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ESTRADA DE FERRO MARICÁ: PAISAGEM E ... - XII Simpurb

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vagão, havia passageiros com cavaquinho, violão, pandeiro, sanfona, entre outros<br />

instrumentos musicais, e as pessoas cantavam e dançavam, animando a longa viagem.<br />

As principais mercadorias que embarcavam na estação Bacaxá eram: limão,<br />

galinhas, bois e porcos, procedentes das muitas fazendas que existiam na região. Os<br />

moradores de Saquarema utilizavam o trem para ir a Niterói ou então de lá, chegar ao<br />

Rio de Janeiro através das barcas, os que moravam próximo à estação aproveitavam a<br />

parada do trem para vender cocada, bolo de milho e arroz doce. No período em que<br />

eram realizadas as festas de Nossa Senhora de Nazaré e Santo Antônio, as duas<br />

principais igrejas da cidade, os trens vinham lotados de fiéis que desembarcavam em<br />

Bacaxá.<br />

Quando a ferrovia foi desativada, Geni recorda que seu pai, influente político<br />

na cidade, conseguiu que o sino usado na estação para avisar a chegada do trem fosse<br />

instalado na igreja de Santo Antônio que ficava próximo a estação de Bacaxá. Além do<br />

sino, nada mais foi preservado, os trilhos foram retirados e a estação demolida.<br />

Helena de Oliveira é moradora de Ponte dos Leite, no município de Araruama,<br />

e recorda da intensa movimentação de pessoas existente na época em que a ferrovia<br />

existia. Havia armazém, farmácia, padaria, quitanda, açougue, cinema, clube de dança e<br />

as festas da igreja de Nossa Senhora do Rosário, sempre muito animadas, atraiam<br />

grande público. O armazém vendia de tudo um pouco, funcionando como principal<br />

fonte de abastecimento da região, e fazendo com que inúmeras pessoas se deslocassem<br />

de outras localidades em busca de suas mercadorias. O movimento ferroviário associado<br />

à produção das indústrias promovia grande agitação econômica, garantindo renda aos<br />

moradores da região. Aqueles que não estavam diretamente envolvidos nessas<br />

atividades aproveitavam para vender frutas, doces e refeições para os trabalhadores, ou<br />

seja, diretamente ou indiretamente todos estavam envolvidos na atividade de extração<br />

de sal, o que proporcionava grande fonte de renda para os moradores.<br />

Osvaldo Francisco Marinho trabalhou carregando os vagões da ferrovia com<br />

sal, barrilha, cal e gesso. Ele lembra que naquela época sempre havia oportunidades de<br />

trabalho e ganhava-se muito dinheiro. A senhora Melentina, filha do guarda-chaves da<br />

estação de Ponte dos Leite, ainda mora no bairro e lembra que passava um trem para<br />

Niterói às 9:00 e outro para Cabo Frio as 16:00. Seu marido era funcionário da ferrovia<br />

e participou da macabra operação de retirada dos trilhos. Quando a ferrovia foi<br />

desativada na década de 1960, as indústrias também encerraram suas atividades. Sem<br />

possuir um meio de transporte eficiente e com a crescente concorrência do sal vindo do<br />

nordeste, as indústrias fecharam as portas, deixando muitos desempregados.

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