Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...
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em Arcos e uma em Iguatama, além<br />
<strong>da</strong> expansão <strong>da</strong> <strong>produção</strong> em Lagoa<br />
<strong>da</strong> Prata. O cultivo <strong>de</strong> <strong>cana</strong> chega até<br />
a Zona <strong>de</strong> Amortecimento do<br />
Parque Nacional <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong><br />
Canastra, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> pelo Atlas <strong>da</strong><br />
Biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> em Minas Gerais<br />
como sendo <strong>de</strong> importância<br />
biológica extrema.<br />
O parque fica entre as<br />
nascentes do rio São Francisco e a<br />
bacia do Rio Gran<strong>de</strong>. A preservação<br />
<strong>da</strong> Zona <strong>de</strong> Amortecimento, ou<br />
área circun<strong>da</strong>nte ao parque, é<br />
essencial para garantir sua<br />
conservação. A <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> local causa<br />
gran<strong>de</strong> impacto, por seu potencial invasor, pelo<br />
intenso uso <strong>de</strong> agrotóxicos, entre outros. A Usina<br />
Itaiquara se instalou <strong>no</strong> município <strong>de</strong> Delfinópolis<br />
e plantou <strong>cana</strong> em áreas <strong>de</strong> preservação<br />
permanente, próximas ao gran<strong>de</strong> reservatório <strong>de</strong><br />
águas <strong>de</strong> Furnas.<br />
“A <strong>cana</strong> chega até a margem do reservatório;<br />
plantam <strong>cana</strong> praticamente <strong>de</strong>ntro d’água.<br />
Desmataram a área e praticaram queima<strong>da</strong>s, o que<br />
representa um gran<strong>de</strong> risco para to<strong>da</strong> a região. O<br />
Ministério Público moveu uma ação contra a<br />
empresa e esperamos que a área seja recupera<strong>da</strong><br />
em breve e que os responsáveis sejam punidos<br />
pelo <strong>da</strong><strong>no</strong> ambiental. È necessário que os órgãos<br />
competentes fiscalizem essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois a<br />
mo<strong>no</strong>cultura traz sérios problemas ambientais. O<br />
Brasil <strong>de</strong>veria priorizar uma agricultura<br />
diversifica<strong>da</strong>”, afirma Joaquim Maia Neto, Chefe<br />
<strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> do IBAMA responsável pelo Parque<br />
Nacional <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Canastra.<br />
O Secretário <strong>de</strong> Agricultura e Meio Ambiente<br />
do município <strong>de</strong> Luz, Dario Paulineli, <strong>de</strong>screve<br />
outros <strong>impactos</strong> na região. “A <strong>cana</strong> se expandiu<br />
rapi<strong>da</strong>mente <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s. A empresa Louis<br />
Dreyfus fez muitos contratos <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>mento<br />
com agricultores locais e o impacto ambiental foi<br />
e<strong>no</strong>rme. A usina aplica o vene<strong>no</strong> <strong>de</strong> avião e atinge<br />
os agricultores vizinhos e a população <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />
Desmatam ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> lei, árvores protegi<strong>da</strong>s por<br />
lei como o pequizeiro e a gameleira, plantam <strong>cana</strong><br />
perto <strong>da</strong>s nascentes dos rios, não respeitam os<br />
estudos <strong>de</strong> impacto ambiental. Muitos animais<br />
estão morrendo com a <strong>de</strong>vastação <strong>da</strong>s matas”.<br />
Arren<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> terras<br />
Para o agricultor Gaudi<strong>no</strong> Correia, não vale a<br />
pena arren<strong>da</strong>r a terra. “<strong>Os</strong> contratos são <strong>de</strong> 12 a<strong>no</strong>s<br />
e <strong>de</strong>pois disso a <strong>cana</strong> já acabou com tudo. A usina<br />
usa máquinas pesa<strong>da</strong>s para preparar a terra e causa<br />
erosão do solo. Depois queimam a <strong>cana</strong> e a cinza<br />
se espalha por to<strong>da</strong> a região. Eu não quis arren<strong>da</strong>r<br />
minha terra e estou cercado <strong>de</strong> <strong>cana</strong>. Aqui não tem<br />
mais terra para lavoura e por isso subiu tanto o<br />
preço dos alimentos. Meus vizinhos <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong><br />
produzir milho, feijão, café, leite e arren<strong>da</strong>ram a<br />
terra para a empresa Total. Eu ain<strong>da</strong> planto milho,<br />
feijão, e produzo leite, mas para o produtor o preço<br />
não aumentou, só para o atravessador e para a<br />
população. Ain<strong>da</strong> consigo produzir leite porque<br />
faço a ração. Se fosse comprar, não sobrava<br />
nenhuma ren<strong>da</strong>. O preço <strong>da</strong> ração aumentou 50%<br />
e fica difícil criar animais”.<br />
O agricultor Sebastião Ribeiro tem a mesma<br />
posição. “A usina insistiu, mas eu não quis arren<strong>da</strong>r<br />
minha terra. Meus vizinhos arren<strong>da</strong>ram e <strong>de</strong>pois<br />
ficaram com <strong>de</strong>pressão, porque é o mesmo que<br />
per<strong>de</strong>r a terra. O que vai acontecer se os<br />
<strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong> | 55