Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
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esgoto a céu aberto, sem<br />
condições sanitárias a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s e<br />
constante falta <strong>de</strong> água. O<br />
transporte era precário, realizado<br />
por veículos sem segurança e sem<br />
autorização para transporte <strong>de</strong><br />
trabalhadores”. Também foi<br />
constatado atraso <strong>no</strong> pagamento<br />
<strong>de</strong> salários e o não recolhimento<br />
<strong>de</strong> Fundo <strong>de</strong> Garantia por Tempo<br />
<strong>de</strong> Serviço (FGTS).<br />
Na área industrial <strong>da</strong> usina, o<br />
Grupo Especial <strong>de</strong> Fiscalização<br />
Móvel i<strong>de</strong>ntificou excesso <strong>de</strong><br />
vazamento nas tubulações, alto<br />
<strong>de</strong> nível <strong>de</strong> ruído e presença <strong>de</strong><br />
bagaços <strong>de</strong> <strong>cana</strong> livres <strong>no</strong> ar<br />
(situação que po<strong>de</strong> provocar<br />
doenças respiratórias como a<br />
bagaçose), além <strong>da</strong> falta <strong>de</strong><br />
sistema <strong>de</strong> combate a incêndio,<br />
entre outras irregulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
Após a fiscalização, a Auditoria-<br />
Fiscal do Trabalho interditou os<br />
alojamentos e as frentes <strong>de</strong><br />
trabalho. Essa empresa já foi<br />
<strong>de</strong>nuncia<strong>da</strong> e autua<strong>da</strong> várias<br />
vezes por infringir <strong>no</strong>rmas <strong>de</strong><br />
proteção ao trabalhador, por<br />
atraso <strong>de</strong> pagamento <strong>de</strong> salários<br />
e <strong>de</strong>scumprimento <strong>da</strong>s <strong>no</strong>rmas<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e segurança do<br />
trabalho.<br />
Todos os a<strong>no</strong>s, centenas <strong>de</strong><br />
trabalhadores são encontrados<br />
em condições <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ntes <strong>no</strong>s<br />
<strong>cana</strong>viais: sem registro trabalhista,<br />
sem equipamentos <strong>de</strong> proteção,<br />
sem água ou alimentação<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, sem acesso a<br />
banheiros e vivendo em<br />
moradias precárias. Muitas vezes<br />
os trabalhadores precisam pagar<br />
por instrumentos como botas e<br />
facões. No caso <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
trabalho, não recebem<br />
tratamento a<strong>de</strong>quado.<br />
O setor sucroalcooleiro<br />
possui um histórico <strong>de</strong> violações<br />
<strong>de</strong> direitos trabalhistas.<br />
Arquivos do Ministério do<br />
trabalho mostram que o<br />
trabalho escravo tem sido<br />
recorrente na região. Por<br />
exemplo, em 12 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />
1997, ocorreu uma fiscalização na<br />
Destilaria Gameleira, <strong>no</strong> Mato<br />
Grosso, on<strong>de</strong> foram registra<strong>da</strong>s<br />
as seguintes ocorrências:<br />
“Alguns empregados<br />
informaram que trabalhariam<br />
em jorna<strong>da</strong> superior a 12 horas<br />
diárias, bem como em domingos<br />
e feriados. Foi encontrado o<br />
goia<strong>no</strong> Reginaldo Ferreira <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong>, trabalhador aliciado<br />
em Goiás, e que não suportando<br />
o clima <strong>de</strong> humilhação, pedira<br />
<strong>de</strong>missão e tivera como saldo<br />
apenas R$2,00. Fomos<br />
informados <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as formas<br />
<strong>de</strong> humilhação e coação a que<br />
vinham sendo submetidos 106<br />
trabalhadores aliciados em<br />
Goiás. A fiscalização dirigiu-se a<br />
<strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong> | 73<br />
<strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong> | 73