Discurso Luiz Fittipaldi Orador da 1º Turma de Medicina da FPS

proporcionais somente à ansiedade que o novo representava.
Tateamos o que era Aprendizagem Baseada em Problemas, termos desconhecidos, objetivos
de aprendizagem, tutoria, integração... Andamos no chão de terra e grama, vimos prédios
subirem, livros chegando, mensalidades também... e enfrentamos todo tipo de preconceito.
E nos unimos, nos organizamos. Conversamos e criamos. Comissões, caronas, abaixo-
assinados, festas, Diretório Acadêmico... Tudo novo, tudo pela primeira vez. E para tudo que
parecia sem solução, uma passadinha na sala do Professor Gilliatt poderia resolver.
Éramos espelho, exemplo para quem chegava. Verdadeira definição do que significa
Vanguarda.
O novo é mais sensível, aprende quase tudo que lhe é ensinado, seja certo ou errado. E quem
ensina, sabe a responsabilidade que tem.
E pouco a pouco, assumimos também como nossa essa responsabilidade.
Criamos a nossa imagem. Limpa, forte, e hoje: estabelecida. Respeitada.
Obtivemos excelência na avaliação do ENADE, balizando junto ao Ministério da Educação o
escore 4 no Índice Geral de Cursos, média obtida apenas por 6% das 2.176 faculdades
avaliadas no país. E mais do que resultados objetivos, aprendemos que fundamentalmente,
Medicina se faz com ética e compromisso.
Medicina se faz com amor.
E é no hospital, à beira de um leito, que se aprende o que é Medicina. É onde se aprende o que é
amor.
O dia 30/11/2011 foi o meu último enquanto estudante de Medicina. Já se aproximava do meio-
dia, quando o último paciente chegava para realizar seu internamento. Junto ao colega de turma
e amigo Francisco Monteiro fui realizar a anamnese e exame físico do paciente.
Após me ajudar a colher a história da doença do paciente, notei que Francisco olhava
insistentemente pela janela da enfermaria. Após terminar o exame físico e ter orientado o
paciente quanto ao seu tratamento, Francisco sugeriu que eu olhasse pela janela.
Lá embaixo, ocorria uma cena comum para nós, depois de 2 intensos anos enquanto internos:
Uma mãe alimentava seu filho, que aparentava ter em torno de 10 anos de idade e era portador
de alguma síndrome genética, com prejuízo motor e cognitivo. Ele estava sentado em uma a
cadeira de rodas colorida, e os dois dividiam uma pequena marmita, guardada num recipiente
de plástico azul.