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ESTRADA DE FERRO MARICÁ: PAISAGEM E ... - XII Simpurb

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Rangel é uma antiga moradora do centro da cidade de Maricá e cita alguns dos<br />

estabelecimentos comerciais que existiam próximo a estação, entre eles, estavam<br />

armazéns, bares, restaurantes, padarias, farmácia, barbeiro, quitanda, serraria, sapataria,<br />

loja de roupas, loja de materiais de construção, cartório e uma agencia bancária.<br />

Na própria plataforma da estação, também existiam comerciantes. Entre eles<br />

estava o Senhor Bruno, que vendia tecidos, bolsas, sapatos, carteiras, cintos, entre<br />

outros, segundo conta Heloisa, que também aproveitava a parada do trem para vender os<br />

doces e frutas colhidas na chácara de seu avô, Carlos Alberto de Abreu Rangel, as<br />

margens da estrada de ferro.<br />

Antigas chácaras, sítios e fazendas foram dando lugar a novas moradias. A<br />

facilidade de acesso promovida pela ferrovia, atraiu novos moradores, turistas e<br />

veranistas. A especulação imobiliária se intensificou a partir de 1940, transformando<br />

terras agrícolas em loteamentos. O município de Maricá começou a se transformar, de<br />

rural, para urbano. O principal fluxo de pessoas, vinha do Rio de Janeiro, que se<br />

encontrava em constante expansão, impulsionada pela indústria. 6<br />

Não foi apenas a região central da cidade de Maricá que se desenvolveu. Em<br />

Inoã e em São José de Imbassaí, onde também havia estações de mesmo nome, os<br />

núcleos urbanos se desenvolveram e passaram a servir como suporte às fazendas da<br />

região, fornecendo alimentos através de seus armazéns e mão-de-obra daqueles que ali<br />

residiam. Morador de Inoã, João Quintanilha, lembra saudosista das viagens que fazia<br />

nos trens da EFM. Recorda que os trens possuíam dois vagões de primeira classe e dois<br />

de segunda classe que ficavam sempre mais próximos à locomotiva. Quando viajava<br />

nos carros de segunda classe era comum sentir em determinado momento fragmentos de<br />

carvão em brasa, que saiam da locomotiva, queimar a pele.<br />

Em alguns trechos o trem conseguia desenvolver velocidades de cerca de 70<br />

km/h. Mas quando era reabastecido com água, demorava a retomar o embalo, a ponto de<br />

uma pessoa andando ao lado conseguir ultrapassa-lo. Os agentes estavam sempre bem<br />

uniformizados, e eram constantemente comparados a generais. O agente de estação<br />

vendia os bilhetes e usava o telégrafo para avisar a estação seguinte que o trem estava<br />

seguindo para lá. Outro funcionário muito lembrado era o “guarda-chaves”. Ele era<br />

responsável por operar os desvios, para que um trem pudesse cruzar com outro em<br />

segurança, já que havia apenas uma linha. Em Inoã, quando era necessário que dois<br />

trens se cruzassem, um deveria entrar em um desvio, lá existente, para que o outro<br />

passasse. Também em Inoã, havia duas fábricas de tijolos que movimentavam a região,<br />

6 MARTINS, 1986.

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