19.04.2013 Views

Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...

Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...

Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Violência contra povos<br />

indígenas<br />

Enquanto as empresas comemoram a e<strong>no</strong>rme<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> terras disponíveis para o<br />

mo<strong>no</strong>cultivo <strong>de</strong> <strong>cana</strong>, aumenta a violência contra<br />

o povo Guarani Kaiowá, que vive confinado, sem<br />

direito ao seu território. O Ministério Público<br />

Fe<strong>de</strong>ral estima que os Guarani- Kaiowá em Mato<br />

Grosso do Sul cheguem a 47 mil pessoas,<br />

representando a maior população <strong>de</strong> um povo<br />

indígena <strong>no</strong> país, e vivem em uma área <strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 20 mil hectares.<br />

A expansão do mo<strong>no</strong>cultivo <strong>da</strong> <strong>cana</strong> agrava o<br />

problema fundiário <strong>no</strong> estado. Segundo o<br />

Conselho Indigenista Missionário (CIMI), os povos<br />

Guarani-Kaiowá vivem em situação<br />

extremamente precária e a falta <strong>de</strong> terra gera<br />

sérios problemas sociais como morte <strong>de</strong> crianças<br />

por <strong>de</strong>snutrição, suicídios (principalmente <strong>de</strong><br />

jovens entre 12 e 18 a<strong>no</strong>s), alcoolismo e<br />

assassinatos. Estes povos têm sido alvo <strong>da</strong><br />

violência <strong>de</strong> latifundiários, com casos <strong>de</strong><br />

assassinatos e trabalho escravo <strong>no</strong> corte <strong>da</strong> <strong>cana</strong>.<br />

Segundo o relatório do CIMI, <strong>de</strong> 2007, “há registros<br />

48 | <strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong><br />

<strong>de</strong> quatro assassinatos <strong>de</strong> indígenas ocorridos em<br />

alojamentos <strong>de</strong> usinas”. 101<br />

O setor ruralista pressiona o gover<strong>no</strong> contra a<br />

<strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> territórios indígenas e agrava a<br />

situação <strong>de</strong> conflito <strong>no</strong> estado. O gover<strong>no</strong> estadual<br />

preten<strong>de</strong>, inclusive, mu<strong>da</strong>r a legislação para<br />

permitir que <strong>no</strong>vas usinas se instalem <strong>no</strong> Pantanal,<br />

na região entre as bacias dos rios Paraguai e<br />

Paraná. O projeto po<strong>de</strong> agravar ain<strong>da</strong> mais os<br />

conflitos por terra, além <strong>de</strong> aumentar a <strong>de</strong>struição<br />

do cerrado e a contaminação <strong>de</strong> rios e fontes <strong>de</strong><br />

água subterrâneas, incluindo o Aquífero Guarani.<br />

Segundo Alessandro Menezes, <strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Ecologia e Ação, “A mo<strong>no</strong>cultura <strong>da</strong> <strong>cana</strong> po<strong>de</strong><br />

alterar gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> <strong>Cerrado</strong>, comprometendo<br />

a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>sfigurando o entor<strong>no</strong> do<br />

Pantanal, região consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> Patrimônio <strong>da</strong><br />

Humani<strong>da</strong><strong>de</strong> pela Unesco”. 102<br />

Em junho <strong>de</strong> 2008, a Assembléia Legislativa<br />

aprovou uma lei que acaba com a distância mínima<br />

<strong>de</strong> 25 quilômetros entre as usinas. Isso significa<br />

que a mo<strong>no</strong>cultura <strong>da</strong> <strong>cana</strong> po<strong>de</strong> ocupar 70% do<br />

sul do estado, além <strong>de</strong> permitir a instalação <strong>de</strong><br />

um álcoolduto para transportar eta<strong>no</strong>l até o Porto<br />

<strong>de</strong> Paranaguá. 103<br />

As conseqüências climáticas, como a seca na<br />

região, já po<strong>de</strong>m ser verifica<strong>da</strong>s. No município <strong>de</strong><br />

96 Correio do Estado, Cana espalha-se por mais 51 mil hectares em MS, 31/08/07.<br />

97 Correio do Estado, Cana inflaciona preço <strong>de</strong> terras <strong>no</strong> Mato Grosso do Sul, 04/06/07.<br />

98 Comissão Pastoral <strong>da</strong> Terra, A expansão <strong>cana</strong>vieira em mato grosso do sul, artigo <strong>de</strong> Mieceslau Kudlavicz e Juliana Grasiéli Mota Bue<strong>no</strong>, junho <strong>de</strong> 2007.<br />

99 Diário do MS, 23/08/08.<br />

100 Diário do MS, 22/08/08.<br />

101 Jornal Peque<strong>no</strong>, Usinas <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>m índios <strong>no</strong> Mato Grosso do Sul, 15/04/ 08, http://www.jornalpeque<strong>no</strong>.com.br/2008/4/15/Pagina76789.htm

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!