Ler - Hospital de Santa Maria
Ler - Hospital de Santa Maria
Ler - Hospital de Santa Maria
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Serviço, que começámos a mobilizar pessoas <strong>de</strong> fora do <strong>Hospital</strong> para fazerem<br />
voluntariado na Urgência».<br />
Ainda <strong>de</strong> acordo com o Professor Pádua, a simples presença <strong>de</strong>sses voluntários, que<br />
estavam confinados ao Serviço <strong>de</strong> Urgência, começou a provocar sérios incómodos aos<br />
profissionais que lá exerciam e, imagine-se, chegaram ao extremo <strong>de</strong> proibir a entrada<br />
das pessoas que altruisticamente só tinham por missão ajudar os doentes abandonados.<br />
Mas o Professor, sempre empenhado na <strong>de</strong>fesa das causas sociais, encontrou uma forma<br />
<strong>de</strong> solucionar, parcialmente, a contrarieda<strong>de</strong>: «Eu e o Professor Miguel Carneiro <strong>de</strong><br />
Moura, uma pessoa também muito sensível às causas humanitárias, nos dias em que<br />
estávamos <strong>de</strong> serviço à Urgência, porque eramos os responsáveis pelo “banco”,<br />
permitíamos a entrada dos voluntários, e assim, dois dias por semana, o Serviço <strong>de</strong><br />
Urgência passou a contar com a presença dos voluntariosos homens e mulheres no apoio<br />
aos doentes que ali acorriam».<br />
O Professor Fernando <strong>de</strong> Pádua, sempre imbuído no espírito que o caracteriza, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
fazer uma imperceptível pausa colou o olhar no vazio e afirmou-nos: «Aproveito esta sua<br />
entrevista para reafirmar que o nosso Serviço Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, pese embora dotado<br />
<strong>de</strong> excelentes condições assistenciais, apresenta uma falha que peca por não ser<br />
resolvida». E particularizou: «Des<strong>de</strong> o ano em que prestei provas para Professor<br />
Catedrático – 1967 –, que tenho vindo a informar os altos responsáveis pela área da<br />
saú<strong>de</strong> que só 15% da população recorre assiduamente aos hospitais. Ora, se os hospitais<br />
existem para tratar 15% das pessoas, é muito natural que as restantes, e estou a falar<br />
<strong>de</strong> um universo <strong>de</strong> 85% dos resi<strong>de</strong>ntes em Portugal, à mínima dor <strong>de</strong> cabeça procurem<br />
um hospital, o que daí resultam custos elevadíssimos para o Estado, quando estes casos<br />
podiam ser perfeitamente resolvidos com uma re<strong>de</strong> integrada <strong>de</strong> cuidados domiciliários.<br />
Actualmente estamos a assistir à criação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Familiares organizadas<br />
por alguns grupos <strong>de</strong> médicos e, na minha opinião, esta é uma das melhores respostas<br />
do Serviço Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> se aten<strong>de</strong>rmos a que estas Unida<strong>de</strong>s asseguram as<br />
necessárias consultas médicas, sejam nos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sejam no domicílio dos<br />
doentes. Com alguma vonta<strong>de</strong> e organização, seria possível, e até com redução <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>spesas, criar estruturas eficazes <strong>de</strong> cuidados primários», afirmou este Catedrático.<br />
E assim ficou apontada a falha maior do Serviço Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>scrição dos<br />
primeiros passos que conduziram à consagração da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>.<br />
8