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JAIRO DE JESUS NASCIMENTO DA SILVA Da Mereba-ayba à ...

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O primeiro registro efetivo da utilização da vacina em Belém ocorreu em<br />

1819 41 , quando a cidade, mais uma vez, era ameaçada pela presença da varíola.<br />

Então, o Conde de Villa Flor, governador da capitania do Grão-Pará, em 16 de<br />

setembro do ano em curso, baixou um Bando, que foi lido em voz alta por todos os<br />

cantos da cidade, ao som dos tambores, decretando que, depois de todas as<br />

diligências que lhe foram possíveis para introduzir aqui a vacina, pode finalmente<br />

conseguir “que um tão grande bem felizmente propagasse nesta cidade, tendo-se já<br />

vacinado mais de duzentas pessoas”. O Conde anunciava que podia assegurar aos<br />

habitantes desta capitania que a vacina jamais deixaria de existir, uma vez que todos<br />

procurem vacinar-se, e a mandar seus filhos, escravos e mais pessoas de sua<br />

família que ainda não tenham sido infectados pela varíola. O governador<br />

considerava a introdução da vacina medida decisiva para a erradicação da varíola e<br />

por isso destinava local e dias da semana, exclusivamente dedicados a aplicação<br />

mesma, sob a direção do físico-mor Antônio Corrêa Lacerda e dos cirurgiões que ele<br />

julgar necessários. Comunicava, ainda, que esperava não ser necessário empregar<br />

algum tipo de coação para que a vacina fosse aplicada. Apesar dos cuidados do<br />

Conde de Villa Flor em tentar difundir a vacina no Grão-Pará, o que se pode verificar<br />

é seu uso limitado, havendo tentativas mais enérgicas de propagação apenas nos<br />

períodos marcados por epidemias de varíola 42 .<br />

Em 15 de agosto de 1839, o presidente da província Bernardo de Souza<br />

Franco, em seu discurso de abertura da Assembléia Legislativa Provincial, anunciava<br />

mais uma vez a presença da varíola na capital e lamentava o uso limitadíssimo que<br />

41 Segundo Spix e Martius, o governo português já havia introduzido a vacina jenneriana em Belém do<br />

Pará antes da epidemia de 1819, mas nunca havia levado esse procedimento de vacinação<br />

realmente a sério na região, mesmo sabendo de sua eficiência, tendo comentado: "Pelo governo<br />

nunca foi seriamente imposta a vacinação, e passaram-se vários anos sem que se recebesse a linfa<br />

de Portugal ou da Inglaterra" (Spix e Martius, 1981, p. 39)As dificuldades enfrentadas no Pará,<br />

contudo, não chegaram a alcançar a corte no Rio de Janeiro, que já havia criado, desde 1811, a<br />

Junta Vacínica da Corte. Instituída por d. João VI, a Junta tinha por objetivo a difusão plena da<br />

vacina antivariólica na capital e nas províncias da corte. Como enfatizado, porém, por Fernandes<br />

(1999), a atuação da Junta foi extremamente inexpressiva diante dos problemas decorrentes da<br />

doença, tanto na capital como nas demais províncias.<br />

42 Após esta epidemia de 1819, a varíola continuou a fazer vítimas. A deficiente política de saúde<br />

pública prevalecente nessa época, em que não eram seguidas as práticas de isolamento dos<br />

doentes atacados pela doença e nem a desinfecção dos domicílios, contribuiu para a propagação<br />

da doença. A única providência adotada pelo governo era a fumigação com gás oximuriático pela<br />

cidade e arredores, cujos resultados eram nulos. Para maiores esclarecimentos ver: Vianna (1992,<br />

p. 177).<br />

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