Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
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dirigindo-as para os ocea<strong>no</strong>s mediante a união<br />
dos rios que quase a <strong>de</strong>senham naturalmente,<br />
através dos portos <strong>de</strong> Tumaco (Colômbia),<br />
Esmeral<strong>da</strong>s (Equador), Paita (Perú), Manaus,<br />
Belém e Macapá (Brasil). A área <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> para o<br />
eixo é estima<strong>da</strong> em 4.5 milhões <strong>de</strong> km2 e conta<br />
com 52 milhões <strong>de</strong> habitantes”. 143<br />
Algumas <strong>da</strong>s obras previstas, que teriam<br />
e<strong>no</strong>rme impacto ambiental na <strong>Amazônia</strong> são o<br />
complexo hidroelétrico e hidroviário do Rio<br />
Ma<strong>de</strong>ira e a hidroelétrica <strong>de</strong> Belo Monte. Segundo<br />
o jornalista Igor Fuser, “Na <strong>Amazônia</strong> brasileira,<br />
que tem seu território incluído em quatro dos<br />
“eixos <strong>de</strong> integração”, a influência <strong>da</strong>s obras se<br />
esten<strong>de</strong>rá por 2,5 milhões <strong>de</strong> hectares, atingindo<br />
107 terras indígenas, cujos resi<strong>de</strong>ntes representam<br />
22% <strong>da</strong> população indígena brasileira. Outras 484<br />
áreas prioritárias para a conservação <strong>de</strong><br />
biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> também seriam afeta<strong>da</strong>s”. 144<br />
Em 2007, o gover<strong>no</strong> brasileiro lançou o PAC que,<br />
na prática, viabiliza mais recursos para a realização<br />
<strong>da</strong> IIRSA. Alguns dos projetos previstos são: a<br />
rodovia que ligará os municípios <strong>de</strong> Lábria e<br />
Humaitá <strong>no</strong> estado do Amazonas; a rodovia entre<br />
Manaus e Boa Vista (passando por territórios<br />
indígenas), on<strong>de</strong> está localiza<strong>da</strong> a Usina Jayoro; a<br />
BR 401 que ligaria Boa Vista até o município <strong>de</strong><br />
Normandia, com acesso ao porto <strong>de</strong> Georgetown<br />
na Guiana; a BR 317 que ligará Rio Branco a<br />
70 | <strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong><br />
Brasiléia, na divisa do Acre com o Amazonas; e a<br />
BR 364, que sairia <strong>de</strong> Sena Madureira até o Rio<br />
Liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, com acesso ao Anel Rodoviário <strong>de</strong> Rio<br />
Branco.<br />
A idéia é transformar Rio Branco <strong>no</strong> ponto <strong>de</strong><br />
escoamento <strong>de</strong> commodities do Mato Grosso, <strong>de</strong><br />
Rondônia e do Amazonas em direção aos portos<br />
do Pacífico. No Mato Grosso está prevista a<br />
construção <strong>de</strong> uma rodovia entre os municípios<br />
<strong>de</strong> Diamanti<strong>no</strong>, Sapeza e Comodoro, cujo objetivo<br />
é o escoamento <strong>da</strong> <strong>produção</strong> até os portos <strong>de</strong> Porto<br />
Velho, em Rondônia e Itacoatiara, <strong>no</strong> Amazonas.<br />
Há também um projeto <strong>de</strong> ampliação <strong>da</strong> BR 163,<br />
entre Cuiabá e Santarém; além <strong>da</strong> reabertura <strong>da</strong><br />
BR 319, entre Porto Velho e Manaus.<br />
Em Rondônia, o projeto prevê a construção <strong>da</strong>s<br />
hidroelétricas <strong>de</strong> Santo Antônio e Jirau. No Amapá,<br />
a previsão é o asfaltamento <strong>da</strong> BR 156, entre<br />
Oiapoque e Ferreira Gomes. No Pará, a principal<br />
obra é a BR 163, cujo objetivo é o escoamento <strong>da</strong><br />
<strong>produção</strong> agrícola para o porto <strong>da</strong> Cargill, em<br />
Santarém. Há ain<strong>da</strong> o projeto <strong>da</strong> BR 230, para<br />
interligar o Pará ao Tocantins, por on<strong>de</strong> seriam<br />
feitas as exportações <strong>de</strong> produtos do leste do Mato<br />
Grosso e do su<strong>de</strong>ste do Pará. 145<br />
O que vemos hoje na <strong>Amazônia</strong> é o avanço <strong>de</strong><br />
uma política volta<strong>da</strong> para os interesses <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
empresas nacionais e transnacionais, além <strong>da</strong><br />
continui<strong>da</strong><strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo pre<strong>da</strong>tório baseado <strong>no</strong><br />
latifúndio e na exploração <strong>de</strong> bens naturais. Neste<br />
processo, a auto<strong>no</strong>mia do país para a utilização <strong>de</strong><br />
suas terras e seus recursos naturais, <strong>de</strong> acordo com<br />
as reais <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s do povo brasileiro, é coloca<strong>da</strong><br />
em cheque. Esta política integra um complexo<br />
econômico agrícola, industrial, financeiro e<br />
comercial, mo<strong>no</strong>polizado por empresas como<br />
Cargill, ADM, Monsanto, Bungue, Dreyfus,<br />
Syngenta, Basf, Coca Cola, Bayer, Vale do Rio Doce,<br />
Votorantim, Alcoa, O<strong>de</strong>brecht, entre outras. No<br />
setor <strong>de</strong> agrocombustíveis, verifica-se ain<strong>da</strong> a<br />
integração <strong>da</strong>s indústrias automobilística,<br />
petroleira e do capital financeiro internacional.<br />
143 Observatorio Lati<strong>no</strong>america<strong>no</strong> <strong>de</strong> Geopolítica, Territoriali<strong>da</strong>d <strong>de</strong> la dominación<br />
Integración <strong>de</strong> la Infraestructura Regional Su<strong>da</strong>meri<strong>cana</strong> (IIRSA), estudo <strong>de</strong> Ana Esther Ceceña, Paula Aguilar e Carlos Motto.<br />
144 Infra-estrutura a serviço do gran<strong>de</strong> capital, Igor Fuser, Texto publicado <strong>no</strong> Le Mon<strong>de</strong> Diplomatique Brasil, Março 2008, pgs. 12/14.<br />
145 Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s <strong>de</strong> formação nº 4 . Fase <strong>Amazônia</strong>. 2007.