa região, “ou que seus<br />

habitantes eram mais ‘ordeiros’, ‘passivos’”. Através dos jornais da época, dos<br />

relatórios, mensagens e falas de governo, dos abaixo assinados enviados ao poder<br />

público e outros documentos consultados percebe-se, mesmo que indiretamente, os<br />

conflitos estabelecidos quando a questão era a saúde pública, de acordo com<br />

Rodrigues ( 2008).<br />

Também devemos mencionar que a revolta do Rio de Janeiro repercutiu<br />

em Belém, pois, não podemos esquecer, que um dos líderes da liga contra a vacina<br />

obrigatória foi o então senador Lauro Sodré, um dos republicanos históricos no Pará,<br />

com atuação política intensa no estado, que na época vivia a polarização política<br />

entre “lauristas” e “lemistas” (partidários do Intendente municipal Antônio Lemos).<br />

Segundo Amaral (2006) os dois grupos eram representados na imprensa local,<br />

respectivamente, pelos jornais A Folha do Norte e A Província do Pará. Infelizmente<br />

não estão disponíveis no setor de microfilmagem da Fundação Cultural Tancredo<br />

Neves, em Belém, as edições de A Província do Pará deste período.<br />

A Folha do Norte, a partir do dia 15 de novembro e até o final deste mês,<br />

publicou artigos, notícias, informativos, ou seja, matérias diversas sobre varíola,<br />

vacina e a revolta que ocorria no Rio de Janeiro, com destaque para a reprodução<br />

de dois artigos publicados no Giornale d’Itália, assinado por Carlos Ruata, professor<br />

de higiene da Universidade de Perúsia. Pelo tamanho, os artigos foram divididos em<br />

três edições, começando no dia 15 e indo até 17 de novembro daquele ano. O título<br />

por si só já chamava atenção, pois era definido como “Campanha contra a<br />

Vacinação”, já que A Folha do Norte pretendia entrar no debate, que afirmava tratar-

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