19.04.2013 Views

Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...

Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...

Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Trabalho escravo<br />

Muitos trabalhadores vêm do Nor<strong>de</strong>ste, em<br />

condições <strong>de</strong> trabalho escravo, agenciados por<br />

“gatos”. Outros vêm do Pará, atraídos pela<br />

propagan<strong>da</strong> <strong>de</strong> “<strong>de</strong>senvolvimento” na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Já<br />

houve um surto <strong>de</strong> beribéri entre os trabalhadores<br />

<strong>no</strong> corte <strong>da</strong> <strong>cana</strong>. Essa doença é causa<strong>da</strong> pela fome,<br />

ausência <strong>de</strong> vitaminas e sais minerais na<br />

alimentação. O quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição dos<br />

<strong>cana</strong>vieiros é agravado pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física pesa<strong>da</strong><br />

e péssimas condições <strong>de</strong> higiene.<br />

O trabalhador Geraldo <strong>da</strong> Costa, migrante <strong>de</strong><br />

Alagoas, diz que a meta é cortar entre 8 e 12<br />

tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>cana</strong> por dia. Ele relata outros<br />

problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como dor <strong>no</strong> corpo e<br />

<strong>de</strong>smaios. Diz que a temperatura <strong>no</strong> campo é<br />

muito alta e que na época <strong>da</strong> queima <strong>da</strong> <strong>cana</strong> fica<br />

entre 48 e 50 graus.<br />

Alci<strong>de</strong>s Alves foi empregado <strong>da</strong> usina <strong>de</strong> 1991<br />

a 1999. Trabalhou <strong>no</strong> corte <strong>de</strong> lenha para alimentar<br />

a cal<strong>de</strong>ira, que consumia uma média <strong>de</strong> 25<br />

tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira por dia, e recebia R$ 3,50<br />

por tonela<strong>da</strong> <strong>de</strong> lenha corta<strong>da</strong>. Depois trabalhou<br />

65 http://www.paranegocios.com.br/anterior_cont.asp?id=1670<br />

32 | <strong>Os</strong> <strong>impactos</strong> <strong>da</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>cana</strong> <strong>no</strong> <strong>Cerrado</strong> e <strong>Amazônia</strong><br />

na portaria e <strong>no</strong> serviço <strong>de</strong> almoxarifado. Na<br />

portaria, trabalhava 24hs por dia sem folga, morava<br />

na usina e recebia um salário mínimo. Teve<br />

problemas na coluna, hérnia <strong>de</strong> disco, e foi<br />

afastado. Depois <strong>de</strong> fazer várias perícias, entrou<br />

com processo, mas ain<strong>da</strong> não conseguiu beneficio<br />

do INSS.<br />

Segundo a sindicalista Fátima Monteiro, houve<br />

uma <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong> trabalho escravo em 2006 e outra<br />

em 2003. Ela foi chama<strong>da</strong> para acompanhar a<br />

fiscalização <strong>da</strong> Delegacia Regional do Trabalho, mas<br />

a estra<strong>da</strong> que leva ao local foi interdita<strong>da</strong> pela<br />

usina, que impediu a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> fiscalização.<br />

Fátima diz que os trabalhadores têm medo <strong>de</strong> fazer<br />

<strong>de</strong>núncias porque há perseguição <strong>de</strong>ntro e fora<br />

<strong>da</strong> usina.<br />

É difícil <strong>de</strong>nunciar essa situação, porque os<br />

políticos fazem questão <strong>de</strong> mostrar a usina como<br />

empresa que traz progresso e recursos para a<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Porém, as usinas <strong>de</strong> <strong>cana</strong> são beneficia<strong>da</strong>s<br />

com isenção fiscal e outras formas <strong>de</strong> subsídios,<br />

como o perdão ou negociação <strong>de</strong> dívi<strong>da</strong>s com<br />

bancos públicos. Na <strong>Amazônia</strong>, muitas <strong>de</strong>ssas<br />

empresas foram instala<strong>da</strong>s em terras <strong>da</strong> União.<br />

66 O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, 7/10/07.<br />

67 O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, 7/10/07 http://www.mndh.org.br/in<strong>de</strong>x.php?Itemid=56&id=172&option=com_content&task=view<br />

“O amargo<br />

açúcar que<br />

adoça a<br />

Coca Cola.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!