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Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...

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<strong>da</strong> família. Ele consegue plantar alguma coisa <strong>no</strong><br />

seu sítio para garantir o sustento <strong>da</strong> família, mas não<br />

há incentivo para a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> alimentos. 117<br />

De acordo com a agrô<strong>no</strong>ma Maria Mag<strong>da</strong>, <strong>da</strong> CPT<br />

– RO, é muito difícil para os peque<strong>no</strong>s agricultores<br />

conseguirem linhas <strong>de</strong> crédito para produzir<br />

alimentos. O Estado apóia somente os gran<strong>de</strong>s<br />

fazen<strong>de</strong>iros que expan<strong>de</strong>m os mo<strong>no</strong>cultivos.<br />

Segundo ela, “qualquer tipo <strong>de</strong> mo<strong>no</strong>cultivo é<br />

<strong>de</strong>strutivo em <strong>no</strong>ssa região, pois causa <strong>de</strong>struição<br />

do solo, <strong>da</strong>s nascentes dos rios e <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>”.<br />

Êxodo rural<br />

Segundo João Afonso, coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong> CPT em<br />

Rondônia, a expansão do agronegócio <strong>no</strong> estado<br />

se intensifica a partir dos a<strong>no</strong>s 90, como uma <strong>no</strong>va<br />

fronteira agrícola a partir do Mato Grosso. Essa<br />

expansão coinci<strong>de</strong> com o êxodo rural. Na déca<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> 70, mais <strong>de</strong> 70% <strong>da</strong> população vivia <strong>no</strong> meio<br />

rural e atualmente essa situação se inverteu, pois<br />

hoje mais <strong>de</strong> 70% <strong>da</strong> população do estado está nas<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Essa política incentiva o <strong>de</strong>smatamento,<br />

que é feito com recursos públicos. <strong>Os</strong> projetos <strong>de</strong><br />

colonização permitiram a grilagem <strong>de</strong> terras por<br />

gran<strong>de</strong>s latifundiários, através do CATP. Essa<br />

grilagem foi regulariza<strong>da</strong> através <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s em<br />

cartórios <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> imóveis. Não há estímulo<br />

para o plantio <strong>de</strong> grãos pela agricultura camponesa<br />

e por isso o êxodo rural continua. A mentali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

colonial é reforça<strong>da</strong> por gran<strong>de</strong>s projetos <strong>de</strong> infraestrutura,<br />

através do Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Aceleração do<br />

Crescimento (PAC), como o Complexo do Rio<br />

Ma<strong>de</strong>ira, que complementa o mo<strong>de</strong>lo baseado na<br />

exportação <strong>de</strong> produtos primários, tanto agrícolas<br />

como minerais.<br />

Políticos locais têm feito pressão para que o<br />

gover<strong>no</strong> não proíba o cultivo <strong>de</strong> <strong>cana</strong> na <strong>Amazônia</strong><br />

62 | <strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong><br />

através do zoneamento. O senador Expedito Júnior<br />

(PR-RO) chegou a convocar o ministro <strong>da</strong><br />

Agricultura, Reinhold Stephanes, para discutir o<br />

tema na Comissão <strong>de</strong> Agricultura e Reforma<br />

Agrária do Senado. 118 Há forte lobby <strong>da</strong> banca<strong>da</strong><br />

ruralista <strong>no</strong> Congresso Nacional para que o<br />

gover<strong>no</strong> siga liberando a expansão <strong>da</strong><br />

agropecuária na região.<br />

Seguindo a mesma linha, o <strong>de</strong>putado estadual<br />

Luiz Claudio (PTN-RO) <strong>de</strong>clarou ao jornal Diário <strong>da</strong><br />

<strong>Amazônia</strong> que, “A intenção <strong>da</strong> ministra Marina Silva<br />

<strong>de</strong> proibir o plantio <strong>de</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar em to<strong>da</strong> a<br />

Região Amazônica e também <strong>no</strong> Pantanal reflete<br />

um péssimo hábito <strong>de</strong> muitos ocupantes <strong>de</strong> altos<br />

cargos em Brasília: tomar <strong>de</strong>cisões gerais, <strong>de</strong><br />

alcance nacional, sem <strong>da</strong>r o <strong>de</strong>vido valor às<br />

peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais, <strong>de</strong> Rondônia, diante do<br />

<strong>no</strong>ticiário <strong>de</strong> que o zoneamento agrícola para 2008<br />

excluirá o plantio <strong>da</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar em to<strong>da</strong> a<br />

região amazônica”. 119<br />

Parece que esse tipo <strong>de</strong> pressão tem <strong>da</strong>do<br />

resultados. Recentemente, o jornal O Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo, <strong>no</strong>ticiou que, “Às vésperas <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> um zoneamento agrícola que indicará on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>rá haver o plantio <strong>de</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar e quais<br />

serão as áreas <strong>de</strong> restrição, o ministro <strong>da</strong><br />

Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que é<br />

possível, do ponto <strong>de</strong> vista agronômico, o plantio<br />

em áreas <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>”. 120<br />

Para o pesquisador Evandro Ferreira, <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Acre (UFAC), “O ´dinheiro<br />

<strong>no</strong>vo´ <strong>da</strong>s usinas <strong>de</strong> açúcar e álcool que estão se<br />

instalando em Rondônia irá, sem a me<strong>no</strong>r dúvi<strong>da</strong>,<br />

contribuir <strong>de</strong> forma indireta para a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong><br />

milhares <strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> florestas nativas naquele<br />

Estado. E a <strong>de</strong>struição vai acontecer <strong>de</strong> forma legal<br />

ou ilegal, <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> conservação,<br />

como sempre aconteceu <strong>no</strong> passado”. 121<br />

115 Correio Braziliense, GOVERNO ESTUDA LIMITE PARA PLANTIO DA CANA, 27/8/07.<br />

116 Dados baseados em entrevista realiza<strong>da</strong> com Genair Capedini, membro do conselho <strong>da</strong> CPT, em Santa Luzia do Oeste, Rondônia, 24/07/2008.<br />

117 Dados baseados em entrevista realiza<strong>da</strong> com o trabalhador rural Nivaldo Martins, em Santa Luzia do Oeste, Rondônia, 25/07/2008.<br />

118 Agência Senado, Rondônia não aceita proibição do plantio <strong>de</strong> <strong>cana</strong>, 5/9/07. http://www.direito2.com.br/asen/2007/set/5/expedito-junior-rondonia-naoaceita-proibicao-do-plantio-<strong>de</strong>-<strong>cana</strong><br />

119 http://ambienteacrea<strong>no</strong>.blogspot.com/2007/11/<strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-aucar-em-rondnia.html<br />

120 O Estado <strong>de</strong> São Paulo, Ministro admite plantio <strong>de</strong> <strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-açúcar na <strong>Amazônia</strong>, 31/07/08.<br />

121 http://ambienteacrea<strong>no</strong>.blogspot.com/2007/11/<strong>cana</strong>-<strong>de</strong>-aucar-em-rondnia.html

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