Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
lado amargo <strong>da</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar.<br />
52% dos trabalhadores<br />
libertados pelo Grupo Móvel do<br />
Ministério do Trabalho em<br />
condição análoga à escravidão,<br />
foram encontrados em usinas do<br />
setor sucroalcooleiro: 3.131 do<br />
total <strong>de</strong> 5.974. Outras formas <strong>de</strong><br />
exploração dos trabalhadores e<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito à legislação<br />
trabalhista também estão<br />
liga<strong>da</strong>s a esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dos<br />
casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito à legislação<br />
trabalhista que a CPT registrou,<br />
a imensa maioria está liga<strong>da</strong> ao<br />
setor <strong>da</strong> <strong>cana</strong>”. 147<br />
Alguns casos foram emblemáticos.<br />
Em julho <strong>de</strong> 2007, fiscais<br />
do Ministério do Trabalho libertaram<br />
1108 trabalhadores<br />
que faziam a colheita <strong>da</strong> <strong>cana</strong><br />
para a fazen<strong>da</strong> Pagrisa (Pará Pastoril<br />
e Agrícola S.A.), <strong>no</strong> município<br />
<strong>de</strong> Ulianópolis (Pará), localizado<br />
a 390 km <strong>de</strong> Belém.<br />
A OIT informou que: “De acordo<br />
com o auditor fiscal do trabalho<br />
e coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> ação, Hum-<br />
72 | <strong>Os</strong> <strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong><br />
berto Célio Pereira, havia trabalhadores<br />
que recebiam me<strong>no</strong>s<br />
<strong>de</strong> R$ 10,00 por mês, já que os<br />
<strong>de</strong>scontos ilegais realizados pela<br />
empresa consumiam quase tudo<br />
o que havia para receber <strong>de</strong> salário.<br />
O auditor informa ain<strong>da</strong><br />
que a comi<strong>da</strong> forneci<strong>da</strong> aos trabalhadores<br />
estava estraga<strong>da</strong> e<br />
havia várias pessoas sofrendo <strong>de</strong><br />
náuseas e diarréia. A água para<br />
beber, segundo relato dos empregados<br />
na fazen<strong>da</strong>, era a mesma<br />
utiliza<strong>da</strong> na irrigação <strong>da</strong> <strong>cana</strong><br />
e, <strong>de</strong> tão suja, parecia caldo <strong>de</strong><br />
feijão. O alojamento, <strong>de</strong> acordo<br />
com Humberto, estava superlotado<br />
e o esgoto corria a céu aberto.<br />
Vindos em sua maioria do<br />
Maranhão e do Piauí, não havia<br />
transporte à disposição dos trabalhadores<br />
para levá-los <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong><br />
ao centro <strong>de</strong> Ulianópolis,<br />
distante 40 quilômetros”.<br />
Outro caso semelhante ocorreu<br />
na Usina Debrasa, que utilizava<br />
trabalhadores indígenas<br />
como escravos. No dia 13 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro<br />
<strong>de</strong> 2007, o Grupo Especial<br />
<strong>de</strong> Fiscalização Móvel, composto<br />
por Auditores Fiscais do<br />
Trabalho, Ministério Público do<br />
Trabalho (MPT) e Polícia Fe<strong>de</strong>ral<br />
interditou esta usina, que pertence<br />
a Companhia Brasileira <strong>de</strong><br />
Açúcar e Álcool/Agrisul, em<br />
Brasilândia, município localizado<br />
a 400 quilômetros <strong>de</strong> Campo<br />
Gran<strong>de</strong>, <strong>no</strong> Mato Grosso do Sul.<br />
Segundo informações do<br />
Grupo Móvel, cerca <strong>de</strong> 800<br />
trabalhadores indígenas foram<br />
encontrados em condições<br />
<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ntes. O relatório afirma<br />
que os trabalhadores foram<br />
encontrados em “alojamentos<br />
precários e sem higiene, com