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Ler - Hospital de Santa Maria

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A Associação dos<br />

Amigos do <strong>Hospital</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong><br />

comemorou o seu<br />

16º Aniversário<br />

Carlos Gamito<br />

carlos.gamito@hsm.min-sau<strong>de</strong>.pt


O Senhor Secretário <strong>de</strong> Estado Adjunto do Ministro da Saú<strong>de</strong>, Dr. Fernando Leal da Costa, no uso da palavra<br />

aquando do início da sessão comemorativa do aniversário da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong><br />

O 16º aniversário da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong> (AAHSM) –<br />

efeméri<strong>de</strong> assinalada no dia 18 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2012 – foi comemorado com uma sessão<br />

guarnecida <strong>de</strong> solenida<strong>de</strong> <strong>de</strong>corrida na Aula Magna da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Lisboa –<br />

<strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>.<br />

Presentes na cerimónia estiveram personalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> várias áreas da socieda<strong>de</strong>,<br />

nomeadamente o Senhor Secretário <strong>de</strong> Estado Adjunto do Ministro da Saú<strong>de</strong>, Dr.<br />

Fernando Leal da Costa, em representação <strong>de</strong> Sua Excelência o Ministro da Saú<strong>de</strong>, Dr.<br />

Paulo Macedo; o Senhor Prof. Doutor Fernando <strong>de</strong> Pádua, primeiro Presi<strong>de</strong>nte da AAHSM;<br />

Monsenhor Vítor Feytor Pinto; o Prof. Dr. João Álvaro Correia da Cunha, Presi<strong>de</strong>nte do<br />

Conselho <strong>de</strong> Administração do Centro <strong>Hospital</strong>ar Lisboa Norte; membros da Direcção da<br />

AAHSM; um elevado número <strong>de</strong> voluntários que integram o Corpo <strong>de</strong> Voluntariado da<br />

Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong> e profissionais da Instituição <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong>.<br />

2


Resumo <strong>de</strong> alguns discursos proferidos durante a sessão<br />

comemorativa<br />

O Dr. Fernando Morgado, Presi<strong>de</strong>nte da AAHSM, iniciou a sessão comemorativa com<br />

palavras assentes na extrema importância <strong>de</strong> todos darem as mãos e abraçarem a causa<br />

que encerra os propósitos da AAHSM e, com <strong>de</strong>terminação, afirmou: «A cidadania é um<br />

dos valores principais <strong>de</strong> qualquer comunida<strong>de</strong>».<br />

No uso da palavra, o Dr. Fernando Leal da Costa, Secretário <strong>de</strong> Estado Adjunto do<br />

Ministro da Saú<strong>de</strong>, manifestou-se congratulado com todas as acções <strong>de</strong> voluntariado<br />

<strong>de</strong>senvolvidas em qualquer instituição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>clarou que o Governo não tem<br />

condições para respon<strong>de</strong>r a todas as solicitações dos doentes, particularmente na<br />

prestação do acompanhamento espiritual e psicológico. Ainda no <strong>de</strong>curso da sua<br />

intervenção, este governante enalteceu o trabalho da Associação ao longo <strong>de</strong>stes 16<br />

anos <strong>de</strong> entrega a tantos que têm passado pelo <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>. A terminar,<br />

en<strong>de</strong>reçou, em nome do Governo, um sentido testemunho <strong>de</strong> gratidão à Associação dos<br />

Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>.<br />

O Prof. Doutor Fernando <strong>de</strong> Pádua, Presi<strong>de</strong>nte Honorário da AAHSM, sempre muito<br />

atento às carências sociais, centrou a sua breve alocução no que chamou «um notável<br />

trabalho que tem sido <strong>de</strong>senvolvido pelos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>»,<br />

Associação que ajudou a nascer, e, a dado momento da sua comunicação, este ilustre<br />

Catedrático, em forma <strong>de</strong> apelo, lançou um repto à AAHSM: «O <strong>de</strong>sempenho do Corpo <strong>de</strong><br />

Voluntários aqui <strong>de</strong>ntro do <strong>Hospital</strong> tem-se mostrado a todos os níveis brilhante, no<br />

entanto, porque não levar este mesmo espírito humanitário para lá dos portões do<br />

<strong>Hospital</strong>? Porque não <strong>de</strong>senvolver acções <strong>de</strong> sensibilização junto da população,<br />

nomeadamente sobre as doenças cardíacas, que continuam a matar<br />

indiscriminadamente? Vamos todos abrir os braços e ajudar os que sofrem. Se nós<br />

ajudarmos os outros, <strong>de</strong>certo que os outros também ajudarão a Associação dos Amigos<br />

do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>».<br />

Convidado a falar, o Dr. João Azevedo Neves, Vice-Presi<strong>de</strong>nte da AAHSM, aludiu no seu<br />

discurso à preocupante situação <strong>de</strong> financiamento da Associação, o que no dizer <strong>de</strong>ste<br />

responsável são adversida<strong>de</strong>s que estão em linha com as actuais dificulda<strong>de</strong>s económicas<br />

transversais ao País. Mas mesmo consi<strong>de</strong>rando as acentuadas contrarieda<strong>de</strong>s instaladas,<br />

o Dr. Azevedo Neves fez questão <strong>de</strong> estabelecer um paralelo <strong>de</strong>monstrativo da<br />

sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas entida<strong>de</strong>s empresariais no que concerne a doações para causas<br />

humanitárias, como sendo a causa da AAHSM, e observou: «En<strong>de</strong>reçámos uma carta ao<br />

Senhor Rui Nabeiro – Cafés Delta – que nos respon<strong>de</strong>u em menos <strong>de</strong> uma semana, isto<br />

ao contrário <strong>de</strong> outros grupos empresariais que, ou simplesmente não respon<strong>de</strong>m, ou<br />

3


limitam-se a informar que por falta <strong>de</strong> verbas não estão em condições <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r fazer<br />

doações, mesmo estando em causa a sustentabilida<strong>de</strong> da nossa e <strong>de</strong> outras Associações<br />

congéneres». E rematou: «É importante que todos, sem excepção, aju<strong>de</strong>m as Bolsas <strong>de</strong><br />

Voluntários, sejam ou não do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>».<br />

No prosseguimento das intervenções, a Dra. Paula Guimarães, Directora do Gabinete <strong>de</strong><br />

Responsabilida<strong>de</strong> Social do Montepio Geral, subiu ao púlpito e, em nome da Fundação<br />

Montepio Geral – a maior Associação <strong>de</strong> Voluntariado do País – começou por afirmar que<br />

as pessoas que se <strong>de</strong>dicam ao voluntariado são pessoas melhores e maiores. Depois<br />

lançou um olhar às várias acções que a Fundação <strong>de</strong>senvolve, nomeadamente em áreas<br />

da saú<strong>de</strong> como a Associação dos Diabéticos; Associação <strong>de</strong> Doenças Cardiovasculares,<br />

entre outras, e terminou com uma importante <strong>de</strong>claração: «A Fundação Montepio Geral<br />

está inteiramente disponível para colaborar com a AAHSM, não só em termos financeiros<br />

como na formação a ser ministrada aos voluntários da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>».<br />

O Dr. Carlos Costa, Governador do Banco <strong>de</strong> Portugal, não quis <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se associar a<br />

esta comemoração e mesmo sem tempo disponível ainda foi <strong>de</strong>ixar uma sentida palavra<br />

<strong>de</strong> apreço a todos os que abraçam a nobre causa que norteia os <strong>de</strong>sígnios da Associação<br />

dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>.<br />

Os discursos e apresentações iam-se suce<strong>de</strong>ndo, sempre enquadrados por palavras <strong>de</strong><br />

gratidão e apreço pelos gestos <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e espírito altruístico bem patente em<br />

cada voluntário da Associação.<br />

As cerimónias foram encerradas pelo Prof. Dr. João Álvaro Correia da Cunha, Presi<strong>de</strong>nte<br />

do Conselho <strong>de</strong> Administração do Centro <strong>Hospital</strong>ar Lisboa Norte, que na sua breve<br />

comunicação salientou estar instalado um escasso apoio social não só aos doentes em<br />

sofrimento bem como às dramáticas situações que vão tomando conta do País. E este<br />

Administrador usou uma expressão emblemática para terminar o seu discurso: «O<br />

<strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>, sem a Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong>, funcionaria do<br />

mesmo modo, mas não seria a mesma coisa».<br />

4


“Estas instituições acabam por apoiar o Governo, e ao apoiarem<br />

o Governo estão a apoiar os Portugueses”, disse-nos o<br />

Secretário <strong>de</strong> Estado Adjunto do Ministro da Saú<strong>de</strong><br />

O Dr. Fernando Leal da Costa, Secretário <strong>de</strong> Estado Adjunto do Ministro da Saú<strong>de</strong>, congratulou-se com as<br />

acções <strong>de</strong>senvolvidas pelas Associações <strong>de</strong> Amigos dos Hospitais<br />

Terminadas as evocações alusivas à efeméri<strong>de</strong>, instámos o Senhor Dr. Fernando Leal da<br />

Costa, Secretário <strong>de</strong> Estado Adjunto do Ministro da Saú<strong>de</strong>, sobre a atenção que<br />

merecem, por parte do Governo, as IPSS em geral e a AAHSM em particular. A resposta<br />

do governante não podia ter sido mais elucidativa: «A atenção que as Associações <strong>de</strong><br />

Apoio Social merecem, por parte do Governo, está expressa na nossa presença neste<br />

evento. Infelizmente, o Senhor Ministro da Saú<strong>de</strong> não teve disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agenda<br />

para participar nas comemorações do aniversário da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>, mas em sua representação, e com todo o gosto, estou eu. Nós,<br />

enquanto Governo, consi<strong>de</strong>ramos que as Associações <strong>de</strong> Amigos dos Hospitais<br />

<strong>de</strong>sempenham uma função absolutamente fundamental e insubstituível na ligação da<br />

comunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> todos os que se servem do hospital enquanto pessoas doentes, e, no<br />

5


caso da AAHSM, o nome é <strong>de</strong> todo apropriado, isto porque entre outras acções também<br />

faz voluntariado».<br />

Aten<strong>de</strong>ndo às dificulda<strong>de</strong>s financeiras com que estas Associações se confrontam,<br />

questionámos o Secretário <strong>de</strong> Estado sobre se o Governo não encontra um mecanismo<br />

que permita apoiar financeiramente as Ligas <strong>de</strong> Amigos dos Hospitais. A resposta foi<br />

conclusiva: «O apoio do Governo nestas matérias centra-se acima <strong>de</strong> tudo no<br />

encorajamento. Eu costumo dizer que estas instituições acabam por apoiar o Governo, e<br />

ao apoiarem o Governo estão a apoiar os Portugueses».<br />

A História dos primeiros passos da Associação dos Amigos do<br />

<strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong> aqui contada pelo Professor Fernando<br />

<strong>de</strong> Pádua e ainda apontada, por este Catedrático, a falha maior<br />

no Serviço Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

O Professor Doutor Fernando <strong>de</strong> Pádua, recuou no tempo e <strong>de</strong>ixou-nos a informação sobre os primeiros pilares<br />

que serviram <strong>de</strong> estrutura à obra por si ajudada a erguer, a Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong><br />

6


Voz cândida, pausada e imersa num semblante ornado pelo azul celeste da paz.<br />

Perguntar-nos-ia o leitor se uma entrevista começa com as adjectivações postadas no<br />

início <strong>de</strong>ste bloco <strong>de</strong> texto.<br />

Nós respondíamos: Começa!<br />

E começa porque o nosso entrevistado é o Senhor Professor Doutor Fernando <strong>de</strong> Pádua.<br />

Recordamos que o Professor Fernando <strong>de</strong> Pádua foi a primeira individualida<strong>de</strong> a tomar<br />

assento na ca<strong>de</strong>ira da presidência da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>,<br />

e é pela voz <strong>de</strong>sta ilustre figura que vamos observar como se escreve o historial, ainda<br />

que sintetizado, do sinuoso percurso da Associação até ao dia em que completou o seu<br />

16º Aniversário.<br />

«De facto, hoje comemora-se a data <strong>de</strong> oficialização da nossa Associação, no entanto as<br />

acções <strong>de</strong> voluntariado aqui no <strong>Hospital</strong> remontam ao ano <strong>de</strong> 1977/78». E o Professor<br />

explicou: «Tudo começou quando a minha mãe se sentiu mal e acorreu ao Serviço <strong>de</strong><br />

Urgência. Como à data eu ainda cá trabalhava, estive, como é natural, junto da minha<br />

mãe durante horas, e então fui confrontado com situações absolutamente dramáticas.<br />

Não imagina o número <strong>de</strong> pessoas que estavam <strong>de</strong>itadas em macas, <strong>de</strong>sesperadas e<br />

entregues a si próprias. Não tinham um único familiar ou acompanhante que lhes<br />

chegasse um copo com água. Os enfermeiros andavam numa correria a tentar ajudar<br />

toda aquela gente, os médicos <strong>de</strong>sdobravam-se pelos gabinetes para assistir os doentes,<br />

enfim, nesse aspecto era o quadro que ainda hoje se vive num Serviço <strong>de</strong> Urgência<br />

Central».<br />

As palavras do Professor Pádua iam sendo gravadas à cadência das emoções que, a cada<br />

sílaba, se instalavam no seio da informal mas ilustrativa conversa.<br />

O Professor continuou: «Quando fui nomeado Director do Serviço <strong>de</strong> Terapêutica Médica<br />

– à época era esta a <strong>de</strong>signação do Serviço – o que aconteceu quando ainda era um<br />

jovem médico mas já doutorado, o Serviço era composto por <strong>de</strong>zoito camas e pelas<br />

pare<strong>de</strong>s frias e completamente <strong>de</strong>spidas. Ou seja, condições, nomeadamente<br />

equipamentos para assistir os doentes, não existiam. Como é que resolvi? A sua<br />

pergunta é pertinente, e a minha resposta é muito simples: fui eu, os colegas do Serviço<br />

e alguns amigos que, com o aval <strong>de</strong> todos, assinámos letras <strong>de</strong> câmbio bancário e<br />

comprámos um aparelho <strong>de</strong> electrocardiografia e um televisor que foi instalado no<br />

Serviço. A televisão era a companhia dos nossos doentes. Mas ainda relativamente às<br />

acções <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> aqui no <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>, tudo começou com o episódio da minha<br />

mãe no Serviço <strong>de</strong> Urgência. Nessa altura senti que era importante e muito urgente<br />

mobilizar voluntários que ajudassem os doentes abandonados, e então fui eu, em<br />

conjunto com o Dr. António Alfaiate e a Senhora Enfermeira Ana Palma, ambos do meu<br />

7


Serviço, que começámos a mobilizar pessoas <strong>de</strong> fora do <strong>Hospital</strong> para fazerem<br />

voluntariado na Urgência».<br />

Ainda <strong>de</strong> acordo com o Professor Pádua, a simples presença <strong>de</strong>sses voluntários, que<br />

estavam confinados ao Serviço <strong>de</strong> Urgência, começou a provocar sérios incómodos aos<br />

profissionais que lá exerciam e, imagine-se, chegaram ao extremo <strong>de</strong> proibir a entrada<br />

das pessoas que altruisticamente só tinham por missão ajudar os doentes abandonados.<br />

Mas o Professor, sempre empenhado na <strong>de</strong>fesa das causas sociais, encontrou uma forma<br />

<strong>de</strong> solucionar, parcialmente, a contrarieda<strong>de</strong>: «Eu e o Professor Miguel Carneiro <strong>de</strong><br />

Moura, uma pessoa também muito sensível às causas humanitárias, nos dias em que<br />

estávamos <strong>de</strong> serviço à Urgência, porque eramos os responsáveis pelo “banco”,<br />

permitíamos a entrada dos voluntários, e assim, dois dias por semana, o Serviço <strong>de</strong><br />

Urgência passou a contar com a presença dos voluntariosos homens e mulheres no apoio<br />

aos doentes que ali acorriam».<br />

O Professor Fernando <strong>de</strong> Pádua, sempre imbuído no espírito que o caracteriza, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

fazer uma imperceptível pausa colou o olhar no vazio e afirmou-nos: «Aproveito esta sua<br />

entrevista para reafirmar que o nosso Serviço Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, pese embora dotado<br />

<strong>de</strong> excelentes condições assistenciais, apresenta uma falha que peca por não ser<br />

resolvida». E particularizou: «Des<strong>de</strong> o ano em que prestei provas para Professor<br />

Catedrático – 1967 –, que tenho vindo a informar os altos responsáveis pela área da<br />

saú<strong>de</strong> que só 15% da população recorre assiduamente aos hospitais. Ora, se os hospitais<br />

existem para tratar 15% das pessoas, é muito natural que as restantes, e estou a falar<br />

<strong>de</strong> um universo <strong>de</strong> 85% dos resi<strong>de</strong>ntes em Portugal, à mínima dor <strong>de</strong> cabeça procurem<br />

um hospital, o que daí resultam custos elevadíssimos para o Estado, quando estes casos<br />

podiam ser perfeitamente resolvidos com uma re<strong>de</strong> integrada <strong>de</strong> cuidados domiciliários.<br />

Actualmente estamos a assistir à criação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Familiares organizadas<br />

por alguns grupos <strong>de</strong> médicos e, na minha opinião, esta é uma das melhores respostas<br />

do Serviço Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> se aten<strong>de</strong>rmos a que estas Unida<strong>de</strong>s asseguram as<br />

necessárias consultas médicas, sejam nos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sejam no domicílio dos<br />

doentes. Com alguma vonta<strong>de</strong> e organização, seria possível, e até com redução <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>spesas, criar estruturas eficazes <strong>de</strong> cuidados primários», afirmou este Catedrático.<br />

E assim ficou apontada a falha maior do Serviço Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>scrição dos<br />

primeiros passos que conduziram à consagração da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>.<br />

8


O acompanhamento domiciliário dos doentes mais carenciados<br />

é o próximo passo da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong><br />

“Relativamente ao que está programado para o futuro próximo, estamos só na expectativa <strong>de</strong> encontrar mais<br />

pessoas que abracem a causa do voluntariado para, <strong>de</strong> imediato, organizarmos o acompanhamento domiciliário<br />

dos doentes mais carenciados que são assistidos aqui no <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>”, afirmou-nos o Dr. Fernando<br />

Morgado, Presi<strong>de</strong>nte da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong><br />

A nossa longa reportagem estava no fim, mas ainda nos faltava sentir a pulsação<br />

emocional do Homem, <strong>de</strong> seu nome Fernando Morgado, Presi<strong>de</strong>nte da Associação dos<br />

Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>, que abnegadamente se tem empenhado na subida,<br />

<strong>de</strong>grau a <strong>de</strong>grau, da íngreme escadaria que tem levado a Associação ao patamar mais<br />

alto das activida<strong>de</strong>s cunhadas pelo Voluntariado.<br />

E em discurso directo transcrevemos a entrevista possível feita ao Presi<strong>de</strong>nte da<br />

Associação: Dr. Fernando Morgado, <strong>de</strong>zasseis anos passados sobre a constituição jurídica<br />

da Associação, não lhe pedimos um balanço das acções até agora levadas a cabo,<br />

pedimos-lhe antes um diagnóstico do que foi feito e um prognóstico do que está<br />

programado vir a fazer. «É verda<strong>de</strong>, nem acredito que já tenham passado <strong>de</strong>zasseis<br />

9


anos. Quanto ao diagnóstico do que já realizámos, limito-me a recomendar que todos<br />

olhem para o trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelo extraordinário grupo <strong>de</strong> cidadãos que formam o<br />

Corpo <strong>de</strong> Voluntários da nossa Associação. Relativamente ao que está programado para o<br />

futuro próximo, estamos só na expectativa <strong>de</strong> encontrar mais pessoas que abracem a<br />

causa do voluntariado para, <strong>de</strong> imediato, organizarmos o acompanhamento domiciliário<br />

dos doentes mais carenciados que são assistidos aqui no <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong>».<br />

Entrega <strong>de</strong> medalhas e certificados aos voluntários<br />

Momento da entrega <strong>de</strong> medalhas e certificados aos Voluntários da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong><br />

<strong>Maria</strong><br />

Por ser <strong>de</strong> direito, publicamos os nomes dos voluntários agraciados com a medalha dos<br />

<strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> voluntariado ao serviço da Associação dos Amigos do <strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong><br />

<strong>Maria</strong>: Lucinda <strong>de</strong> Jesus, <strong>Maria</strong> Celeste Sousa, <strong>Maria</strong> Margarida Palha e Joaquina Augusta<br />

Pereira.<br />

Novos voluntários a quem foi entregue o respectivo certificado: Alcina <strong>Maria</strong> Tribuna; Ana<br />

Cristina Carpentier; Ana <strong>Maria</strong> Belo Pedro; Ana <strong>Maria</strong> Correia Curto; Ana Paula Santos;<br />

Ana Rita Baticã Ferreira; Bruna Bueno; Carla Alexandra Men<strong>de</strong>s; Carla Margarida Silva;<br />

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Carlos Domingos Saraiva; Cátia Pereira Brás; Daniela Filipa Marcão; Débora Horta;<br />

Ernesto Garrucho; Fernanda Adrião; Fernando Braga; Filipa Melo Raposo Mira; Francisco<br />

Assis Encarnação; Guilherme Jorge Fiúza; Ilda Catarino; Isabel Cristina Porfírio; João<br />

António Pires Silva; João Filipe Custódio; José Armando Oliveira Domingos; Kelly Sousa<br />

Soares; Luís Filipe Martins; Lur<strong>de</strong>s Oliveira Lavado; Márcio Carlos Assis; Margarida<br />

Castro Lopes; Margarida Oliveira Belo; Margarida Rocha Ribeiro; <strong>Maria</strong> da Guia<br />

Florentina; <strong>Maria</strong> Eulália Custódia; <strong>Maria</strong> Gabriela Pais; <strong>Maria</strong> Glória Cabrita; <strong>Maria</strong> Glória<br />

Lopes; <strong>Maria</strong> Graça Maia; <strong>Maria</strong> Helena Ribeiro; <strong>Maria</strong> Isabel Campos; <strong>Maria</strong> Júlia<br />

Simões; <strong>Maria</strong> Lucília Car<strong>de</strong>iro; <strong>Maria</strong> Nazaré Albogas; <strong>Maria</strong> Rita Duarte Monteiro; <strong>Maria</strong><br />

Rosa Clemente; Miquelina Jesus Lopes; Nádia Raquel Rei; Nélida Fonseca Fernan<strong>de</strong>s;<br />

Nuno Manuel Várzea; Olga Isabel Aba<strong>de</strong>; Paula E. Mesquita; Ricardo Jorge Assunção;<br />

Sandra Saragoça Quaresma; Sílvia Matil<strong>de</strong> Parda; Virgínia Silva Lima, e Zulmira da<br />

Conceição.<br />

As comemorações da efeméri<strong>de</strong> foram encerradas com a celebração <strong>de</strong> uma missa realizada na Capela do<br />

<strong>Hospital</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Maria</strong><br />

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