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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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O debate historiográfico acerca do tema “Revolta da Vacina” foi bastante<br />

profícuo, permitindo a abertura de um longo caminho que propiciou o<br />

aprofundamento da investigação a respeito. Nesse campo cabe destacar o trabalho<br />

de Chalhoub (1996) que procurou resgatar a experiência com a vacina ao longo do<br />

século XIX, por parte da população carioca, tendo identificado a elaboração de uma<br />

cultura vacinofóbica responsável pela revolta popular contra a vacina.<br />

Assim, a introdução simultânea no país, a partir do início do século XIX,<br />

dos métodos de vacinação (científico) e variolização (popular), que eram<br />

confundidos, levou grande parte da população a uma preferência pela variolização,<br />

pois além de mais antiga, tradicional, possuía um cunho religioso agradável a cultura<br />

popular.<br />

O autor faz referência ao caráter doloroso do método de transmissão braço<br />

a braço da vacina e como os vacinados mudavam de endereço ou davam endereço<br />

falso no local de vacinação, para não terem que voltar após o oitavo/ nono dia.<br />

Essa vacinofobia derivava também da divergência do método Jenneriano<br />

dentro da própria comunidade científica, mostrando, com eficácia, que o debate entre<br />

doença e cura tem a sua própria historicidade. Muitos médicos renomados<br />

duvidavam da eficácia da vacina, achando que ela poderia transmitir aos homens a<br />

doença das vacas ou caracteres físicos dos quadrúpedes.<br />

A cultura afro-brasileira parece ter contribuído para a vacinofobia, pois faz<br />

associação entre doença-cura-divindades o que levava a uma percepção da vacina<br />

como confronto <strong>à</strong> vontade dos deuses. Chalhoub (1996) ainda cita o uso negativo da<br />

palavra vacina feito pela “malandragem” carioca da época: “vacinar” era sinônimo de<br />

esfaquear”. <strong>Da</strong>í o malandro esperto não se deixava vacinar.<br />

Com argumentação aproximada, Pereira (2002), entendeu a revolta como<br />

provocada por grupos diversos com motivações e concepções variadas sobre<br />

doença e cura. Assim como Chalhoub (1996) explora elementos da cultura afro-<br />

brasileira, pois considera que não se tratava de uma simples rejeição <strong>à</strong>s medidas<br />

impostas pelos médicos sanitaristas. Na verdade o autor considera que boa parte da<br />

população envolvida na revolta lançou mão de seus princípios identitários enraizados

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